Ex-deputado da Arena, pai de Aécio Neves chegou ao norte de MG em 1978

Marina Amaral

Da Agência Pública

Reportagem da série "Cartas na Mesa", da Agência Pública, em que cidadãos brasileiros criticam os candidatos à Presidência da República

Pai de Aécio Neves, o advogado Aécio Ferreira da Cunha, também diplomado pela Escola Superior de Guerra em 1973, instalou-se no Norte de Minas Gerais em 1978, quando exercia o quarto mandato de deputado federal pela Arena, o partido criado pela ditadura militar para apoiá-la. Antes disso, em 1962, ele havia sido eleito deputado pelo PR com verbas do IBAD, o Instituto Brasileiro de Ação Democrática, sustentado por verbas dos Estados Unidos com intenção de derrubar o presidente João Goulart.

Depois do golpe, elegeu-se em 1967 pela Arena, partido em que permaneceu até 1983, quando os militares extinguiram o bipartidarismo (Arena e MDB). Foi então para o PDS, que continuou a ser esteio do regime. Mas votou contra o correligionário Paulo Maluf no Colégio Eleitoral que elegeu seu sogro, Tancredo Neves, o primeiro presidente civil do Brasil depois de 20 anos de ditadura militar, embora por eleição indireta.

Fundador do PFL (atual DEM) em Minas Gerais, Aécio Ferreira da Cunha assumiu um cargo no Conselho de Administração na Siderbras, a companhia siderúrgica do governo federal em 1987. Foi também presidente do Conselho de Administração do BNDES, nomeado pelo então presidente Itamar Franco, e membro do Conselho de Administração de Furnas e da Cemig até o seu falecimento. Suas cinzas estão na fazenda da família em Montezuma (MG), "à sombra de um pé de pequi", contam os vizinhos.

"O doutor Aécio era bom com a gente", diz Denivaldo Ferreira Carvalho, geraizeiro baiano que conheceu o pai do ex-governador em 1978 e conviveu com ele até a sua morte, em 2010. "Ele até puxou a luz da Cemig pra nós mesmo não podendo porque aqui já é Bahia", conta o agricultor, casado com a mineira Edite da Silva Carvalho e pai de cinco filhos. A família tem 15,5 hectares de terra (14,5 herdados do pai dele e um hectare doado pelo irmão de Edite) e um barzinho na frente da fazenda, no ponto em que ela se encontra com a divisa Minas-Bahia.

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