Com Marina na disputa, 6 dos 10 adversários de Dilma são ex-petistas

Guilherme Balza

Do UOL, em São Paulo

  • Arte UOL

    Os ex-petistas Marina Silva (PSB), Luciana Genro (PSOL), Eduardo Jorge (PV), Zé Maria (PSTU), Mauro Iasi (PCB) e Rui Costa Pimenta (PCO)

    Os ex-petistas Marina Silva (PSB), Luciana Genro (PSOL), Eduardo Jorge (PV), Zé Maria (PSTU), Mauro Iasi (PCB) e Rui Costa Pimenta (PCO)

Com a oficialização da candidatura da ex-senadora Marina Silva (PSB), a presidente e candidata à reeleição, Dilma Rousseff, terá seis ex-petistas entre seus dez adversários na disputa à Presidência da República. Além de Marina, já militaram no PT Luciana Genro (PSOL), Eduardo Jorge (PV), Zé Maria (PSTU), Mauro Iasi (PCB) e Rui Costa Pimenta (PCO) --os quatro últimos são fundadores do PT, inclusive.

A trajetória de Dilma é inversa a dos seus adversários ex-petistas. Enquanto os principais quadros de diversos segmentos da esquerda brasileira uniam-se em torno da fundação do PT em 1980, a presidente empenhava-se na construção do PDT (Partido Democrático Trabalhista), sigla de Leonel Brizola surgida em 1979.

Fundadas em um período de grande mobilização social, as duas siglas mantiveram, até o final da década de 90, uma relação conflituosa, em função de divergências programáticas e de disputas pela liderança da esquerda brasileira, personificadas nas figuras de Luiz Inácio Lula da Silva e Brizola.

Dilma só entraria no PT em 2001, curiosamente por conta de desentendimentos internos no PDT nas eleições municipais de Porto Alegre no ano anterior. A presidente e outros pedetistas defendiam que a sigla apoiasse Tarso Genro (PT), enquanto Brizola e a maior parte da legenda eram favoráveis à candidatura própria, de Alceu Collares, que acabou derrotado pelo petista no segundo turno.

Contrária a alianças com partidos de direita, a presidente apoiou o candidato vitorioso, mas o episódio resultou na saída dela e de outros pedetistas, acusados de traição por Brizola. "Venderam-se por um prato de lentilhas", disse o líder trabalhista na época.

O ingresso tardio de Dilma no PT provocou resistência de lideranças da sigla em torno do nome dela para a disputa eleitoral de 2010. A desconfiança, entretanto, foi suplantada pela chancela de Lula à sua ministra da Casa Civil.

Expulsões e rompimentos

Zé Maria e Rui Costa Pimenta, líderes de duas correntes trotskistas consideradas radicais pela cúpula do PT, foram expulsos no início da década de 90, em meio a um processo de reorganização interna capitaneado por José Dirceu. Já Luciana Genro, Eduardo Jorge e Mauro Iasi saíram do PT na primeira metade da década de 2000, quando Lula já governava o país. 

Ao contrário dos demais, Marina chegou a ser um dos quadros mais proeminentes do PT. Deixou o partido por discordar do modelo de desenvolvimento do governo Lula e se filiou ao PV para disputar as eleições presidenciais de 2010.  

Veja os ex-petistas que enfrentam Dilma
  • Eraldo Peres/AP
    Marina Silva (PSB)
    Marina foi do Partido Revolucionário Comunista, grupo que atuava como tendência interna do PT e do PMDB. Ela filiou-se ao PT em 1985 e foi vereadora, deputada estadual, senadora e ministra. Deixou o partido em 2009 e migrou ao PV para disputar as eleições de 2010. Em 2011, Marina fundou a Rede, que não obteve o registro eleitoral. Filiada ao PSB, disputará a Presidência no lugar de Eduardo Campos. Foto: Eraldo Peres/AP
  • Gisele Pimenta/Frame/Estadão Conteúdo
    Luciana Genro (PSOL)
    Filha de Tarso Genro, entrou no PT em meados da década de 80. Foi expulsa do partido em 2003, depois que votou contra a reforma da previdência, a exemplo de Heloísa Helena e Babá, e fundou o PSOL dois anos depois. No partido, integra a corrente Movimento Esquerda Socialista, a qual também fazia parte enquanto era filiada ao PT. Foto: Gisele Pimenta/Frame/Estadão Conteúdo
  • Adriana Spaca/Brazil Press/Estadão Conteúdo
    Eduardo Jorge (PV)
    Participou da fundação do PT em 1980 e teve cinco mandatos como deputado pelo partido. Foi secretário municipal da Saúde de São Paulo nas gestões de Luiza Erundina e Marta Suplicy. Em 2003, desfiliou-se do PT por conta de divergências com a cúpula do partido. No mesmo ano, filiou-se ao PV e de 2005 a 2012 foi secretário do Meio Ambiente de José Serra (PSDB) e Gilberto Kassab (PSD, à época do DEM). Foto: Adriana Spaca/Brazil Press/Estadão Conteúdo
  • UOL
    Zé Maria (PSTU)
    Metalúrgico, participou das greves do ABC e ficou preso com Lula. Participou da fundação do PT, mas desde o início já discordava do caráter "conciliador" do partido. A Convergência Socialista, tendência trotskista do PT liderada por Zé Maria, declarada extinta pela direção petista em 1992, em meio a um processo de reorganização do partido. Em 1994, fundou o PSTU, onde está até hoje. Foto: UOL
  • Taís Vilela/UOL
    Mauro Iasi (PCB)
    Deixou o PCB para participar da fundação do PT. Foi dirigente municipal e coordenador nacional da Secretaria Nacional de Formação. Integrou a equipe que coordenou a campanha presidencial de Lula em 1989. Em 2004, deixou o PT e retornou ao PCB, atualmente com linha mais à esquerda da adotada quando a sigla era conhecida como ?Partidão?. Foto: Taís Vilela/UOL
  • Divulgação
    Rui Costa Pimenta (PCO)
    Líder da corrente trotskista Causa Operária, que atuou no PT desde a fundação, e foi expulsa do partido em 1990 por ser considerada uma organização autônoma ao partido. Em 1992, o grupo integrou uma frente com a Convergência Socialista, mas acabou vetado por estes no processo de formação do PSTU. Em 1995, a corrente fundou o PCO (Partido da Causa Operária). Foto: Divulgação

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