Crivella "tropeça" em estatísticas sobre PM e transporte durante sabatina

Leandro Prazeres

Do UOL, em São Paulo

O senador e candidato ao governo do Rio de Janeiro pelo PRB, Marcelo Crivella, usou dados incorretos ao se referir ao efetivo da Polícia Militar, à quantidade de passageiros transportados pelos trens metropolitanos, e à quantidade de jovens do Estado que não trabalham nem estudam, a chamada geração 'nem, nem'.

Os dados incorretos foram expostos pelo candidato durante a sabatina realizada pelo UOL, pelo jornal "Folha de São Paulo" e pelo SBT na manhã desta quinta-feira (7).

Ao falar sobre suas propostas na área de educação, Crivella disse que o Rio de Janeiro tem 500 mil jovens com idades entre 15 e 29 anos que não trabalham, nem estudam, contingente que ficou popularmente conhecido como 'geração nem, nem'.

Os dados, porém, não correspondem às estatísticas. Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o Rio de Janeiro tinha, em 2012 (último dado disponível), 768 mil jovens nessa faixa etária fora do mercado de trabalho e das salas de aula, uma diferença de quase 53% em relação ao dado apresentado por Crivella. 

Ao falar sobre investimentos na ampliação da malha ferroviária do Rio de Janeiro, Crivella afirmou que os trens urbanos transportavam 600 mil pessoas até meados dos anos 90.

O candidato criticou a atuação da concessionária de trens urbanos do Rio de Janeiro, a Supervia, dizendo que a capacidade de transporte de passageiros havia se mantido estável nos últimos 16 anos.

De acordo com dados oficiais, contudo, a realidade é que a capacidade de transporte dos trens não se manteve estável, mas diminuiu ao longo dos últimos anos. Segundo a Supervia, até a privatização do sistema, em meados dos anos 90, os trens do Rio transportavam até 1,2 milhão por dia.

Hoje, diz a empresa, a média diária é de 620 mil passageiros transportados. A empresa justifica a redução no número de passageiros com a diminuição da superlotação das composições.

Outro dado incorreto utilizado por Crivella durante a sabatina se refere à quantidade de policiais militares atuando no Rio de Janeiro.

O candidato criticou a política de segurança pública do atual governo dizendo que há poucos policiais militares em serviço. Segundo ele, há 46 mil PMs em todo o Estado, dos quais 20 mil estariam atuando em atividades burocráticas ou de folga. 

Procurada pela reportagem do UOL, a assessoria de imprensa da PMRJ (Polícia Militar do Rio de Janeiro), informou que o efetivo da PM no Estado é de 49.234 militares. Nesse quesito, Crivella errou por uma margem de 6,5%.

Questionada sobre a quantidade de PMs lotada em atividades burocráticas ou de folga, a assessoria de imprensa da PM-RJ não respondeu até o momento.

A reportagem do UOL procurou a assessoria de imprensa do candidato para comentar os erros cometidos durante a sabatina, mas os assessores não retornaram as ligações telefônicas.

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