Suspeitas entre gigantes da economia envolvem desvio de verbas e propinas

Do UOL, em São Paulo

O grupo de doadoras de campanha pesquisadas pelo UOL está presente nas listas das maiores empresas do Brasil e, em alguns casos, do mundo. O frigorífico JBS, por exemplo, é a maior companhia do mundo no segmento, com um valor de mercado de US$ 9,6 bilhões. Mas elas também figuram no noticiário relacionado à corrupção. Elas dizem obedecer à lei em relação a doações eleitorais.

Entre os casos dos quais as empresas são suspeitas de participar estão o mensalão, o cartel do metrô de São Paulo e o esquema investigado pela Polícia Federal que deu origem à operação Lava Jato, no qual, segundo a PF, o doleiro Alberto Youssef operava um sistema de desvio de recursos públicos e lavagem de dinheiro avaliado em R$ 10 bilhões.

Veja os principais casos envolvendo cada uma das sete empreiteiras suspeitas de atividades irregulares:

Camargo Corrêa S.A

A Camargo Corrêa S.A foi a campeã de doações em 2010. O escândalo mais recente envolvendo a campeã de doações para campanhas em 2010 ficou conhecido como Operação Lava Jato, durante a qual o doleiro Alberto Youssef foi preso. Um consórcio formado pela empreiteira para a construção da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, pagou R$ 29 milhões a empresas ligadas ao doleiro. A Polícia Federal suspeita que parte do dinheiro tenha sido utilizada para o pagamento de propina a políticos e funcionários públicos

Em 2009, durante a Operação Castelo de Areia, da PF, diretores da Camargo Correa foram presos e depois liberados sob suspeita de participação em um esquema de lavagem de dinheiro e repasses ilícitos a políticos. Em 2011, uma decisão do STJ anulou as provas da operação obtidas por meio escutas realizadas pela PF.

Andrade Gutierrez S.A

A empresa foi a segunda colocada no ranking de doações em 2010. Entre as investigações nas quais a Andrade Gutierrez aparece como suspeita de corrupção, estão o superfaturamento detectado pelo TCU (Tribunal de Contas da União) em 2012 na construção da Arena da Amazônia, que recebeu quatro jogos da Copa do Mundo, em Manaus. O órgão detectou superfaturamento de R$ 86 milhões.

Em março de 2012, a Justiça de São Paulo denunciou quatro diretores da empreiteira por suspeitas de integrarem o cartel que teria acertado resultado de licitações para a ampliação da linha 5-lilás do Metrô de São Paulo.

Mais recentemente, em 2014, a PF de Mato Grosso realizou o último desdobramento da operação Ararath, e a empreiteira voltou aos holofotes. A PF suspeita que a empresa tenha abastecido um esquema de corrupção envolvendo o recebimento de precatórios e o desvio de dinheiro público. 

JBS S.A

 A JBS S.A foi a terceira maior doadora nas eleições de 2010. A Polícia Federal de Mato Grosso investiga o suposto relacionamento entre o presidente da empresa, Wesley Batista, e o grupo suspeito de participar de um esquema que envolvia o pagamento de precatórios com deságio, desvio de dinheiro público e pagamento de propinas. O caso foi revelado durante a operação Ararath.

Em 2011, o Ministério Público Federal abriu uma investigação para apurar os aportes bilionários no valor de R$ 3,5 bilhões em compra de debêntures feita pelo BNDES. 

Construtora Queiroz Galvão S.A

A empreiteira foi a quinta maior doadora de campanha em 2010. Ela está sendo investigada pela suposta formação de cartel nas obras de despoluição da Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro. Em junho de 2013, a empresa venceu, juntamente com as empreiteiras Andrade Gutierrez e OAS, a licitação para as obras. Meses antes, porém, a revista "Época" publicou um anúncio cifrado indicando que o resultado da licitação havia sido acordado entre empresas do setor - prática conhecida como "cartel". 

A empresa também é investigada por outra denúncia de cartel, envolvendo licitações para o Metrô de São Paulo.

Construtora OAS S.A

A Construtora OAS S.A foi a sexta maior doadora de campanha em 2010. Entre os diversos casos de corrupção pelos quais a empresa é e foi investigada, o mais recente veio ao público no início deste ano. A PF investiga a suposta relação da empreiteira com o doleiro Alberto Youssef, preso durante a Operação Lava Jato. A PF suspeita que dinheiro repassado a empresas do doleiro estivesse sendo utilizado para pagar propinas ao ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa. 

Banco BMG S.A

Sétimo maior doador de 2010, o Banco BMG teve executivos do banco mineiro condenados no processo do mensalão do PT que correu na Justiça de Minas Gerais. As condenações foram em 2012 e incluíram o presidente do banco, Ricardo Annes Guimarães, sentenciado a sete anos de reclusão. 

A instituição foi acusada de falsificar empréstimos ao PT, assim como o Banco Rural, para justificar transações da contabilidade do caixa dois da campanha presidencial de 2002. 

Galvão Engenharia S.A

A Galvão Engenharia foi a décima maior doadora de campanha de 2010 e, assim como a OAS, também está sob investigação por conta do seu suposto envolvimento com o doleiro preso Alberto Youssef.

A empreiteira também foi investigada pelo TCU (Tribunal de Contas da União) em relação ao suposto superfaturamento no valor de aproximadamente R$ 70 milhões na construção da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. 

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