No DF, candidatos priorizam ataques e propostas ficam em segundo plano

Do UOL, em Brasília

O debate sobre as propostas para o Distrito Federal ficou em segundo plano diante da troca de farpas e acusações entre os candidatos ao governo local durante debate promovido pelo UOL, em parceira com a "Folha de S.Paulo" e o SBT, nesta segunda-feira (25).

Quando as perguntas não começavam com ataques, as respostas invariavelmente terminavam neles, com pérolas como "discípulo da inverdade" e "personalidade da dissimulação". Alguns candidatos também polarizaram a discussão entre "direita" e "esquerda", acusando-se mutuamente de tentar favorecer adversário de linha ideológica mais parecida.

O socialista Toninho (PSOL) acusou o deputado federal Luiz Pitiman (PSDB) de sair em defesa do ex-governador José Roberto Arruda (PR). Este, por sua vez, rebateu dizendo que Toninho auxiliava o atual governador, Agnelo Queiroz (PT), candidato à reeleição. Também participou do debate o candidato do PSB, senador Rodrigo Rollemberg, que se manteve de fora do bate-boca.

Toninho acusou Pitiman de querer transformar o Distrito Federal "em uma grande empresa". E acrescentou: "Candidato Pitiman, você realmente é um político do passado. Você faz parte dos setores de extrema direita que querem voltar ao poder de toda forma para poder enriquecer mais (...) Tenho muito orgulho de ser um democrata socialista. Enquanto você estava nas Forças Armadas reprimindo o povo, eu estava na rua lutando pelo povo".

Na sua vez, Pitiman revidava: "Você quer transformar o Estado com autoridade da esquerda radical. (...) O candidato rema, rema e não sai do lugar".

Saúde, apontada em pesquisas eleitorais como a área mais problemática, foi um dos temas mais questionados, mas os candidatos aproveitavam o tempo para acusar ou alfinetar o adversário. Muitas vezes, a resposta ficava no ar ou incompleta.

Preso durante o seu mandato em 2010 acusado de envolvimento no mensalão do DEM (seu partido à época), o ex-governador José Roberto Arruda (PR), que tenta voltar ao Palácio do Buriti, foi alvo frequente das críticas.

Arruda insistia em dizer que foi vítima de um golpe para tirá-lo do poder. "O Ministério Público Federal fez uma ação penal em que sou colocado como vítima de uma chantagem." Agnelo rebateu: "Foi o DEM, depois o [Joaquim] Roriz, agora sou eu o responsável pelo golpe. (...) Golpe foi desestabilizar toda a área administrativa da nossa cidade".

Na mesma moeda, Arruda devolvia o ataque: "Você está desesperado porque, se o golpe deu certo e você conseguiu ganhar por WO, agora está trêmulo. Você está olhando pro espelho. Devolveu dinheiro que recebeu de propina. Está lembrando da CPI do Cachoeira e da sua relação com ele, ou da casa que você comprou. Mas estou aqui para falar sobre propostas".

Em outro momento, questionado pelo Toninho sobre o que pretendia fazer diante da cassação da sua candidatura pelo TRE-DF (Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal) --TSE (Tribunal Superior Eleitoral) analisa amanhã seu recurso--, Arruda rebatia que não estava ali para "ofender ninguém" para, em seguida, insinuar ligação da ex-deputada federal Maninha (PSOL), que é mulher de Toninho, com as Farcs (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).

"Eu não quero entrar nos detalhes, no dinheiro das Farcs que veio para a Maninha. (...) Eu sei que fui vítima de um golpe, que os vídeos [em que aparece recebendo dinheiro] eram montados. Quero voltar a ser governador para concluir as obras que foram interrompidas."

E Toninho não deixou por menos. "A mentira não pode prosperar. Atitude fascista do Arruda (...) ao falar  sobre a Maninha e uma possível vinculação com as Farcs. Eu não sou ficha suja nem fui cassado do governo por corrupção. Você, sim."

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