Tiririca usa carro para ironizar Brasília: "tem amassados, mas funciona"

Marcelo Freire

Do UOL, em São Paulo

O deputado federal Tiririca (PR-SP), candidato à reeleição, utilizou um Volkswagen Brasília para ironizar a capital federal e o trabalho dos parlamentares no horário eleitoral gratuito desta quinta-feira (28), exibido no Estado de São Paulo.

Tiririca abriu a propaganda dizendo que revelaria o que faz um deputado federal. "Trabalha muito e produz pouco. Mas, para ser um bom deputado federal, tem que conhecer Brasília", afirmou, mostrando o carro em seguida. "Tá aqui. Ninguém conhece Brasília mais que eu. Tem alguns podres, alguns amassados, mas funciona. Com toda podridão que tem, funciona. Agora eu quero melhorar, por isso peço seu voto."

Em seguida, ele se dirige ao telespectador e diz não ter entendido qual é a função do deputado, pedindo para que a cena com a Brasília fosse repetida. No fim, o candidato faz polichinelos e afirma que se trata de um "deputado em exercício".

A piada de Tiririca faz alusão a sua propaganda eleitoral em 2010, quando foi candidato e se elegeu pela primeira vez. Na época, ele afirmou no horário eleitoral: "o que é que faz um deputado federal? Na realidade, eu não sei, mas vote em mim que eu te conto." Ele também utilizou o bordão "pior que tá num fica", substituído por "tá com saco cheio da política? Vote no Tiririca" na campanha atual.

"Despolitizante"

Segundo Francisco Fonseca, professor de ciência política da FGV (Fundação Getúlio Vargas) de São Paulo, a estratégia de Tiririca é se associar ao senso comum "despolitizante" de parte da sociedade brasileira.

"Ele generaliza a vida política como algo sempre sujo, inútil, inócuo, voltado a interesses pessoais. Toma esse sentimento da sociedade e dá uma crônica em forma de humor, escrachada. Mas a ideia é essa", diz Fonseca, que faz uma ressalva. "A propaganda é diferente da atuação dele como deputado, defendendo os nordestinos e os artistas e sendo um parlamentar assíduo", opina.

O método de campanha de Tiririca encontra críticos entre os próprios humoristas. Reportagem do UOL publicada no início de agosto mostrou dois candidatos, que são comediantes, condenando a estratégia de tratar política como piada. Procurado à época, Tiririca não atendeu ao pedido de entrevista.

O humorista foi eleito em 2010 com 1,3 milhão de votos, ganhando uma vaga na Câmara Federal como o deputado federal mais votado do país.

Depois, sofreu uma acusação do Ministério Público Eleitoral de São Paulo de que seria analfabeto e, portanto, inelegível pelos critérios estabelecidos em lei. A ação foi anulada em novembro do ano passado, após ser analisada pelo STF (Supremo Tribunal Federal).

Nos primeiros dias de horário eleitoral, na semana passada, Tiririca provocou outra polêmica com suas brincadeiras. Ele foi ameaçado de processo pela Sony/ATV pelo uso não autorizado da música "O Portão", de Roberto e Erasmo Carlos, parodiada em sua propaganda.

Ele também imitou o próprio Roberto Carlos e fez piada com um comercial produzido pela Friboi com o cantor. A marca é do grupo JBS, até agora a maior doadora do PR, partido de Tiririca, nas eleições gerais de 2014. 

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