Após rachar PSB, apoio de Marina a Aécio provoca saída de membros da Rede

Guilherme Balza

Do UOL, em São Paulo

Um grupo de integrantes da Rede Sustentabilidade deixou a organização por discordar do apoio do grupo e de Marina Silva (PSB) a Aécio Neves (PSDB), contra Dilma Rousseff (PT), no segundo turno das eleições presidenciais.

Ao menos sete integrantes da Comissão Executiva da Rede em São Paulo, que eram favoráveis à neutralidade no segundo turno, decidiram se afastar da organização.

São eles: Valfredo Pires, Marcelo Pilon (ambos coordenadores executivos), Emilio Franco Jr., Renato Ribeiro (ambos coordenadores de comunicação), Gérson Moura, Marcelo Saes (ambos coordenadores de finanças) e Washington Carvalho (coordenador de organização).

Alguns dos dissidentes integravam também o "Elo Nacional" da Rede, nome dado para a direção nacional da organização.

Na última quarta-feira (8), a Rede divulgou seu posicionamento com relação ao segundo turno, orientando os militantes a optar por Aécio ou então a votar em branco ou nulo.

Ontem (12), Marina declarou apoio a Aécio e até o comparou com Luiz Inácio Lula da Silva em 2002. A campanha tucana gravou o discurso de Marina para utilizar no horário eleitoral do tucano.

A ex-senadora chegou a estabelecer algumas condicionantes para o apoio, entre elas manter a Funai (Fundação Nacional do Índio) como o órgão responsável por demarcar terras indígenas, implantar políticas para a reforma agrária, além de questões mais genéricas, como adotar compromissos com a sustentabilidade e com as políticas sociais das gestões petistas.

Uma das exigências de Marina, de que Aécio abandonasse a proposta de reduzir a maioridade penal para crimes hediondos, foi ignorada pelo tucano.

Em nota divulgada hoje, assinada por dois porta-vozes, a Rede de São Paulo afirmou que não houve consenso com os dissidentes o que levou ao afastamento deles da Comissão Executiva Estadual.

"Lamentamos essa atitude e relembramos que parte dos membros que pediram afastamento também integra o Elo Nacional [direção nacional] e, desta forma, participou da decisão que hoje rejeita, manifestando-se na ocasião favoravelmente a sua aprovação", diz o texto.

Racha no PSB

O apoio a Aécio dividiu o PSB, sigla que abrigou Marina há um ano, quando a ex-senadora não conseguiu o registro da Rede na Justiça Eleitoral. Na semana passada, o PSB, que estiveram aliados ao PT de 2002 a 2013, no plano nacional, decidiu declarar apoio ao tucano.

Contrário ao apoio, o atual presidente da sigla, Roberto Amaral, acabou perdendo o posto e será substituído por Carlos Siqueira, escolhido em eleições internas realizadas hoje para substituí-lo. Fundador do PSB, Amaral foi ministro da Ciência e Tecnologia de Lula e sempre foi próximo ao PT.

Após ser preterido no comando da sigla, Amaral declarou apoio a Dilma e fez duras críticas ao correligionários, entre elas a de que já estão negociando ministérios num eventual governo tucano.

Antes de Amaral, a deputada federal Luíza Erundina (PSB-SP), favorável à neutralidade, já havia criticado a decisão do PSB, com o argumento de que apoiar o PSDB é incoerente com o discurso da nova política.

Os diretórios do PSB na Bahia, Acre, Paraíba e Amapá também apoiam Dilma. Nos dois últimos, o PT está na coligação que sustenta os candidatos ao governo --Ricardo Coutinho e Camilo Capiberibe.  No Acre, o PSB apoia a reeleição do petista Tião Viana, amigo de Marina.

O diretório de Pernambuco, a mulher de Eduardo Campos, Renata, e os filhos do ex-governador, declararam apoio a Aécio. A prima de Eduardo, Marília Arraes, integrante da juventude do PSB, declarou voto em Dilma.

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