Se soubesse de irregularidade na Petrobras, teria demitido, diz Dilma

Do UOL, em São Paulo

  • André Coelho/Agência O Globo

    A presidente Dilma (PT), candidata à reeleição, participou de sabatina do jornal "O Globo"

    A presidente Dilma (PT), candidata à reeleição, participou de sabatina do jornal "O Globo"

A presidente Dilma Rousseff (PT), candidata à reeleição, declarou nesta sexta-feira (12) que teria demitido Paulo Roberto Costa se soubesse de alguma irregularidade envolvendo o nome do ex-diretor da Petrobras, que está preso sob acusação de envolvimento com o doleiro Alberto Yousseff. Costa foi diretor de Abastecimento e Refino da Petrobras entre 2004 e 2012.

"Se eu soubesse qualquer coisa do Paulo Roberto, ele teria sido demitido e investigado. Ele não era alguém próximo ao meu governo. Eu o tirei [do cargo] com um ano e quatro meses de governo. Eu não sabia o que ele estava fazendo, não era alguém que tinha afinidade nenhuma [comigo]", disse a candidata em sabatina do jornal "O Globo".

"As coisas não são descobertas facilmente nesse país sem investigação. A Petrobras tem órgãos internos e externos de controle, mas quem descobriu foi a Polícia Federal, investigando o doleiro [Yousseff]", disse, após ser questionada sobre o porquê de a estatal não ter constatado irregularidades.

Costa foi preso em março deste ano por tentar ocultar provas que o incriminariam. Solto em maio, foi preso novamente em junho e fez um acordo de delação premiada com a PF em agosto, o que possibilitaria redução de sua pena em caso de condenação.

Em depoimentos gravados feitos à polícia, ele cita, segundo a revista "Veja", ao menos 25 deputados federais, seis senadores, três governadores, um ministro de Estado e pelo menos três partidos políticos (PT, PMDB e PP), que teriam recebido propina de 3% do valor dos contratos da estatal. 

Apesar das acusações supostamente atingirem sua base política, que conta com PMDB e PP, Dilma disse que elas não afetam seu desempenho nas eleições, mesmo que sejam confirmadas pela investigação.

"Eu não temo esse tipo de revelação, porque isso não afeta nem a mim e nem a pessoas que tenho elevada consideração e apreço. Mas quem for afetado terá que ser punido. Tudo que emergir dessa investigação transformará o Brasil num país que pune e investiga", opinou a candidata.

Dilma também criticou a adversária Marina Silva (PSB), que afirmou ontem que o PT "colocou na Petrobras um diretor que assaltou" a estatal. Dilma aparece na liderança na última pesquisa Ibope, divulgada nesta sexta, com Marina em segundo lugar nas intenções de voto para o primeiro turno.

"É inadmissível ela dizer isso. Ela esquece que ficou 27 anos no PT e teve mandatos consecutivos, os quais ela deve à militância do partido. E ela ou foi membro de governo, ou integrante da bancada do Senado. No tempo em que não esteve, esse senhor não era mais da Petrobras. É uma fala por conveniência", atacou.

Autonomia do Banco Central

Em meio ao intenso debate com Marina Silva sobre o poder de decisão do Banco Central, Dilma defendeu que a instituição tenha autonomia relativa. O programa de Marina prega a independência institucional do BC e promete recuperar o tripé macroeconômico, formado por meta de inflação, superávit primário e câmbio flutuante.

"Independência do Banco Central é o que está sendo proposto, mas independência no Brasil, só dos Três Poderes. Uma coisa é autonomia operacional, que não precisa de lei nenhuma. No governo Fernando Henrique Cardoso [PSDB], dois presidentes do BC foram demitidos. Isso é autonomia relativa, que eu defendo", afirmou.

Economia

Dilma afirmou também que teve uma política defensiva economicamente em relação à crise mundial. Questionada se mudaria sua condução da economia ou faria tudo igual em um eventual segundo mandato, Dilma afirmou que esse "tipo de colocação é estagnada". "A gente muda com a realidade. Assumo que tive uma política defensiva em relação a crise", afirmou.

A presidente afirmou ainda que acredita que é "grande a possibilidade de crescimento forte no segundo semestre do ano". "Gostaria de dizer o seguinte: é muito difícil falar em tendência. É muito difícil comparar um semestre com outro. As comparação pontuais são grandes armadilhas", disse.

Questionada como lidará com o baixo crescimento do país, Dilma afirmou que no passado quando havia crise o que se fazia era cortar salários e diminuir o ritmo de investimentos. "É impossível um país enfrentar a crise com esse 'modelito'", afirmou, destacando que um país não tem futuro se parar de investir. Ao ser confrontada com o ritmo em queda de investimento, Dilma disse: "imagina se a gente não tivesse se esforçado". (Com Agência Reuters e Estadão Conteúdo)

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