Declaração de secretário para trocar carne por ovo foi 'infeliz', diz Dilma

Leandro Prazeres

Do UOL, em Brasília

A presidente Dilma Rousseff (PT) classificou como "extremamente infeliz" a declaração do secretário de política econômica do Ministério da Fazenda, Márcio Holland, que recomendou à população que trocasse o consumo de carne por frango e ovo para evitar a inflação.

"Mais que errada, foi infeliz", disse a presidente durante entrevista coletiva no Palácio da Alvorada, em Brasília, nesta segunda-feira (13).

A recomendação dada pelo secretário de política econômica na semana passada e foi utilizada pelo programa de TV do horário eleitoral gratuito do candidato à Presidência Aécio Neves (PSDB).

"Jamais [daria essa recomendação] porque eu acho que as pessoas têm direito de comer carne, ovo e comer frango", disse Dilma.

A presidente disse que a culpa pelo aumento no preço dos alimentos é da estiagem prolongada e afirmou que é natural que o fenômeno causasse inflação no setor.

"Havendo seca, afeta o  preço dos alimentos. Afeta aqui, nos Estados Unidos, em todos os lugares (…) Nesses casos é temporário e depois passa a ser estável. Não tem mágica a fazer", disse.

A presidente disse que, caso reeleita, adotará políticas "duríssimas" contra a inflação, mas não detalhou que medidas seriam e disse que o governo não faria controle de preços.

"Teremos uma política duríssima contra a inflação (…) mas querer que o governo tenha como impedir que em alguns momentos haja flutuação de preços, nós não podemos. Não temos como fazer. Não faremos jamais controle de preços", disse a presidente.

No última quarta-feira (8), o IBGE divulgou que a inflação acumulada nos últimos 12 meses até setembro dos últimos chegou a 6,97%, maior que o teto da meta, de 6,5%, e a maior desde outubro de 2011.

Comparação entre Aécio e Lula

A presidente também comentou a declaração feita pela candidata derrotada do PSB à Presidência, Marina Silva (PSB), que comparou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Aécio Neves, a quem declarou apoio no último domingo (12).

"Acho uma comparação infeliz tanto quanto essa do secretário de política econômica (Márcio Holland). É tão desproporcional fazer uma comparação entre um líder político do porte do Lula e o candidato meu adversário, seja pela trajetória, seja pelas convicções, seja pelo que realizaram", disse Dilma.

Questionada sobre a proposta apresentada por Marina sobre o fim da reeleição, Dilma disse não acreditar que seja possível fazer um "governo efeitivo" em quatro anos.

"Acho que ninguém consegue fazer um governo efetivo em quatro anos. Em cinco, pode ser. Não sei", afirmou a candidata.

Dilma reagiu com desconfiança com relação à proposta que também foi defendida por Aécio.

"Eu quero saber em que condições. Quando? Como? Eu quero saber que negociação está pro trás… é uma negociação entre os tucanos? É uma negociação para aumentar para cinco e depois prorrogar? O que é esta proposta? É o tipo de proposta que tem que vir para a mesa clarinha", disse Dilma. 

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