Com 5%, Padilha aposta em TV e militância para chegar à média do PT em SP

Natália Peixoto

Do UOL, em São Paulo

  • Joel Silva/Folhapress

Com 5% nas pesquisas de preferência de voto às vésperas do início da propaganda eleitoral na TV --que começa na próxima terça-feira (19)--,  Alexandre Padilha, candidato petista ao governo de São Paulo, corre grande risco de ficar longe dos 30% históricos do PT nas urnas na disputa paulista.

A arrecadação de apenas R$ 188 mil, muito longe dos R$ 33 milhões em contratos a serem pagos pela campanha, se mostra mais um fator de descrédito a uma eventual arrancada do candidato.

O presidente do PT de São Paulo e coordenador da campanha de Padilha, Emídio de Souza, disse ao UOL que é natural o baixo desempenho do ex-ministro neste momento da eleição. "É típico de um candidato que não é conhecido. É natural, ele ainda precisa aparecer, se apresentar ao eleitor", afirma.

"Ele está concorrendo à primeira eleição da vida dele. É diferente de [Aloizio] Mercadante, que em 2010 já era senador", justifica. Nos bastidores, entretanto, a avaliação é que o ideal é que as intenções de voto estivessem em dois dígitos a esta altura da campanha, ou seja, pelo menos 10%.

Padilha sofre com a distância para o "nível histórico" do PT

Para o professor da Escola de Sociologia e Política de São Paulo Aldo Fornazieri, ainda é possível que Padilha fique longe dos 30% históricos do PT nas eleições estaduais, mas ainda é cedo para esse diagnóstico.

"Ele é um candidato desconhecido. Depois de 20 ou 25 dias depois que começar a campanha na TV você pode ver qual é real tendência", afirma. Emídio confirma a análise e diz que só em meados de setembro é possível se analisar uma tendência real.

Confrontado com o baixo desempenho no início da corrida eleitoral, Padilha exaltou sua trajetória política de ex-ministro da Secretaria de Relações Institucionais de Lula, de quem negou ser "um poste".

Candidato e partido usam Haddad para crer na viabilidade

"Não subestimem a força do Partido dos Trabalhadores. Há dois anos atrás, subestimaram e elegemos o [Fernando] Haddad aqui na capital, o Luiz Marinho em São Bernardo, o Sebastião Almeida em Guarulhos…", disse Padilha em sabatina ao jornal "O Estado de São Paulo" no início do mês.

Também desconhecido quando enfrentou as urnas pela primeira vez, Haddad tinha 6% das intenções de voto na disputa à Prefeitura, segundo pesquisa Ibope do dia 3 de agosto de 2012. Foi a primeira guinada do ex-ministro da educação na disputa, e ela aconteceu antes do início do horário eleitoral –no ar a partir do dia 21 de agosto daquele ano.

No caso da última disputa de Mercadante ao governo estadual, o petista já conhecido do eleitor paulista tinha 16% nas vésperas do início do horário eleitoral em 2010, segundo pesquisa Datafolha divulgada no dia 27 de agosto, há quatro anos.

 

PT sofre com a baixa arrecadação e aposta na força da militância

"Existe um espaço para o crescimento das oposições em São Paulo. No caso do Padilha, além da exibição na TV de suas propostas, uma forte campanha de rua me parece adequado. Como tem uma rejeição aos políticos, e o PT está desgastado, quanto mais próximo ao eleitor, melhor, mas sem discurso impositivo, com diálogo", analisa Fornazieri.

O cientista político também minimiza a importância da baixa arrecadação na campanha do PT paulista, e diz que o partido pode sim se recuperar. 

"O PT está sofrendo com uma arrecadação de recursos, com exceção do Delcídio Amaral (MS), não é só o Padilha. Ainda existe um rescaldo do mensalão, e o capital, os empresários, querem derrubar o PT do poder", diz Fornazieri. "O PT deveria procurar uma campanha de doações de eleitores, de mobilização, e indicar uma nova forma de fazer política."

Na pesquisa Datafolha divulgada na sexta-feira (15), Padilha oscilou dos 4% que vinha arrastando em junho e julho para 5%, bem atrás dos 16% de Paulo Skaf e muito aquém dos 55% de Alckmin. No índice de rejeição, porém, Padilha lidera com 28%. Skaf e Alckmin estão tecnicamente empatados com 20% e 19%, respectivamente.

Tempo de campanha é menor que dos dois líderes na disputa

Mas Padilha volta ao terceiro lugar quando o assunto é tempo de TV. A sua chapa, "Para Mudar de Verdade" terá 1 minuto e 18 segundos divididos em 117 anúncios, atrás da chapa "Aqui é São Paulo" de Alckmin, com 1 minuto e 27 segundos em 131 aparições, e a chapa campeã de tempo, "São Paulo Quer o Melhor", de Skaf, com 1 minuto e 47 segundos diários em 161 inserções. E com seus 5%, ainda amarga a exclusão da cobertura diária do "Jornal Nacional", que usa como critério o recorte de 6%.

Para Emídio, é a militância do PT nas ruas que fará a diferença contra a campanha dos outros principais candidatos. "Ninguém tem a militância, a capilaridade que o PT tem. Vamos intensificar campanha de rua, junto com a TV, e assim conquistar o eleitor de São Paulo."

Força do "cinturão vermelho" ainda não apareceu

Questionados, dirigentes petistas citam a seu favor o chamado "cinturão vermelho" do PT, as cidades da grande São Paulo, mais a capital, conquistados estrategicamente em 2012 pelo partido. A proposta seria garantir o apoio na região para alavancar a candidatura de Padilha, que luta contra 20 anos de PSDB no governo.

Uma pesquisa divulgada no dia 3 de agosto pelo jornal "Diário de São Paulo" mostra que, ao contrário das expectativas petistas, Padilha ainda aparece em terceiro lugar na disputa, atrás de Geraldo Alckmin (PSDB), com 40,6%, e Paulo Skaf (PMDB), com 14,7%.

No levantamento, a DGABC Pesquisas ouviu eleitores de sete municípios da grande São Paulo, e apontou a preferência de 4,9% para Padilha, o mesmo que a pesquisa Ibope divulgada no dia 30, sem recortes específicos. A margem de erro da DGABC é de 1,9 ponto percentual, para cima ou para baixo. A do Ibope, de 3 pontos percentuais.

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