Em sabatina, Lindberg ataca Pezão e PMDB e mira na Baixada Fluminense

Do UOL, no Rio

Primeiro candidato ao governo do Rio a ser sabatinado pelo UOL, pela "Folha de S.Paulo" e pelo SBT, nesta terça-feira (5), o petista Lindberg Farias adotou tom crítico ao comentar sobre a gestão do PMDB à frente do Executivo. Segundo ele, Sérgio Cabral, que ocupou o cargo por mais de sete anos, e o atual governador e concorrente à reeleição, Luiz Fernando Pezão, governaram "para os ricos e para as elites e deram as costas para o povo".

"Esse atual governo concentrou os investimentos no Rio do cartão postal e esqueceu o outro Rio. (..) São dois 'Rios': um deles é o da zona sul e da Barra, o Rio turístico. Temos que equilibrar um pouco o jogo. A prioridade tem que ser a vida das pessoas", disse.

Rotulando-se como "representante dos interesses do povo trabalhador", Lindberg manteve o foco no eleitorado situado na Baixada Fluminense, uma das regiões mais pobres do Estado. "Eu conheço a Baixada Fluminense (...). O povo quer alguém que faça como o Lula fez na presidência, que olhe para todos e que governe para quem mais precisa: o trabalhador e os mais pobres", disse ele, que já foi prefeito da cidade de Nova Iguaçu, um dos municípios da região.

Lindberg comentou a sua relação pessoal com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a quem chamou de "grande incentivador". "O Lula me conheceu garoto, pequeno ainda, quando eu era líder estudantil. (...) Eu me lembro das passeatas do impeachment, a gente viajava o Brasil inteiro juntos", declarou ele. Lula, que foi citado 11 vezes durante a sabatina, teria prometido apoio exclusivo a Lindberg no Rio. O nome da presidente Dilma foi mencionado nove vezes pelo candidato, e o do governador Leonel Brizola, morto em 2004, três.

Questionado se a presidente da República, Dilma Rousseff, era uma referência em sua campanha, o candidato do PT disse que "gosta muito" de Dilma e que tem certeza de que ela será reeleita. Segundo ele, não há desavenças entre os dois. "Isso é intriga", declarou.

Apesar de serem do mesmo partido, a presidente Dilma já afirmou que estará nos palanques dos quatro principais candidatos ao governo do Rio: Lindberg, Anthony Garotinho (PR), Marcelo Crivella (PRB) e Luiz Fernando Pezão (PMDB). O primeiro evento de campanha de Dilma foi, inclusive, um jantar com Pezão e prefeitos do PMDB em São João de Meriti, na Baixada Fluminense.

Questionado sobre o tema da segurança pública, o petista disse que vai impor um "freio de arrumação" no sistema de UPPs (Unidades de Polícia Pacificadoras), uma das principais bandeiras do governo do PMDB no Estado. Para ele, o projeto de ocupação policial das comunidades provocou uma "migração" de criminosos para outras regiões do Rio, como Baixada Fluminense e São Gonçalo, na região metropolitana.

"A partir das UPPs, houve sim uma migração [da violência], mas porque diminuíram os policiais nos batalhões", disse. Na visão do candidato, o projeto de UPPs não é adequado para todas as regiões do Estado do Rio e que, em algumas áreas, elas não seriam tão efetivas. "Tem candidato prometendo que vai levar UPP pra tudo quanto é lugar", criticou. Para o candidato, a política de segurança não deve ser "só UPP".

Mobilidade, falta d'água e drogas

Natural de João Pessoa, Lindberg começou a sabatina dizendo que tem orgulho de ser nordestino, e que se mudou para o Rio na época em que militava no movimento estudantil. O candidato também fez críticas ao governo do PMDB na área do transporte público e da mobilidade urbana.

Segundo ele, os governos de Cabral e Pezão se preocuparam em estender o metrô de Ipanema à Barra, interligando as zonas sul e oeste, mas "esqueceu" do sistema ferroviário, que abrange principalmente os moradores da Baixada Fluminense. Ainda nesse tema, o petista prometeu levar o metrô da Pavuna, na zona norte, até São João de Meriti, na Baixada.

Lindberg também elencou outras dificuldades enfrentadas por moradores das cidades da Baixada Fluminense, como constantes interrupções no sistema de abastecimento de água. "O problema da falta d'água na Baixada já poderia ter sido resolvido. (...) Dos 24 reservatórios de água que existem na Baixada, só sete funcionam", comentou.

Questionado sobre o problema das drogas, o petista defendeu o combate com "mais força", principalmente do ponto de vista social, e não apenas na esfera policial. "É preciso conscientizar e fazer políticas de prevenção", disse ele, que se manifestou contrário à internação compulsória. "É convencimento. Acho que falta papo direto com a juventude. Não é só polícia, é um trabalho de prevenção."

Em sua resposta sobre drogas, Lindberg disse já ter usado: "Mas foi um problema pontual, resolvido rapidamente". Ele também disse ser contra ações violentas em manifestações de rua. "Fui presidente da UNE e derrubamos um presidente sem quebrar nada. Sou a favor das manifestações recentes, que trouxeram pautas muitos interessantes. Mas precisam ser massivas e pacíficas, senão perde a força", afirmou.

Sabatinas

O UOL, a "Folha de S.Paulo" e o "SBT" sabatinarão quatro principais candidatos ao governo do Estado do Rio nesta semana. Na quarta (6), será a vez de Anthony Garotinho (PR). O representante do PRB no pleito, Marcelo Crivella, será sabatinado na quinta (7), e o atual governador e candidato à reeleição, Luiz Fernando Pezão (PMDB), na sexta (8).

As datas das sabatinas foram definidas por sorteio na presença de representantes das respectivas campanhas.

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