Leia a íntegra do debate SBT/UOL entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo

Do UOL, em Sâo Paulo

Leia a íntegra do debate SBT/UOL entre os candidatos à Prefeitura de São, Fernando Haddad (PT) e José Serra (PSDB), realizado nesta quarta-feira (24).

PRIMEIRO BLOCO

Carlos Nascimento: Muito boa tarde. Você vai acompanhar a partir de agora o debate entre os candidatos que vão disputar o segundo turno da eleição para Prefeitura da cidade de São Paulo. Uma iniciativa e também uma inovação do jornalismo do SBT e do portal UOL que trazem pela primeira vez um debate político para as 6h da tarde, o que certamente vai permitir que seja acompanhado por um número muito maior de eleitores. José Serra, do PSDB, foi escolhido no primeiro turno com 30,75% dos votos válidos. Fernando Haddad, do PT, com 28,98%. O nosso debate está dividido em três blocos, e a gente vai ver agora como será o primeiro.

Debate SBT/UOL - 1º bloco: candidatos abordam questão social

Cada candidato fará alternadamente duas perguntas. Depois da resposta, o candidato que perguntou terá direito a réplica. O candidato que respondeu terá direito a tréplica. Os tempos são os seguintes: pergunta, 30 segundos. Resposta, dois minutos. Réplica, um minuto. E tréplica, um minuto. Pelo sorteio realizado na presença dos assessores dos candidatos, o primeiro a perguntar será Fernando Haddad. O candidato que por Ventura se sentir ofendido poderá pedir direito de resposta. Um comitê que é formado por representantes do SBT e do UOL vai avaliar se houve a ofensa. Em caso afirmativo, o candidato ofendido terá um minuto para sua resposta. Vamos então iniciar o nosso debate com a pergunta de Fernando Haddad.Trinta segundos.

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Fernando Haddad: Boa noite telespectadores, internautas, parabéns ao SBT e o UOL pela realização desse debate. A pergunta é sobre segurança. São Paulo vem vivendo uma escalada de violência, uma epidemia de insegurança, com chacina, extermínio na periferia e mais ressentimento arrastões e latrocínios nos bairros nobres.

Gostaria de saber do candidato a que ele atribui a escalada da violência, se tem responsabilidade como ex-prefeito e ex-governador e o que pretende fazer como futuro prefeito de São Paulo.

José Serra: Em primeiro lugar, boa noite. Esta questão da segurança não é de responsabilidade direta da prefeitura. Mas a prefeitura pode ajudar muito, e é isso que eu vou fazer como prefeito. Até porque eu conheço os dois lados. Já fui prefeito, e já fui governador, já tive a responsabilidade também sobre a segurança. A situação de segurança em São Paulo deixa a desejar, é insatisfatória, mas é preciso considerar que melhorou muito comparativamente ao resto do Brasil, inclusive estados administrados pelo PT, como é o caso da Bahia.

São Paulo é o que registrou a maior queda de homicídios no Brasil proporcionalmente em termos absolutos nos últimos doze, treze anos. Agora, a prefeitura pode fazer coisas importantes nessa direção. Uma delas é reforçar a operação delegada, que o PM na hora de folga é contratado para a Prefeitura. Hoje já tem 8.000 PMs nesse programa e 4.000 na rua. Mais ainda, aumentar a integração entre prefeitura e governo do Estado, entre guarda civil metropolitana e polícia militar, polícia civil.

Eu introduzi como prefeito câmeras de vigilância do município, e introduzi como governador câmeras de vigilância também do Estado. Elas já estão integradas, mas podem se integrar muito mais ainda para esse trabalho conjunto. Vamos também fazer na capital a virada social, que eu experimentei, fizemos algumas vezes no passo governo do Estado em algumas regiões em que há uma operação intensiva, inclusive de natureza social, com vistas à maior segurança. Enfim, são questões que poda em ser bastante melhoradas mediante a intensificação da cooperação da prefeitura com o governo do Estado. Entre eu, prefeito, e o Alckmin, governador.

Nascimento: Obrigado, um minuto para a réplica.

Haddad: Serra, os dados recentes sobre violência dão conta de que o problema é muito mais grave e mais recente do que você imagina. Não estou falando de coisa de doze, quinze anos atrás, estou falando de agora, do presente e do futuro, o que você às vezes reluta em discutir. O homicídio doloso aumentou 15% do ano passado para cá, dados oficiais da secretaria de segurança. Número de vítimas aumentou 17%. Tentativa de homicídio, 35%. Estupro, 26%. E latrocínio, 6%.

Você faz referência à Operação Delegada, mas a Operação Delegada não contrata os policiais no dia de folga para cuidar da segurança, na verdade, ela enfrenta o comércio irregular, o comércio ambulante. Inclusive quem tinha autorização para autuar foi também truculentamente destruído, sua proposta não é para segurança, sua proposta é para coibir o comércio irregular. O que você pretende fazer?

Serra: Eu respondi sobre segurança, candidato Haddad, e você não disse nada sobre segurança, exceto citar números, tirando de contexto. A segurança em São Paulo não está piorando do ponto de vista global, tal como seus dados sugerem, pelo contrário, a tendência ao declínio da gravidade continua, embora o problema seja grave. Segundo, a operação delegada não visa apenas a encarar problemas urbanos nem visará no futuro, nessa direção.

Pergunte nas diferentes regiões onde tem PMs com colete, com armas, com companhia andando na rua se a segurança melhora ou não. Nós temos que ser pragmáticos e concretos nessa matéria. Mais ainda, o governo federal tem uma enorme responsabilidade nessa área, porque não combate o tráfico de drogas nem o contrabando, que estão na base da prosperidade do crime, não só em São Paulo como em todo o Brasil.

Nascimento: Muito bem, encerrada a primeira rodada, vamos agora para a segunda pergunta que é do candidato José Serra, 30 segundos.

Serra: Fernando, eu queria saber qual é o seu projeto para a área de verde, de parques em São Paulo. Quando eu assumi a prefeitura, em 2005, tinha 34 parques, hoje tem 85.

Ou seja, muito mais do dobro daqueles que foram deixados pela administração do PT, pela prefeitura da qual você participou. Eu queria saber qual é o seu programa nessa área para parques na cidade. Agora, a curto prazo, e ao longo de todo o mandato.

Haddad: Em primeiro lugar gostaria de dizer que os dados que eu relatei são dados oficiais da secretaria de segurança, é o acumulado de janeiro a agosto. Nós temos esse problema de escalada da violência de um ano para cá. E o José Serra, candidato José Serra, prefere atribuir a responsabilidade ao governo federal, e não assumir as responsabilidades da prefeitura e do governo estadual, pelo que está acontecendo. Eu não, eu prefiro assumir as responsabilidades de candidato a prefeito, que quando prefeito assumirá compromisso com a população na área da segurança.

Na área ambiental, eu penso que a questão é muito restrita que o Serra coloca. Questão ambiental envolve saneamento, coletiva seletiva, e parques também. E no meu projeto de governo esta questão ambiental está intimamente ligada com a questão social. Esta é a grande diferença do meu plano de governo para o plano de governo do candidato Serra. Ele não percebe a conexão entre o ambiental e o social.

Qual é a conexão? A questão da moradia. Se você não resolver o problema de moradia na cidade de São Paulo, nós vamos continuar tendo as ocupações irregulares em áreas de mananciais, áreas de risco, nos córregos, você vai continuar tendo pouca coleta seletiva de lixo, quando há coleta porta a porta porque muitas vezes o caminhão não consegue chegar à porta do morador. Você não vai ter saneamento básico, tratamento do esgoto. E esta administração tem o pior indicador na área de habitação, mesmo levando em conta os dados do candidato serra, 28 mil moradias em oito anos, é a pior marca registrada, são 3.500 moradias por ano, e contra 5.700 da gestão Marta e 9.000 da gestão Erundina, 9.000 da gestão Erundina. Além do mais, nós temos que considerar este absurdo que foi a criação da taxa da inspeção veicular que eu pretendo acabar.

Serra: Fernando, sabe uma coisa que eu tenho inveja de você, inveja mesmo, a capacidade de fugir das questões, a capacidade de não dizer nada. Eu perguntei sobre parques na cidade. Aparentemente você não tem ideia do assunto, parque é uma coisa importante para o meio-ambiente, para o lazer, para o esporte, para as famílias. Encontramos 34 parques. Hoje tem 84. Até o fim do ano terá cem e vou fazer na minha gestão de prefeito, se for escolhido, que eu espero, mais 50 parques na cidade. Isso é muito bom para o meio-ambiente. Quer outra proposta ambiental? A questão dos ônibus. Hoje, da frota de ônibus, 16% têm combustível verde, que polui menos, nós vamos levar isso para 100% da frota até 2014. E até 2016, tudo isto já estará funcionando plenamente. Portanto, tenho ideias a respeito do meio-ambiente. Quanto à questão de moradias nós vamos ter oportunidade de voltar ao assunto.

Nascimento: Um minuto para a tréplica.

Haddad: Você percebe a falta de conexão que o candidato não faz em relação à questão social e ambiental, ele não consegue perceber que a melhoria da condição de urbanização da cidade, de construção de moradia popular, é o que vai abrir espaço na cidade para cidade respirar. A cidade respira quando você tem coleta seletiva e temos a pior marca também da gestão Serra/Kassab, 1% do lixo reciclado, e quando você tem praticamente metade do esgoto da cidade não é tratado. Embora você, cidadão, pague por isso para a Sabesp. Então conectar essas coisas é que é grave. O que você chama de parque é muito diferente do que eu chamo de parque. O que você chama de parque são praças, muitas vezes, e estão mal cuidadas. Nós precisamos cuidar um pouco melhor das praças e parques de São Paulo porque vocês fizeram praças com nomes de parques e deixaram de cuidar. O lixo está acumulando em todas elas.

Nascimento: Candidato Fernando Haddad, agora é sua vez de perguntar em 30 segundos.

Haddad: Serra, você tem defendido algumas ideias muito polêmicas, a taxa da controlar, taxa de inspeção veicular, defendeu uma lei estadual que está suspensa pela Justiça, do tribunal, de venda de leitos de hospitais públicos e privados da cidade de São Paulo. E queria saber se você defende outra ideia polêmica, que é pedagiar as estradas.

Serra: O governo do Estado não tem essa ideia polêmica, isso foram especulações, e na época da campanha o seu partido e você aproveitaram para fazer proselitismo com essa história. Deixa eu voltar um tópico antes. É uma questão de natureza social. Vai lá na Vila Guilherme, e pergunta se aquilo lá é uma praça, vai ao parque do povo, ou ao parque Boas na Vila Leopoldina, que era do Estado e nós cedemos, nós cedemos à prefeitura, que transformou em parque. Isto é muito importante. O que eu verifico é que não tem proposta. Você não apresenta, o PT não tem propostas nessa área, até porque praticamente não fez nada.

Quanto à questão de taxas, a que você se refere, na verdade, o Fernando Haddad foi o guru, o orientador da Marta nessa matéria, que ficou chamada Martaxa, que criou, e mais ainda, o candidato foi a Câmara de Vereadores para defender. Existiu uma taxa de asfalto, sempre tenho curiosidade, uma taxa de asfalto para ruas de terra que a população tinha que pagar, eles não tiraram esta taxa, nós tiramos. Se alguém entende de diminuir e aliviar impostos, é este que está falando, sou eu. Inclusive fizemos a nota fiscal paulista e a nota fiscal paulistana, pela primeira vez, não na história de São Paulo, do Brasil, se devolve impostos para o bolso. Só a notas fiscais devolve cerca de R$ 6 bilhões, que já aconteceu até agora, então é muito fácil ficar falando, propostas, porque o social, em matéria de moradia eu desafio, pergunto o que é que foi que a administração do PT fez ao longo dos seus quatro anos? Nada em São Paulo.

Nascimento: Um minuto para a réplica.

Haddad: Dados oficiais da secretaria de habitação, 3.500 moradias por ano na gestão Serra/Kassab. Serra, você não respondeu minha pergunta. O jornal Folha de S. Paulo, não é o PT que inventa essas coisas. O jornal Folha de S.Paulo estampou na capa do jornal que o governo pretendia pedagiar por quilômetro percorrido, e não da maneira como é hoje, isso vai acarretar prejuízo para a população pobre de São Paulo, porque muita gente para chegar em Perus, Itaim Paulista, São Miguel, passa por rodovias estaduais. E se nós pedagiarmos no espaço urbano, vai encarecer ainda mais a vida do morador da preferia. Diga com toda certeza, pensamos e desistimos, como fizeram com o Rodoanel, prometeram não pedagear e pedagearam.

Serra: Esta questão do pedágio dentro da cidade não existe, como eu acho que o Fernando Haddad não é mentiroso, ele está sendo mal-assessorado, ele não conhece os problemas diretamente, não tem muito conhecimento a respeito da cidade. Eu me lembro quando confundiu Itaim Bibi com Itaim Paulista, e o hospital do Itaim Paulista... imagine problemas dessa complexidade. Essa questão, a senhora, o senhor que está me ouvindo, você, o jovem, não existe, de botar pedágio em estradas dentro da cidade de São Paulo. Quanto à ação de moradia, foram 28 mil moradias, sem contar as obras da CDHU, do Governo do Estado, quando eu dirigia, mas tem mais, nós fizemos o maior trabalho da história de transformações de favelas em bairros. Vai para Paraisópolis, virou praticamente um bairro, tinha 5% de esgoto e hoje tem 90% e muitas melhoras.

Nascimento: Vamos para a última rodada desse primeiro bloco com a pergunta do candidato José Serra.

Serra: Fernando, eu gostaria de saber qual é seu programa para a área da cultura em São Paulo. Nós fizemos muita coisa, tanto na Prefeitura, começando com a virada cultural como no Estado, como é o caso do museu do futebol, como é o caso do catavento, muitas coisas, fábrica de cultura, centro cultural da juventude, etc. Queria saber qual é o seu problema. Não me venha com a questão social, isso e aquilo, eu quero saber concretamente qual é o programa na área da cultura.

Haddad: Serra, eu sei que você não liga para a questão social, é do teu perfil desconsiderar esta questão, por isso que você desconecta a questão ambiental da questão social. Divida 28 mil por oito, Serra, você vai encontrar 3.500 casas por ano, eu estou seguindo o teu número e dividindo pelos oito anos que vocês governaram a cidade.

Matemática você entende, entende bem, divida 28 por oito e vai chegar no número que eu apresentei. A área da cultura também está relacionada com a questão social porque a ideia é levar mais cultura para a periferia. Hoje há uma vida vibrante na periferia, os jovens querem participar da cultura da cidade e nem sempre recebem apoio do poder público. Nós fizemos um programa de iniciativa de um vereador do PT, chamado vai, nós queremos expandir o vai, inclusive criar o vai dois, que é estender o período pelo qual os grupos artísticos recebem recursos municipais.

Queremos trazer com muito mais força os pontos de cultura, a cidade não adere ao programa do Ministério da Cultura, isso prejudica a cidade como em várias áreas.

Assim como não vem o minha casa minha vida para cá, assim como não vem as UPA's para cá, assim como não vem os programas de educação para cá, também na área da cultura, há grandes empreendimentos, grandes programas federais que não chegam à população porque a prefeitura se fechou, a parceria com o governo federal. Você mesmo não consegue citar no seu programa, estamos há 60 dias em campanha e você não cita uma única parceria que você deseja fazer com o governo federal. E mais que isso, nós queremos construir centros culturais na periferia. Nós pregamos dois centros culturais, de grande porte, no molde do centro cultural Vergueiro, um na zona sul e um na zona leste. Estas regiões da cidade estão vibrando de cultura e precisam do nosso apoio para florescer ainda mais.

Nascimento: Um minuto para a réplica.

Serra: Como sempre, desculpe a insistência, não respondeu a pergunta. O hábito petista, e o seu, Fernando, me desculpe a franqueza, tem que ver a questão social primeiro, etc., tal, e não tem nenhuma proposta. A questão social fica esvaziada. O PT não fez nada em matéria de desenvolvimento e urbanização de favelas. Nada. A moradia não é apenas casa construída, moradia é asfaltamento, água, luz, energia elétrica, é escola, é escola técnica, é saúde, é só olhar o que foi feito em Paraisópolis, o que foi feito em Heliópolis, ganhamos prêmios internacionais nessa matéria. Quanto à cultura, tudo o que fizemos foi a cultura para o conjunto da cidade de São Paulo. Da virada cultural, à fábrica de cultura, todas nos bairros afastados. O CCJ, que nós vamos fazer em toda a cidade, feito na Vila Nova Cachoeirinha, ações concretas, positivas na cidade.

Nascimento: Um minuto para a tréplica.

Haddad: Se não fosse a licitação feita, a desapropriação dos terrenos no final da gestão da Marta, nós não teríamos os 45 CEUs existentes, fizemos 21 e licitamos 24.

Construídos os 45, serra e Kassab paralisaram o programa. Não há uma referência ao programa CEU no programa de governo do Serra, eu pretendo construir 20, e por que eu quero construir céus? Porque lá tem teatro, tem quadra Poli esportiva, lá tem biblioteca de primeira grandeza, ou seja, lá tem todo o acervo necessário para promover a cultura nos bairros. Coisa que não existia antes do programa CEU. Não reconhecer isso é uma temo  temeridade.

Eu levei para 32 mil escolas públicas, segundo turno, basicamente esporte e cultura, e vou trazer forte para cá o mais educação pela educação de tempo integral.

Nascimento: Muito obrigado senhores candidatos. Você está acompanhando pelo SBT e pelo portal UOL o debate entre os candidatos que disputam o segundo turno da eleição de São Paulo, José Serra e Fernando Haddad, nós voltaremos em instantes com os temas escolhidos pelos internautas. SBT/UOL, Eleições 2012.

SEGUNDO BLOCO

Nascimento: Estamos de volta, SBT/UOL, eleições 2012, estamos iniciando agora o segundo bloco do debate entre os candidatos Fernando Haddad e José Serra. Vamos, então, às regras do bloco. Quatro temas de uma lista de vinte foram escolhidos por internautas no site do SBT e no portal UOL. Nesse bloco cada candidato fará alternadamente duas perguntas a partir dos temas escolhidos pelos internautas. Depois da resposta o candidato que perguntou terá direito a réplica. O candidato que respondeu terá direito a tréplica. Os tempos são os seguintes. Pergunta: 30 segundos. Resposta, dois minutos. Réplica: Um minuto. E réplica: Um minuto. Pelo sorteio realizado na presença dos assessores dos candidatos, o primeiro a perguntar será Fernando Haddad. Muito bem, o tema que teve maior número de votos dos internautas foi corrupção. Com 22% das escolhas. Portanto, é com base nesse tema que o candidato Fernando Haddad nesse momento fará a sua pergunta em 30 segundos, por favor.

Debate SBT/UOL - 2º bloco: candidatos abordam a cracolândia

Haddad: Serra, toda máquina pública grande, ela enfrenta problemas e nós temos a obrigação de coibi-los fazer o possível para coibir qualquer tipo de desvio e zelar pela transparência, controle, tanto do Tribunal de Contas quanto da sociedade, controle social. Queria saber as providências que você vai tomar para coibir os desmandos na Prefeitura de São Paulo caso eleito.

Serra: Olha, em primeiro lugar, aumentar o controle e a própria transparência. Nós vamos fazer, aplicar informática em tudo, inclusive nos licenciamentos e nas moradias, na aprovação de construções, tanto de moradias de grandes prédios quanto shoppings centers, etc., isso é fundamental, transparência, conhecimento público das coisas. E com isso, eu tenho certeza, a gente vai aumentar não só a eficiência como o grau de ética dentro da administração.

Agora, por falar em corrupção, eu acho que é interessante também lembrar em relação à cidade de São Paulo, que a prefeita Marta, a administração Marta, tem hoje mais de 70 processos na Justiça, problemas de todos os tipos. Esta é uma questão séria dentro da cidade, que em parte isso vinha também daquela frouxidão, mas falando em corrupção no Brasil não podemos de mencionar hoje a questão do mensalão. Isso não é nem processo, não é nem suspeita não, é condenação. A cúpula do PT, a cúpula do Partido dos Trabalhadores durante tanto tempo foi condenada, formação de quadrilha. Aqui em São Paulo, há muito a ideia, não, essa questão não deve ser debatida, isso não tem nada a ver com a prefeitura, etc. E tal, mas tem sim.

Porque prefeitura significa não apenas capacidade, experiência, e as coisas que fez, que a população leva em conta para cada candidato, mas significa também princípios, valores, companhia, para quem é que se trabalha, para um partido? Vão querer repetir mensalão aqui? E veja só, negócio de mensalão não é rumor não, é um julgamento histórico do Supremo Tribunal Federal começando a condenar o que era o petista número um, senhor José Dirceu.

Nascimento: Um minuto para a réplica, por favor.

Haddad: Serra, o teu desrespeito chega às raias da insanidade, trazer mensalão para cá? Do que você está falando? Você me conhece o suficientemente para fazer que eu tenho doze anos de vida pública, 30 anos de vida acadêmica, que tenho uma reputação ilibada, não há sequer uma suspeita, à frente do Ministério da Educação, onde eu administrei. Eu vou criar a controladoria-geral do município, acho essencial órgãos de controle para coibir o que aconteceu, por exemplo, na Secretaria da Habitação, um funcionário nomeado pelo Serra, ao longo de cinco anos apenas, com salário de servidor público conseguiu passar escritura para o seu nome de mais de cem imóveis, é com isso que eu estou preocupado na Prefeitura de São Paulo. E não em ofender o meu adversário.

Nascimento: Um minuto para a tréplica.

Serra: Esse cidadão, o Aref, era alto assessor da Marta Suplicy, foi o principal assessor na época para elaboração do Plano Diretor. Quando foi descoberto, houve denúncias, o prefeito Kassab mandou para o Ministério Público e processou, tomou a medida correta. Esta questão do mensalão não envolve esta ou aquela pessoa especificamente, envolve um partido, envolve um método, ninguém governa sozinho, o governante tem sempre um grupo em torno dele. Esta que é a questão, o método petista é de usar o governo como se fosse propriedade privada, fizeram isso no passado, inclusive aqui em São Paulo, inclusive na prefeitura, fizeram isso no governo federal, de onde o Fernando Haddad vem, se ele não esteve envolvido diretamente no mensalão, ele está envolvido com o partido que fez o mensalão. Isso que é importante.

Nascimento: Muito bem, o segundo tema mais votado que teve a preferência de 8% dos internautas que participaram foi fila para exames médicos. A pergunta agora em 30 segundos é do candidato José Serra.

Serra: Queria perguntar ao candidato o que ele pretende de fato, com propostas concreta, implantar na cidade de São Paulo, para diminuir o tempo de espera de filas, não apenas de cirurgias, mas também de consultas e também de exames, qual é a proposta concreta? Se essa proposta exclui, como se tem falado tanto, as próprias organizações sociais, entidades parceiras da saúde que só no ano passado fizeram 17 milhões de consultas em São Paulo.

Haddad: Quem anda falando muito é você, Serra. Você resolveu agora espalhar rumores e boatos na cidade de São Paulo, chegou a afirmar que eu vou fechar creches conveniadas quando fui eu que introduzi no Fundeb as creches públicas e conveniadas, uma lei sancionada pelo presidente Lula com a minha assinatura. Na saúde, eu quero entregar em primeiro lugar os três hospitais que você e o Kassab prometeram e não entregaram. Vocês prometeram, vou me associar ao Ministério Público para evitar a privatização de cá 25% dos leitos estaduais. O Tribunal de Contas suspendeu esta medida, mas a prefeitura vai se associar ao Ministério Público para impedir que essa lei estadual tenha curso na cidade de São Paulo. São 792 leitos a menos se essa ideia prosperar. E nós não vamos prejudicar os pobres.
Vou criar também a rede hora certa, eu gosto das AMAs, e acho que as AMAs, sobretudo expelidos, elas podem ser combinadas com laboratórios de exames de imagem e com centros cirúrgicos, como se fosse um hospital dia, porque muitas cirurgias não dependem de internação, e nós sobrecarregarmos os hospitais existentes que já são poucos com cirurgias que podem ser resolvidas no ambulatório é um erro.

Há experiências no Brasil dando certo, acabando com as filas e nós vamos trazer esta experiência para cá. A rede hora certa vai funcionar. Vamos também trazer as UPA's, que são amas 24 horas e muito mais bem equipadas que o governo federal vai nos permitir construir com recursos do Orçamento Geral da União. Agora, no que diz respeito às filas, você há de convir comigo, o trabalho vem sendo malfeito, e o prontuário eletrônico não existe na cidade de São Paulo, e mais do que isso, não há transparência dos dados de fila de saúde na cidade de São Paulo.

Nascimento: Um minuto.

Serra: No programa do PT consta o fim das parcerias com as entidades tipo Santa Marcelina, Santa Casa, Universidade de São Paulo, Einstein, Sírio-Libanês, está no programa, está nas declarações, está na ação do PT no Supremo Tribunal Federal para acabar com essas parcerias, os dados estão por todos os lados. Nós dissemos isso no programa de televisão. A campanha do PT recorreu à Justiça dizendo que não tinham dito isso. Pois a Justiça decidiu, mostrou o texto dizendo que sim, eles tinham afirmado aquilo que nós tínhamos dito, de que eles são a favor de terminar com essas parcerias, o que é um desastre para a cidade de São Paulo, porque para que se tenha ideia, essas organizações parceiras, que têm boa qualidade, fizeram no ano passado, 50 mil cirurgias, fizeram 17 milhões de consultas, e eu vou reforçar a parceria com elas para diminuir filas, tomando outras medidas juntos.

Haddad: Candidato Serra acha que a saúde vai muito bem. Ele foi eleito prefeito, renunciou, um ano depois, mas disse o seguinte, se despreocupem porque a minha equipe permanece. Eu renuncio, mas minha equipe permanece. E de fato o Secretário de Saúde do Kassab é uma indicação do Serra, é bem verdade que responde a um processo por desvio de recursos de merenda, imaginem vocês. O Secretário de Saúde respondendo por desvio de merenda, de criança! Contudo ele manteve no cargo, porque o procedimento aqui é diferente. No governo federal se apura e se pune, aqui é para baixo do tapete. Mas mantendo esse secretário, o que aconteceu? O que acontece é que as filas não acabam! Há oito anos a população está enfrentando isso.
Serra, você vem falar de Santa Marcelina para mim? Quem autorizou o curso de medicina do Santa Marcelina fui eu como Ministro da Educação, eu vou fechar um curso que eu mesmo abri? Você acha que a população vai acreditar em você mais uma vez, ela sabe quem mente e quem fala a verdade.

Nascimento: Muito obrigado, com 8% das escolhas dos internautas, o tema tempo perdido no trânsito foi o terceiro mais votado para este debate. É com base nele que Fernando Haddad agora fará sua pergunta em trinta segundos, por favor.

Haddad: Serra, a cidade de São Paulo, o tamanho que tem, ela precisa utilizar todos os meios de transporte possível. Metrô, monotrilho e também corredores de ônibus. Você e o Kassab em 2008 prometeram entregar 66 quilômetros de corredores de ônibus para a cidade de São Paulo, paralisaram o projeto, sobrecarregando a CPTM e o metrô. Quantos quilômetros você pretende entregar e por que vocês não entregaram o que foi prometido em 2008?

Serra: Olha, eu vou antes me referir a uma questão anterior: da saúde. Eu eleito prefeito, vou fazer mais 30 AMAs especialidades, de tempo integral, de 24 horas, mais 17 AMAs de especialidades, para aumentar a oferta de serviço, que hoje pela primeira vez, eu vejo que aqui o papel das amas é reconhecido. Tinham zero AMAs quando nós assumimos a prefeitura em 2005. Por outro lado, nós vamos também aumentar a integração com o governo do Estado, juntar os dois aparatos de saúde, os dois sistemas de saúde, para poder acelerar inclusive a transferência de pacientes de um lugar a outro, quando houver necessidade. E vamos reforçar o Mãe Paulistana, que é um programa que eu criei, que foi tão bem sucedido na cidade. Vamos acompanhar todas as mulheres pelo Alô Mãe por telefone ao longo da gravidez. Já nasceram 650 mil crianças sob este programa, que tem sido um sucesso do ponto de vista social, que realmente expresso impressiona e repreenda bastante.

Quanto à questão do transporte, a prefeitura, pela primeira vez, investiu no metrô R$ 1 bilhão. A prefeitura anterior tinha investido um real. Hoje tem quatro linhas em andamento sendo construídas, o que se deve em parte à ajuda da própria prefeitura e esta parceria com o Alckmin vai continuar. No ano que vem teremos sete linhas com metrô em andamento. Uma delas, inclusive, vai chegar aqui em Pirituba, vinda da zona norte de São Paulo. É a cidade que vai ter finalmente uma teia de aranha de transporte de trilhos, que é o único caminho a longo prazo realmente para poder se segurar a questão do trânsito. É uma cidade onde entram 500, 700 carros novos por dia. E nós fizemos obras boas nesse sentido.

Nascimento: A réplica em um minuto, candidato Haddad.

Haddad: Falo para você, internauta, telespectador, você que está sofrendo nos trens na cidade de São Paulo. Não tem havido investimento em transporte público na cidade de São Paulo. Desde que o Serra renunciou ao governo do Estado para disputar a presidência, não há um único tatuzão escavando linha nova de metrô na cidade de São Paulo. Nem a linha cinco que deu o escândalo da licitação conhecido e a Justiça mandou bloquear porque as empresas entraram em conluio, a linha seis sequer foi licitada. Pirituba está na fase três da linha... eles não tiveram a descendência de antecipar a entrega de Pirituba para 2019 para fortalecer a nossa candidatura de trazer a feira mundial para 2020 para a cidade de São Paulo. Então não é isso que o Serra está dizendo. Você que está no trem, no metrô e no ônibus, sabe disso.

Nascimento: Um minuto para a tréplica.

Serra: Você que mora em Cidade Tiradentes, sabe... você que mora no Jabaquara, que mora em Paraisópolis, sabe que está sendo construído o monotrilho, que é metrô aéreo, que vem de Congonhas até o Morumbi, você que mora na Vila Sônia sabe que a Vila Sônia vai ter a estação de partida da linha quatro que chega até o centro da cidade, várias estações foram inauguradas. Você que mora em Santo Amaro sabe que vai ter a linha cinco ampliada e sabe que vai ligar a região a Chácara Klabin, integrando todo o metrô da cidade. Tudo isso está em andamento, inclusive o expresso Tiradentes, que a prefeitura deixou apenas uma carcaça. Obras boas como o Rodoanel, Jacu-Pêssego. Sabe qual foi a grande obra de investimento, foram os túneis dos jardins, não é preciso dizer mais.

Nascimento: O quarto e último tema que servirá de base para a pergunta de José Serra é cracolândia, tema escolhido por 8% dos internautas que se manifestaram. A sua pergunta, candidato Serra, em 30 segundos.

Serra: Queria saber do candidato qual será a política dele em relação ao crack, e se ele está de acordo com a construção de clínicas, seja diretamente pelo governo, seja de entidades parceiras, para tratamento de dependentes químicos, que é uma coisa muito séria, que precisa, exige muita parceria. Eu particularmente fiz isso no governo do Estado, e foi feito também na prefeitura. Queria saber a opinião dele sobre isso.

Haddad: Em relação à cracolândia, acho que em primeiro lugar é preciso fazer um balanço da ação que foi feita, ação desastrada, com vários de nós, candidatos do primeiro turno, apontamos. Russomanno, Chalita e eu fizemos questão de dizer com todas as letras que aquela operação foi um desastre. Por que foi um desastre? Porque não houve articulação entre o governo estadual, governo municipal e governo federal. A presidenta Dilma tinha recém lançado um programa de combate ao crack. Crack é possível vencer, mas o governo desconsiderou a proposta de parceria e meteu os pés pelas mãos com uma operação que disseminou o crack pela cidade de São Paulo.

Ao invés de agir com a repressão ao tráfico de um lado, mas com o acolhimento ao usuário, porque as famílias sofrem muito, não é só o usuário que está sofrendo, ele faz sofrer muita gente, o vício faz sofrer o usuário e toda a sua família. Outro dia eu conheci uma mãe que procurava numa cracolândia, porque hoje não existe mais uma cracolândia em São Paulo, existem dezenas de cracolândias em São Paulo em função dessa ação desastrosa do governo estadual. Entrou com a repressão, disseminou o crack, não puniu quem deveria, e hoje os usuários estão em todos os lugares. Bairros estruturados, bairros de periferia, que não conheciam o problema, hoje conhecem.
O que nós vamos fazer? O contrário disso, a parceria! O município vai agir, vai exigir inclusive que seja feito assim, um governo estadual, e com o governo federal, uma ação integrada. Eu sou a favor, sim, de clínicas, eu penso que o usuário deve ser acompanhado, se possível internado para que ele largue o vício, mas há muitas formas se fazer a abordagem e se escolheu a pior.

Serra: Se é para falar de governo federal, o governo federal liberou apenas 8% do seu Orçamento para o Brasil inteiro voltado a recuperação de dependentes químicos, não fez praticamente nada, apesar dos planos, anunciou 3.600 leitos em 2010, não fez mais do que algumas dezenas, e, além disso, no combate ao contrabando e tráfico da coca que é um trabalho essencialmente de natureza federal. Eu vou intensificar a educação a respeito dos riscos da droga, como fiz com o cigarro no Brasil, que abriu caminho para uma mudança nessa área. Vamos multiplicar os leitos conveniados, e vamos dar guerra ao crack, não vou contemporizar nessa matéria, o crack é uma tragédia para os jovens, suas famílias e aumenta o crime. O PT em oito anos de prefeitura não fez nada, no governo federal não fez nada, nós fizemos e vamos fazer mais.

Nascimento: A tréplica em um minuto.

Haddad: Olha, Serra, em recente entrevista na CBN você disse o que ia fazer para combater o crack e assustou toda a população. Para monitorar quem tem propensão a consumir drogas. Você falou isso na CBN, circulou em todas as redes sociais, foi matéria de jornal. Serra, eu pergunto, onde é que você estava com a cabeça quando você propôs isso? Você vai trabalhar dessa maneira, monitorando os jovens propensos? Você vai fazer isso também em escola particular? É para rico e para pobre? É só para pobre a sua proposta? É muito estranho o que você anda falando sobre combate ao crime, porque combate ao crime é combate ao narcotraficante, aquele que está, o usuário tem que ser tratado como política de saúde, você tem que abordá-lo, acolhê-lo e recuperá-lo, com sua família.

Nascimento: Sobre essa questão específica o candidato José Serra pediu direito de resposta, o que de acordo com o regulamento será examinado agora durante o intervalo e nós diremos depois se o direito de resposta será aceito ou não. Você está acompanhando pelo SBT e pelo portal UOL o debate entre José Serra e Fernando Haddad, nós voltamos daqui a pouquinho, com a terceira e última parte desse encontro. SBT/UOL, eleições 2012.

TERCEIRO BLOCO

Nascimento: SBT/UOL, eleições 2012. Nós estamos abrindo agora o terceiro e último bloco entre José Serra e Fernando Haddad. Candidatos que disputam em segundo turno a Prefeitura de São Paulo. Em primeiro lugar, eu gostaria de informar a todos e aos candidatos que o pedido de direito de resposta do candidato José Serra foi negado pela direção do debate. O argumento é de que o direito seria concedido no caso de uma ofensa, não havendo ofensa, não há direito de resposta. Vamos às regras deste bloco.

Debate SBT/UOL - 3º bloco: candidatos falam do Bilhete Único

Cada candidato fará alternadamente duas perguntas, depois da resposta, o candidato que perguntou terá direito a réplica. O candidato que respondeu terá direito a tréplica. Os tempos são os seguintes: Pergunta, 30 segundos. Resposta, dois minutos. Réplica: Um minuto. Tréplica: Um minuto. Pelo sorteio realizado na presença dos assessores dos candidatos o primeiro a perguntar será José Serra. Depois da rodada de perguntas e respostas, cada candidato terá um minuto para fazer as considerações finais. Começando com Fernando Haddad.
Muito bom, primeira pergunta deste bloco, portanto 30 segundos, candidato José Serra.

Serra: Queria perguntar ao candidato qual será, caso venha a ser eleito, a sua política com relação a pessoas com deficiência. Nós criamos a rede Lucy Montoro, cinco centros na cidade de São Paulo, quando eu era governador, 31 núcleos integrados de reabilitação na cidade, elevamos o número de ônibus que é acessível para os deficientes físicos de 200, 300, para 8.000, e eu queria saber qual será a política dele a esse respeito.

Haddad: Olha, Serra, fico muito feliz com a pergunta, você sabe que na condição de Ministro da Educação, eu sou responsável por todas as crianças e jovens e, sobretudo, a criança com deficiência, que tem uma enorme dificuldade de frequentar escola. A bem dizer, tinha, porque nós demos passos largos no sentido da inclusão. Eu fui o Ministro da Educação que mais incluiu crianças com deficiência. Crianças que não iam para a escola, ou que ficavam reclusas em casa ou numa entidade beneficente, hoje frequentam a escola porque eu incorporei a educação inclusiva como eixo no Ministério da Educação.

Fiz uma coisa inédita no Brasil, fala que eu sou contra parcerias, mas incluso as Apae! Antigamente não havia financiamento público para Apae! O custeio dessas entidades ficava prejudicado porque elas não eram consideradas instituições públicas e na minha gestão eu passei a considerá-las como instituições públicas. Elas recebem do Fundeb como se fossem uma escola pública, isso foi um avanço significativo. Promovi também a dupla matrícula, um turno na escola regular e outro na escola especial.

Mas tem um dado que talvez você desconheça, Serra, há em idade escolar na cidade de São Paulo cerca de quinze mil crianças que não frequentam a escola. A primeira medida que vou tomar, como é uma população muito vulnerável do benefício de prestação continuada do governo federal eu vou atuar de todas as formas para trazer estas crianças, elas vão conviver com outras crianças. São quinze mil. Esta vai ser uma das primeiras minhas atuações, o demais eu digo na minha tréplica.

Serra: O candidato não respondeu a questão da rede Lucy Montoro, dos núcleos integrados de reabilitação, que são 31, da prefeitura, a rede Lucy Montoro é do Estado. Nós vamos integrar, inclusive com acompanhamento, qualificação das pessoas, criar uma verdadeira rede na cidade. Não falou também da questão dos ônibus. Quando nós assumimos a prefeitura, tinham só 300 ônibus com acessibilidade, herança do governo do PT, hoje isso chega a 8.000. Por outro lado, se o Ministério da Educação fez, promoveu alguma educação para deficiente, não foi em São Paulo. São Paulo foi zero. As Apaes, tudo o que ouvi delas foram reclamações amargas com relação ao trabalho do Ministério da Educação. Só reclamação amarga. Agora, aí são coisas que vão se afirmando, com substitutos para o que efetivamente tem que se fazer em São Paulo, que é uma atenção, tratar os deficientes, as pessoas com deficiências como cidadãos.

Nascimento: Um minuto para a tréplica.

Haddad: O seu desconhecimento em relação a São Paulo é grande, em relação ao Brasil eu já desconhecia, você chamou o Brasil de Estados Unidos do Brasil num dia desses, misturou o nome do seu próprio país, que você pretendeu presidir por duas vezes, foi constituinte, assinou a constituição e não sabia o nome do seu próprio país. Você conhece também, nós encaminhamos, você sabe disso, as salas, só não recebeu quem não quis, todas as escolas públicas estão sendo preparadas para receber as crianças com deficiência. Eu gosto da rede Lucy Montoro, não tenho problema nenhum em relação a isso, mas também gosto da parceria com a AACD que não está recebendo do governo do Estado pelos atendimentos que faz. Eu ouvi uma reclamação semana passada sobre esse assunto, e eu pretendo, além da rede pública, fazer parcerias com instituições com essa dignidade, que atendem há muitos anos e sabem fazer.

Nascimento: Em trinta segundos o candidato Fernando Haddad fará sua pergunta nesse bloco.

Haddad: Serra, ante de renunciar ao cargo de governador para concorrer à Presidência, você passou três anos a frente do governo do Estado, segundo documento oficial, repito, documento oficial do governo do Estado, você passou três anos sem limpar a calha do Rio Tietê. Houve uma enchente que inundou uma comunidade no Jardim Helena, que ficou 30 dias debaixo d'água, eu queria saber qual a sua proposta para enchentes, e o que você tem a dizer à população do Jardim Helena.

Serra: Olha, eu vou retomar, já que não foi dado direito de resposta uma questão anterior.
Quero dizer o seguinte, é absolutamente falsa aquilo que o candidato Haddad disse sobre uma entrevista minha à CBN a respeito de violência nas escolas, a pergunta foi do que eu faria em relação a violência nas escolas. Eu disse que nós temos que ter um atendimento individualizado para aqueles que possam vir a praticar violência dentro da escola, porque a violência existe e é um problema bastante sério, através de psicólogos, através de orientação de professores, e fazendo diagnóstico a partir das famílias desestruturadas. É muito fácil ficar falando contra o crack, ficar falando da juventude e não adotar nenhuma política a esse respeito. É uma infâmia, a palavra crack nem foi mencionada por mim.

A rede petista pegou isso para espalhar calúnia como costuma fazer com muitas, com esta e com muitas outras questões. Agora, a questão básica ainda que eu quero mencionar, aproveitando esse tempo, é que nós vamos criar em São Paulo o Bilhete Único de seis horas, nós vamos duplicar o tempo de duração do Bilhete Único. Hoje, vale para três horas, vai passar para seis horas. E mais ainda, nós vamos fazer o Bilhete Amigão de fim de semana, de sábado às duas da tarde até domingo à noite, basta um Bilhete Único para poder andar pela cidade. Essas são medidas concretas, em benefício das pessoas que andam em transporte público na nossa cidade. Com tudo calculado, não há nenhuma enganação, como é o caso do Bilhete Único Mensal, é uma coisa concreta, muito importante que nós vamos fazer. Junto com uma bolsa creche para as mães que estiverem na fila aguardando vaga para a creche para seus filhos.

Nascimento: A réplica em um minuto, por favor.

Haddad: Serra, humildemente, fiz uma pergunta sobre enchentes, perguntei o seu plano de enchentes, você falou do Bilhete Amigão? Que é uma coisa que você inventou de última hora para enfrentar o debate sobre transporte na cidade. Eu nem sei o que te dizer. Eu fiz uma pergunta clara. Por que você não limpou o rio Tietê por três anos? Isso é um documento oficial do governador Geraldo Alckmin, a não ser que ele faça parte da rede petista contra você, você tem que dar satisfação num documento oficial do governo do Estado. Será que ele soltou esse documento para prejudicar sua candidatura? Creio que não, a CBN também não é da rede petista, em uma emissora da maior responsabilidade, está gravado, as pessoas podem acessar. Não consigo compreender sua resposta, eu pergunto de enchente e você responde uma coisa que nem sei direito o que é, Bilhete Amigão, responda sobre enchente e Jardim Helena que você prejudicou.

Serra: Quando a gente ouve calúnia, fui obrigado a fazer esclarecimento, a gente tem que usar o tempo para poder respondê-la. Na questão específica da pergunta que eu deixei para responder agora, eu quero dizer o seguinte, há mais de dois anos não tem vítimas por enchente em São Paulo. Nós investimos, investimos muito, inclusive criando um parque linear, o parque várzeas do Tietê que é muito importante para a absorção de água para evitar enchente, tomamos medidas estruturais.

Basta dizer que foram despoluídos cem córregos numa ação do governo do Estado conjuntamente com a prefeitura. Esses cem córregos economizam hoje uma tonelada de esgoto poluído por segundo aqui em São Paulo. Despoluindo as represas e melhorando a saúde da população. E nos próximos anos nós vamos despoluir mais cem córregos, esta é a minha meta. Não sei se o candidato tem a dele, gostaria que mencionasse a esse respeito.

Nascimento: Muito bem, a próxima pergunta é do candidato José Serra, que tem 30 segundos para formular.

Serra: Queria perguntar a respeito da questão de bicicletas. Quando nós assumimos a Prefeitura em São Paulo, não tinha nada em matéria de ciclovia, ciclofaixas, rotas, praticamente nada. Nós começamos a fazer, hoje já tem cerca de 200 quilômetros somando ciclovias, ciclofaixas e o conjunto de operações com relação a bicicletas. Inclusive fizemos esta beleza que é a ciclovia, foi o Estado mesmo que fez, eu como governador, no rio Pinheiros.

Haddad: Candidato, vamos aos números sobre o combate a enchentes. Nós em quatro anos, entregamos nove piscinões, vocês em oito entregaram dois. Perdão, três, um em parceria com o governo do Estado. A discrepância é muito grande. Hoje, há menos enchente porque nós investimos muito no combate a enchentes. Aquilo que cabia ao governo do Estado quando você era governador, o senhor não fez, o documento está disponível para quem quiser, dizendo que ele não limpou a calha do Tietê por três anos, os três que ele permaneceu à frente do governo do Estado.

A questão das bicicletas. Eu também tenho a honra, além de ter sido o ministro que mais construiu escolas técnicas, que mais ampliou o acesso à universidade, que mais ampliou o acesso à educação inclusiva, e aquele que também, repare, mais incluiu crianças de zero a três anos em creche. Quando eu assumi o Ministério, tinha um milhão e 400 mil matrículas, eu deixei o Ministério com dois milhões e 300 mil matrículas em creche. No que diz respeito à bicicleta, também, fui o primeiro-ministro da educação a incorporar a bicicleta no programa de transporte escolar. Agora nós temos os ônibus padronizados pelo Inmetro, com toda a segurança, substituindo o velho pau-de-arara, temos os barcos para a região norte, transporte pluvial é muito importante na região e agora temos as bicicletas.

O Ministério da Educação é quem mais adquire bicicleta. Eu quero trazer essa experiência para cá. Como? Eu vou integrar a bicicleta ao Bilhete Único, você vai ter uma série de bicicleta, várias espalhadas pelo território do município, bicicletas públicas, compradas com dinheiro público, e você vai poder pegar e deixar esta bicicleta sem custo, basta ter o Bilhete Único personalizado para eu saber quem pegou a bicicleta e quem devolveu, mas você vai poder usar gratuitamente na integração com trens, metrôs e ônibus.

Nascimento: Um minuto para a réplica.

Serra: Me lembro que quando houve uma enchente em São Paulo na administração do PT a prefeita estava na Europa passeando. Esta é talvez a coisa mais significativa que existe a respeito de ação do PT nas enchentes de São Paulo, que eu insisto, têm causado cada vez menos problemas, ao contrário de outras regiões do Brasil.

Mas em relação às bicicletas, eu quero dizer o seguinte, nós fizemos 50 bicicletários, que são a base do uso da bicicleta, nós fizemos, como eu disse, 200 quilômetros de ciclovias, ciclofaixas e rotas, inclusive um programa bike São Paulo, de empréstimo gratuito durante trinta minutos de bicicleta, e nós vamos duplicar esta, nós vamos levar para 400 quilômetros na cidade. Minha meta. Meta inclusive que se amplia no caso da bicicleta dentro das escolas.

Nascimento: Um minuto para a tréplica.

Haddad: Repare que o candidato Serra está sempre se referindo a administrações passadas, nunca olhando para o futuro, nunca fazendo a divisão entre o que eles fizeram em oito anos e o que ele pretende fazer em quatro. Eu fiz uma proposta muito concreta, não é o uso da bicicleta por trinta minutos não, você vai ter três horas para usar a bicicleta para chegar a um terminal de transferência ou a uma estação de trem e de metrô. Deixando no bicicletário você vai integrar o seu Bilhete Único sem custo, vai usar gratuitamente esta bicicleta que vai ser colocada à disposição da população que vai inclusive economizar na integração.

Você vai poder fazer um trajeto curto que hoje você faz por ônibus vai fazer por bicicleta, porque os que eu vou construir não ficarão restritos às estações, vou colocar justamente nos bairros, porque, Serra, nem todo mundo tem bicicleta, você tem que pensar em quem não tem também, difícil para você em funcionário da questão social.

Nascimento: Candidato Fernando Haddad fará a última pergunta do nosso debate em 30 segundos, por favor.

Haddad: Serra, vou voltar a questão da habitação até para te dar uma chance de responder melhor a essa questão. São dados da secretaria de habitação, nós estamos em meio a muitos jornalistas. Governo Erundina, 9.000 casas por ano, governo Marta, 5.700 casas por ano. Casas populares, governo Serra/Kassab, oito anos, 28 mil, 3.500 por ano. É muito pouco, nós temos 500 mil famílias em situação complexa de moradia. O que você pretende fazer?

Nascimento: Dois minutos.

Serra: Primeiro esclarecimento, nesse assunto de bicicletas é muito importante dizer o seguinte, o Ministério da Educação não trouxe nem um triciclo para São Paulo, isso é bom se ter presente. Nessa matéria não se fez praticamente nada até o momento que nós tivemos a oportunidade de comandar seja a prefeitura, seja o governo do Estado. Agora, essa questão toda tem muito a ver com a maneira de se encarar os problemas, com a maneira com que se tratam as diferentes questões. Eu queria aproveitar este tempo, porque temos mais tempo para adiante, para falar de outra iniciativa que nós vamos adotar na cidade de São Paulo.
Que é a criação do Pronatec, na campanha presidencial eu propus o Pronatec, perdi a eleição, o governo Federal pegou, mudou o nome, só que não implantou, como sempre faz-se iniciativas com saliva e papel. O Pronatec vai dar bolsa de estudo para garotada que não tem acesso à escola técnica governamental. Nós vamos dar bolsa para que possa estudar. Ao lado disso, nós vamos expandir ainda mais o ensino técnico na cidade. Eu aumentei o número de vagas no ensino técnico da capital, de 28 para 68 mil, e a meta para o futuro é levar isto a cem mil.

Quero dizer que nós ocupamos metade dos CEUs com ensino técnico à noite e agora completaremos a outra metade, um trabalho em parceria, governo do Estado, com a Prefeitura. Nesse sentido o Pronatec tem uma importância enorme. E eu quero além do mais retomar uma outra questão, que é do ensino profissionalizante, nós vamos treinar cem mil cuido dores em São Paulo para idosos, crianças, e pessoas com deficiência física.

Nascimento: A réplica em um minuto, por favor.

Haddad: Você viu que eu perguntei sobre enchente, ele me falou de um tal de Bilhete Amigão, ninguém sabe o que é, eu perguntei de moradia, ele não respondeu. Eu estou com dados da Secretaria de Habitação, dados oficiais, mas já que ele respondeu outra coisa, o que tem enchente com ensino técnico no contexto em que eu perguntei? Quem aprovou uma lei na Câmara dos Vereadores foi um vereador do PT José Américo, e o prefeito Kassab vetou. Quem aprovou na Câmara dos Vereadores a bolsa creche, que o Serra inventou nessa última semana de campanha foi outro vereador do PT Arselino Tatto, e o Kassab vetou. Eu fico sem saber se o Kassab é da situação, da oposição, porque ele não se manifesta em relação à gestão Kassab, ele toma distância da gestão Kassab ao, por exemplo, não dizer por que o prefeito vetou dois projetos tão importantes que agora vocês querem recuperar.

Serra: O Fernando Haddad, o próprio Lula, procuraram o Kassab para pedir apoio na prefeitura, como não os apoiou, virou capeta para eles. O PT é assim, o PT, quando tem um aliado, esse aliado é santo, pode ser o Collor, Maluf, pode ser quem for, quando está contra, aí é o diabo. Assim que atua na política.

Agora, eu quero dizer o seguinte, na questão da moradia, nós beneficiamos 200 mil famílias em São Paulo, com o quê? Com urbanização, não só construção de moradias para quem mora em área de risco, que aí, sim, cabe a moradia, mas também com legalização da propriedade, com obras como saneamento, como asfaltamento, luz, água potável. Eu dei o dado antes. Heliópolis tinha 5% mais ou menos de água e esgoto, hoje tem mais de 90, isso é por toda a cidade nas regiões de mananciais, pode ir em lago azul, São Francisco, Paraisópolis, até escolas técnicas fizemos.

Nascimento: Muito obrigado. Terminada a última rodada de perguntas e respostas, agora cada candidato terá um minuto para fazer suas considerações finais. Pelo sorteio realizado na presença dos assessores, o primeiro a falar será o candidato Fernando Haddad.

Haddad: Eu gostaria de me dirigir a você, telespectador, internauta, cidadão de São Paulo. Fiz até aqui uma campanha propositiva, fui o primeiro candidato a apresentar um plano de governo com metas, que está disponível no meu portal, no portal da minha campanha, no dia treze de agosto, ou seja, antes do início do horário eleitoral gratuito para que você pudesse conhecer, me conhecer e conhecer meu plano de governo. Sempre fiz propostas, nunca ofendi ninguém, nunca ofendi o prefeito Kassab, nunca ofendi o candidato José Serra. Discuti a gestão. Discuti a gestão porque é legítimo numa democracia nós discutirmos uma gestão que vem sendo avaliada pela população muito negativamente. É uma cidade que quer mudar e eu me apresento como candidato da mudança. Eu espero que no domingo eu possa contar com seu apoio para promover a grande transformação que São Paulo merece. Muito obrigado.

Nascimento: Muito obrigado. Agora José Serra com suas considerações finais.

Serra: No próximo domingo você decidirá, eu me apresentarei, como tenho me apresentado, de cabeça erguida, com orgulho de ser candidato a prefeito da minha cidade e com a consciência tranquila. Toda vida eu me dediquei à causa pública numa perspectiva: Resolver problemas econômicos sociais, e fiz isso ao longo da minha vida, com ficha limpa, ou seja, combinando realização com passado limpo, que é uma questão fundamental, inclusive para a cidade. Prefeito, não vou governar para patotas, para partidos, para grupos, não vou lotear a máquina da Prefeitura, não vai ter desempregado de mensalão no meu governo, aqueles que foram condenados não vão ter influência, não vai ter ninguém que ficou sem emprego porque foi condenado que virá para a Prefeitura porque eu considero essa questão da ética fundamental, nós não podemos deixá-la de lado, é realização com ética, com honestidade, com moral.

Nascimento: Muito obrigado. Nós estamos nesse momento chegando ao final do nosso debate. O SBT, o portal UOL, agradecem a presença de José Serra, Fernando Haddad, esperamos ter dado ao eleitor a oportunidade de esclarecer dúvidas e conhecer melhor os dois candidatos que disputam o segundo turno na Cidade de São Paulo. SBT/UOL, eleições 2012.

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