Análise: Alta de Marina deve segurar apoios, mas "fim de Aécio" é prematuro

Wellington Ramalhoso

Do UOL, em São Paulo

Analistas ouvidos pelo UOL entendem que o resultado da pesquisa Ibope divulgada nesta terça-feira (26) reflete o impacto do lançamento da candidatura da ex-senadora Marina Silva pelo PSB, que o bom desempenho da candidata pode resolver momentaneamente o racha do partido e a ruptura com aliados, mas que ainda é cedo para decretar tendências como o possível fim das chances de Aécio Neves (PSDB).

Para a socióloga Jacqueline Quaresemin, professora da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, Marina se fortalece neste momento por ser a novidade da campanha e por representar uma opção de mudança.

A manutenção dessa força, diz a professora, depende do conteúdo da campanha e das decisões da candidata em relação às alianças. "A campanha da Marina ainda não aconteceu. Ela vai ter que falar do campo de alianças e do projeto de governo", diz Jacqueline.

O PSB, lembra o cientista político Cláudio Couto, professor da Fundação Getúlio Vargas, possui pouco tempo de propaganda na TV, é fraco em muitos Estados e é um partido rachado.

Para ele, o bom desempenho na pesquisa Ibope deve ajudar Marina a resolver parte destes problemas.

O resultado, avalia o professor, tem potencial para segurar em torno da campanha correligionários do PSB e de aliados de outros partidos, até então insatisfeitos com a postura crítica da candidata em relação a alianças fechadas nos Estados pelo ex-governador Eduardo Campos. "Algumas pessoas [PSB e aliados] podem mudar de opinião [sobre a Marina]".

Na opinião de Cláudio Couto, é preciso esperar algumas semanas para avaliar o efeito do horário eleitoral gratuito sobre a preferência dos eleitores. As preferências, frisa o professor, podem mudar até o fim da campanha. "É muito cedo para decretar o fim do Aécio [Neves, candidato do PSDB]", exemplifica o cientista político.

Aécio apareceu em terceiro lugar na pesquisa Ibope, com 19% das intenções de voto. Marina tem 29%; e a presidente Dilma Rousseff (PT), candidata à reeleição, 34%.

Para Jacqueline e Couto, a pesquisa Ibope mostra claramente que Marina já conseguiu atrair eleitores que pretendiam votar em outros candidatos, inclusive em Dilma e Aécio.

A referência é a pesquisa anterior do instituto, divulgada em 7 de agosto. Na ocasião, a petista tinha 38%; e o tucano, 23%. Campos, então candidato do PSB, aparecia em terceiro lugar com 9%.

Campos morreu em um acidente com um avião em Santos, no litoral paulista, em 13 de agosto. Marina foi confirmada como sua substituta na cabeça da chapa na semana passada. Na primeira semana de exibição do horário eleitoral gratuito, o PSB ainda veiculou homenagens e referências a Campos.

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