Henrique Alves (PMDB) e Robinson Faria (PSD) disputam 2° turno no RN
Do UOL, em Maceió
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Estadão Conteúdo/Divulgação
Henrique Eduardo Alves (PMDB) e Robinson Faria (PSD) vão disputar o 2º turno do RN
A disputa pelo governo do Rio Grande do Norte ficou para o segundo turno entre os candidatos Henrique Eduardo Alves (PMDB), que é deputado federal, e Robinson Faria (PSD), vice-governador do Estado.
Apesar de Alves ter se mantido na liderança das pesquisas de intenção de voto durante a campanha, ele não conseguiu atingir mais da metade do número de votos válidos para eleger-se governador no primeiro turno.
Com 100% das urnas apuradas, o peemedebista terminou com 47,34% dos votos válidos, contra 42,04% de seu adversário do PSD. Na disputa pelo Senado, a vencedora foi Fátima Bezerra (PT), que conseguiu se eleger com 54,84% dos votos válidos.
O presidente da Câmara dos Deputados Henrique Alves, 65, conta com a força de uma chapa com 17 partidos, o que lhe valeu maior tempo de propaganda política na TV --9 minutos e 18 segundos contra 6 minutos e 33 segundos da coligação de Faria. A chapa formada ao redor de Alves incluiu o PSB, ele chegou a realizar caminhadas e carreatas ao lado do candidato à Presidência da República Eduardo Campos, morto em 13 de agosto.
Robinson Faria, 55, é vice-governador de Rosalba Ciarlini (DEM), que não concorre à reeleição. O Democratas desistiu de lançar um candidato próprio devido ao alto índice de rejeição da atual administração estadual. Rosalba obteve a pior avaliação entre os governadores do Brasil, segundo a pesquisa CNI/Ibope divulgada em dezembro de 2013.
Faria evitou associar sua imagem à da governadora durante a campanha. O fato de pertencer à atual gestão lhe rendeu ataques no horário eleitoral.
Campanha
Henrique Alves declarou que os gastos de sua campanha poderiam chegar a R$ 40 milhões, de acordo com dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Na declaração de bens, o deputado federal informou que possui R$ 12.414.019,98 distribuídos em imóveis, veículos, terrenos e ações em emissoras de televisão e rádio, além de um jornal em Natal. Uma das casas de Alves está declarada que vale R$ 3,4 milhões e está situada em Natal.
Robinson Faria declarou ao TSE que os gastos de campanha poderiam chegar a R$ 18 milhões. Na declaração de bens, o vice-governador informou que possui R$ 8.333.819,99 distribuídos em imóveis (casas e apartamentos), veículos, fazendas, terrenos e ações em emissora de rádio. Na declaração constam 50 apartamentos no valor total de R$ 4 milhões localizados em Parnamirim (Grande Natal).
Advogados
Formado em direito pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), Henrique Eduardo Lyra Alves iniciou sua carreira política por influência do pai, Aluísio Alves, cassado por meio do Ato Institucional Nº 5, na época da ditadura militar. Em 1969, Henrique Alves se filiou ao extinto MDB (Movimento Democrático Brasileiro) e se elegeu pela primeira vez deputado federal em 1970. Entre 1980 e 1982, Alves foi filiado ao PP. Em 1982, uniu-se ao PMDB. Já foi eleito deputado federal pelo Rio Grande do Norte por 11 vezes (1970 e reeleito em 1974, 1978, 1982, 1986, 1990, 1994, 1998, 2002, 2006 e 2010), Ele se tornou presidente da Câmara no ano passado selando um acordo feito no início de 2011 pelo qual PT e PMDB fariam um rodízio na presidência.
Robinson Mesquita de Faria é formado em direito pela UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte). Em 1986, ele foi eleito o deputado mais jovem do Estado. Durante 24 anos foi deputado estadual e nos últimos dois mandatos exerceu a Presidência da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte. Nas eleições de 2006, foi o segundo deputado mais bem votado do país, em números proporcionais, com 70.782 votos. Em 2010, Robinson Faria foi eleito vice-governador do Rio Grande do Norte na chapa liderada pela então senadora Rosalba Ciarlini (DEM).
Nos últimos anos, Robinson presidiu debates sobre agronegócio, a instalação de uma refinaria de petróleo e a construção do Aeroporto Internacional de São Gonçalo do Amarante --que estava projetado há mais de 14 anos e iniciou as operações em junho deste ano.
Desafios
O novo governador do Rio Grande do Norte vai administrar um Estado com 3,4 milhões de habitantes, segundo projeção do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em 2014. Dados do mesmo instituto divulgados no ano passado apontam o Rio Grande do Norte como o segundo Estado do Nordeste com pior distribuição de riquezas e o oitavo pior do país. O PIB (Produto Interno Bruto) é de R$ 36,1 bilhões, porém, segundo o Índice de Gini --instrumento para medir o grau de concentração de renda em determinado grupo--, 60% dessa riqueza está concentrada nos municípios de Natal, Parnamirim (Grande Natal), São Gonçalo do Amarante (Grande Natal), Mossoró e Guamaré, estes dois últimos municípios produtores de petróleo.
Entre 2001 e 2006, a renda mensal das famílias potiguares cresceu 71% e é considerada a mais alta do Nordeste com valor médio de R$ 1.203. Se a renda melhorou, há desafios grandes em relação à segurança pública e à saúde.
No Mapa da Violência 2014, o Rio Grande do Norte aparece com 34,7 homicídios por cem mil, o 14º pior índice entre as capitais brasileiras, em números de 2012. O índice de mortalidade infantil é de 20,6 mortes a cada mil nascidos vivos, enquanto no País é de 14,40 para cada mil nascidos vivos, de acordo com dados do IBGE em 2010.
Na enquete do "Esperançômetro", do UOL, mais de 48% dos internautas do Rio Grande do Norte indicam que o que mais esperam que melhore no Estado é a segurança pública. Em seguida, vêm atendimento de saúde, com 21%, e qualidade de ensino, 13%.
Na proposta de governo de Henrique Alves, registrada no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), o deputado federal destaca várias ações para a segurança do Estado. A primeira delas é ampliar o efetivo da Polícia Civil no Estado. Segundo o documento, o candidato pretende identificar as raízes do tráfico de drogas para realizar iniciativas de "prevenção e repressão" e implantar um Sistema Unificado de Segurança Pública, dinamizando o funcionamento do Gabinete de Gestão Integrada da Política de Segurança Pública. Propõe também a implantação da "Linha Direta" e "Disk Denúncia Unificado", além de medidas preventivas, como retirar policiais de atividades burocráticas para otimizar e reforçar o trabalho nas ruas.
Sobre segurança pública, a proposta de governo de Robinson Faria destaca medidas como a integração das polícias, policiamento ostensivo e criação de polícia comunitária com centrais 24 horas instaladas inicialmente em Natal e Região Metropolitana e, depois, no interior. O texto cita também a necessidade de ampliar o número de vagas no sistema prisional e "a melhoria da qualidade do atendimento jurídico, educacional e laboral ao preso".
Sobre o quesito saúde, o programa do candidato Henrique Alves cita a regionalização de serviços de saúde e estruturação de uma rede de atendimento especializado de média complexidade para assegurar o tratamento integral dos usuários do SUS. Dentre outros itens, o programa destaca a implantação de um novo pronto-socorro em Natal com 350 leitos para desafogar o atendimento prestado pelo Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel, maior unidade de urgência e emergência pública do Estado.
O programa do vice-governador Robinson Faria inclui planos para recuperar a "malha de serviços do governo na área social". Há propostas para melhorar o atendimento dos hospitais estaduais de referência situados em Natal --Walfredo Gurgel, Giselda Trigueiro, Maria Alice Fernandes e José Pedro Bezerra--, bem como o Regional de Parnamirim --Deoclécio Marques de Lucena--, que sofrem com superlotação. O programa de governo aponta a regionalização como saída, com "construção e estruturação de regiões de saúde". O item qualidade de ensino não consta das propostas de Alves ou de Faria.
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