O deputado estadual Donisete Braga (PT) foi eleito prefeito de Mauá, na Grande São Paulo. Ele venceu a candidata peemedebista Vanessa Damo e garantiu a invencibilidade do partido na cidade do ABC paulista.

Com o apoio do candidato popular socialista, o vereador Átila Jacomussi (PPS), que ficou em terceiro lugar no primeiro turno, Braga deu sequência à tradição das últimas quatro eleições na cidade, mesmo diante da má administração do atual prefeito Oswaldo Dias (PT), que por uma manobra da própria sigla foi retirado no início das eleições da disputa pela reeleição.

Dias também foi substituído pelo deputado estadual pelas condenações na Justiça que levariam o prefeito a ser barrado com base na Lei da Ficha Limpa.

Durante toda sua campanha, Braga contou com o apoio do ex-presidente Luiz Inácio da Silva, de Luiza Erundina, dos ministros Alexandre Padilha (Saúde), Aloizio Mercadante (Educação) e Miriam Belchior (Planejamento), e também do vice-prefeito de São Bernardo, Frank Aguiar (PTB).

Entre seus planos de governo estão a construção de cinco CEUs (Centros Educacionais Unificados), o Bilhete Único para ônibus e trem e a estadualização do Hospital de Clínicas Radamés Nardini.

O vice-prefeito de Braga é o advogado Helcio Antonio da Silva, 49, que durante seis anos presidiu a Câmara Municipal de Mauá. Foi eleito o presidente do Diretório Municipal do PT de Mauá (2007), nomeado secretário de Obras Públicas no governo de Oswaldo Dias (2008) e eleito deputado federal (2010).

Direita em baixa

Com 30 anos, Vanessa Damo enfrentou as urnas diante do desafio de se desvencilhar da alta taxa de reprovação dos dois governos de seu pai, Leonel Damo (PMDB), que atuou de 1983 a 1988 e de 2005 a 2008, e de resgatar a imagem do partido de direita no município.

No segundo turno, a peemedebista, que já contava com o apoio do presidente do Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Skaf (PMDB), ganhou força com o apoio do governo de Geraldo Alckmin (PSDB), bem como do PR (Partido da República) e do PTB (Partido Trabalhista Brasileiro). Ela também fez campanhas ao lado do PPS.

Vanessa, que entrou para política aos 21 anos como vereadora e já está em seu segundo mandato como deputada estadual, usou as últimas semanas da campanha eleitoral para intensificar sua estratégia de bater no governo Oswaldo Dias (PT) para tentar pregar a rejeição ao  candidato petista. "Quase 62% dos eleitores votaram em candidatos da oposição, e mostraram que querem mudança. Nós representamos a mudança dessa era de abandono, de falta de remédios nos postos de saúde", disse ela, em um de seus discursos.

Entre as propostas da peemedebista estão asfaltar 100% das ruas de Mauá,  investir em microrreservatórios para evitar falta d'água e construir uma passagem que ligue o Jardim Camila ao polo industrial do Sertãozinho.

O vice-prefeito de Vanessa Damo era o médico neurologista Alberto Pierro, 66, que é filiado há mais de 10 anos ao PDT, mas que jamais disputou uma eleição. Ele, no entanto, já atuou como  secretário de Saúde de Mauá, por seis anos, no governo Dorival Rezende (1977 a 1983), e por 14 meses na gestão José Carlos Grecco (1993 a 1996).

Histórico eleitoral

Historicamente a política municipal da cidade do ABC paulista sempre foi polarizada entre a esquerda liderada por petistas e a direita formada por uma colisão de partidos, que começou a perder força com os governos impopulares dos ex-prefeitos José Carlos Grecco (PSDB), que governou de 1993 a 1996, e Leonel Damo (PMDB), que foi prefeito de 1983 a 1988 e de 2005 a 2008. 

Com essa rejeição popular, o PT conquistou mais confiança na cidade e vitórias por quatro eleições consecutivas (1996, 2000, 2004 e 2008). Mas mesmo diante do sucesso nas urnas, a trajetória petista em Mauá foi interrompida, em 2004, pela cassação do registro de candidatura de Márcio Chaves (PT), que obteve 45% dos votos, por uso da máquina administrativa.

Quatro anos mais tarde, no entanto, Oswaldo Dias (PT) conquistou o inédito terceiro mandato. A primeira gestão do petista foi realizada entre 1997 e 2000, seguida por sua reeleição (2001 a 2004).

Com 417 mil habitantes e mais de 284 mil eleitores, Mauá está entre as 50 cidades mais populosas do Brasil. É dona de um PIB (Produto Interno Bruto) de R$ 5,6 bilhões, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de 2009.

Na Câmara

Na Câmara Municipal de Mauá, o PT conquistou a maior bancada e garantiu cinco vagas. O vereador petista reeleito Marcelo Oliveira foi o campeão de votos (4.334), seguido por Cincinato Freire (PDT), reeleito com 4.224 votos. O PDT e o PMDB dividem a segunda maior bancada, com três cadeiras cada sigla.

Os partidos da base de aliança de Vanessa Damo (PMDB) somam 9 cadeiras na próxima legislatura, enquanto que a base de apoio do adversário petista Donisete Braga teve 6 vagas asseguradas.