SP: Candidatos atacam segurança e falta de água, mas evitam cartel do Metrô

Do UOL, em São Paulo

A falta de água no Estado de São Paulo e questões ligadas à segurança e ao aumento da criminalidade nas cidades paulistas foram os pontos mais discutidos no debate entre os candidatos a governador do Estado de São Paulo, realizado na tarde desta segunda-feira (25) pelo UOL, SBT, Folha de S.Paulo e Rádio Jovem Pan.

O governador e candidato à reeleição pelo PSDB, Geraldo Alckmin, participou de seu primeiro debate nesta segunda, após ter se ausentado do encontro realizado no último sábado (23) pela Rede Bandeirantes, em virtude de uma infecção intestinal.

Sua presença fez com que os pontos mais abordados durante o debate fossem as áreas mais sensíveis de sua gestão.

Quando falou sobre os índices de criminalidade e políticas de segurança do Estado, o tucano tratou de defender a atuação da Polícia Militar, a quem chamou de "firme e intolerante com o crime". Já Paulo Skaf, candidato do PMDB, afirmou que o o governador não deve viver no mesmo Estado que o restante da população. 

A falta de água que atinge São Paulo também reproduziu o mecanismo de ataque e defesa entre os debatedores.

O atual governador disse que é "notório" que São Paulo está passando por sua "maior estiagem dos últimos tempos", e que o Estado está fazendo o possível para gerir uma crise que tem causas climáticas.

Já para todos os outros candidatos, os problemas que levam à crise hídrica têm origem na falta de obras, de investimentos e de planejamento no sistema de abastecimento de água.

Um tema que ficou de fora dos principais embates entre os concorrentes foi o que trata sobre as denúncias e investigações sobre supostas ligações ilícitas entre governo estadual e empreiteiras que vencem contratos para realizar obras no Metrô de São Paulo.

O único candidato que citou o tema foi o candidato do PSOL, Gilberto Maringoni, que lembrou que as empresas investigadas no esquema (Queiroz Galvão e CR Almeida), são as principais doadoras do tucano, conforme mostrou reportagem do UOL do dia 15 deste mês.

Falta de água

Os candidatos ao governo de São Paulo discutiram a falta de água sem apresentar propostas concretas para amenizar a situação e promover soluções a médio e longo prazo.

Alexandre Padilha (PT) afirmou que não vai introduzir o rodízio de água em um eventual governo, enquanto o atual governador, Geraldo Alckmin (PSDB) citou a seca vivida no Estado como o principal problema, o candidato do PV, Gilberto Natalini, defendeu a sua participação no governo Alckmin -- em que teve a pasta de Recursos Hídricos, enquanto Gilberto Maringoni (PSOL) falou que a solução seria reestatizar a Sabesp.

Até março deste ano, o PV ocupou a secretaria estadual de Saneamento e Recursos Hídricos, que está ligada diretamente ao problema do desabastecimento. Em São Paulo, o partido é aliado do PSDB desde o governo José Serra (2007-2010).
 
Sobre a possibilidade de rodízio em um eventual governo petista, Alexandre Padilha disse ser nula. "Não farei. A primeira [medida] é realizar todas as obras. O governador (Geraldo Alckmin) foi alertado e [as obras] não saíram do papel. É preciso tirar do papel. O PSDB estuda, apresenta diagnóstico e não sai do papel. Nós realizamos. Vamos incentivar o reúso de água das chuvas, promover a proteção de mananciais. O Estado tem de ser líder", disse ele.
 
O governador Geraldo Alckmin lembrou que neste ano choveu menos da metade da pior seca anterior registrada em São Paulo e que o governo agiu em três frentes durante a crise: planejamento, realização de obras e conscientização da população.
 
"São Paulo foi o único Estado que deu bônus para quem reduzisse o consumo de água". Padilha rebateu: "Discurso não enche caixa de água de ninguém". Ele lembrou que regiões como Campinas e Guarulhos sofrem com a falta de água desde o início do ano.
 
O candidato do PV, Gilberto Natalini, defendeu a gestão de seu partido no governo Alckmin. "As obas que estão aí são fruto da gestão do PV. Se não chover até o fim do ano, vai faltar água para beber. Se não tiver chuva, não vai ter obra", disse ele.
 
Para Gilberto Maringoni (PSOL), a Sabesp precisa ser reestatizada. Atualmente, a empresa é de capital aberto, com ações na bolsa de Nova York. "Hoje, de 30 a 40% do lucro da empresa vai para engordar o especulador da Bolsa. É necessário reestatizar a Sabesp".

Mobilidade

Alckmin foi ironizado pelo candidato Laércio Benko quando o governador dirigiu a ele uma pergunta com o tema de "mobilidade urbana". Os investimentos do governo atual em metrô e trens também foram criticados pelo candidato Alexandre Padilha (PT).
 
A resposta de Benko a Alckmin foi direta: "É tirar do papel tudo aquilo que está no papel há 20 anos. Quando começou a obra do Rodoanel eu ainda tinha cabelo", disse ele, hoje totalmente careca.
 
"O Estado entrega 3 ou 4 km [de metrô] por ano. Estamos muito aquém. Em termos de mobilidade, há muitas ideias e poucas práticas. O ritmo muito devagar. Vou trabalhar de forma séria e correta para tirar esses projetos do papel", afirmou.
 
O governador se defendeu, apresentando dados sobre as linhas que atualmente estão em obras na capital paulista. "Temos três tatuzões operando simultaneamente. A linha 5 está em obras, vamos começar o trecho que vai para o ABC paulista", disse ele.
 
Benko disse que o discurso de Alckmin é o mesmo de outras eleições. "Parece 'replay' das outras campanhas. Concretamente não acontece nada. Por melhor pessoa que seja o governador, será que ele vai cumprir em quatro anos o que não fez em 20?", disse ele.
 
O candidato petista Alexandre Padilha também utilizou o tema de transporte em sua pergunta, dirigida a Walter Ciglioni (PRTB). O petista disse que a ideia é interligar todos os modais, inclusive com a criação de um bilhete único metropolitano, com 25% de desconto para os usuários. 
 
Padilha aproveitou para criticar Alckmin. Ele disse que o governo federal repassa recursos, mas que o governo paulista é lento. "Precisamos investir em transporte de massa nas regiões metropolitanas. Não ao ritmo das promessas não cumpridas pelo governador", afirmou.
 

Veja também

UOL Cursos Online

Todos os cursos