Pelegrino chama ACM Neto de "grampinho"; democrata diz que petista tem "estoque" de mentiras

Felipe Amorim

Do UOL, em Salvador

O último debate na TV entre os candidatos à Prefeitura de Salvador, Nelson Pelegrino (PT) e ACM Neto (DEM), foi marcado pela troca de acusações, por críticas ao governo do Estado, comandado pelo PT, e à administração municipal, comandada pelo PP.

No momento  mais tenso do encontro, o petista chamou o ACM Neto de “grampinho”, apelido adotado pela oposição ao democrata, que teria relação com o caso de supostos grampos ilegais efetuados pela Secretaria de Segurança Pública da Bahia contra desafetos do avô do candidato do DEM, o então senador Antônio Carlos Magalhães (1927-2007). O governador do Estado na época do caso era César Borges (do antigo PFL), ligado ao grupo político do senador. Em 2004, o STF (Supremo Tribunal Federal) inocentou o senador de participação no caso.

“Quem ficou conhecido na Bahia por um episódio como grampinho, não foi eu”, disse Pelegrino, no encontro promovido na noite desta sexta-feira (26), pela TV Bahia, afiliada da Rede Globo no Estado.

“O estoque de mentiras do deputado Pelegrino é inesgotável”, rebateu ACM Neto, após uma troca de acusações sobre quem teria maior participação na gestão do atual prefeito, João Henrique Carneiro (PP), que possui 67% de avaliação “ruim” ou “péssima” à sua gestão, segundo ranking do Ibope divulgado em 18 de setembro. O PT apoiou a eleição de Carneiro, em 2004, e o DEM deu apoio à sua reeleição, em 2008, quando ele derrotou o candidato petista, Walter Pinheiro.

Apoio federal e estadual

Durante boa parte do debate, Pelegrino tentou pautar o adversário com perguntas sobre a suposta necessidade de alinhamento político do futuro prefeito com os governos do Estado e federal, enquanto o democrata focou em críticas à gestão do governador Jaques Wagner (PT), adotando nas respostas o bordão “e por que não fez?” como forma de critica ao PT, que governa há seis anos a Bahia.
 
Candidato apoiado pela presidente Dilma Rousseff (PT), que participou de comício em Salvador, Pelegrino chegou a citar por três vezes, em uma única resposta sobre habitação, o termo “com as parcerias do governo do Estado e do governo federal”.

 

Na campanha, o petista se apresenta como sendo "do time de Lula, Wagner e Dilma", enquanto o democrata, de partido de oposição ao PT, tem repetido o discurso de que "Salvador pode andar com as próprias pernas".

ACM Neto voltou a usar os temas da greve dos professores estaduais, que durou 115 dias e terminou há cerca de dois meses, e da segurança pública como munição nas críticas ao governo Wagner.

O acirramento do embate entre os candidatos ocorreu apenas no terceiro e último blocos, quando Pelegrino chamou ACM Neto de “grampinho”, 

Durante toda a campanha, Pelegrino tentou associar a imagem de Neto à do prefeito João Henrique, tese refutada pelo candidato do DEM. Para contra-atacar, ACM Neto responsabiliza o PT pela atual situação da saúde em Salvador, por ter indicado dois secretários para a pasta na primeira gestão de Carneiro.

Por duas vezes, ACM Neto pediu à sua equipe de campanha que publicasse na rede social Facebook entrevistas antigas de Pelegrino à imprensa local, que supostamente desmentiriam o discurso de campanha do candidato. O expediente foi usado para atacar o petista em relação ao episódio da greve dos professores e sobre a questão da segurança pública.

Com o fim da propaganda na televisão e dos debates, os candidatos marcaram para este sábado (27), uma série de caminhadas e carreatas. Os dois terminaram o primeiro turno separados por uma diferença de cerca de 5.000 votos, mas pesquisa Ibope divulgada na última sexta-feira (19) mostra ACM Neto oito pontos à frente de Pelegrino, com 47% a 39% das intenções de voto.

UOL Cursos Online

Todos os cursos