Serra usa mensalão, e Haddad questiona se adversário completará mandato se eleito

Do UOL, em São Paulo

No primeiro dia de horário eleitoral, os candidatos à Prefeitura de São Paulo José Serra (PSDB) e Fernando Haddad (PT) usaram seus espaços na TV e no rádio para mostrar suas biografias e para se atacarem. Serra usou o mensalão, e Haddad, o fato do tucano não ter completado seu mandato à frente da prefeitura, quando eleito em 2005. Os ataques mais incisivos do tucano ficaram para o rádio, enquanto Haddad usou a TV para criticar o adversário.

Assista ao horário eleitoral dos candidatos a prefeito em SP

Na TV, Serra iniciou seu programa agradecendo os votos que teve no 1º turno, mostrou os apoios políticos que se formaram após sua ida ao 2º turno, como com o PPS e o PTB, e ressaltou sua biografia, assim como fez nos primeiros programas na primeira etapa. Além disso, foram mostrados depoimentos dos familiares e da atriz Beatriz Segall.

O tucano disse, ainda, que gasta seu tempo de horário eleitoral apenas para propostas, mas, em seguida, cita o caso do mensalão, principal assunto usado pelo PSDB para atacar o PT. "Uso 90% do meu tempo para propostas. mas hoje vim falar do escândalo que ficou conhecido como mensalão, o uso de dinheiro público para comprar votos na Câmara. (...) Você com seu voto pode dizer que não concorda com isso", afirmou o candidato em referência ao fato de Haddad ser do PT, partido protagonista do escândalo, e da declaração do ex-ministro chefe da Casa Civil em que afirmava que as eleições eram mais importantes do que sua condenação no caso.

Haddad, por sua vez, apresentou sua gestão à frente do Ministério da Educação, ressaltando o Prouni, programa do governo para que alunos de baixa renda cursem a universidade. Na sequência, usou o fato de Serra ter deixado a prefeitura para se candidatar ao governo do Estado. É mostrado um vídeo de 2004 em que o candidato tucano se compromete a completar sua gestão por 4 anos e, na sequência, um locutor questiona: "Dá para acreditar?".

Em outro vídeo, Serra aparece dizendo que não se candidataria à prefeitura, em 2011. Este ano, o tucano mudou de ideia e foi escolhido pelo PSDB para disputar as eleições. As imagens são usadas para reforçar o que o petista diz logo depois: "o prefeito tem que cumprir o que promete".

O petista ainda contou com depoimentos de Gabriel Chalita (PMDB) e da presidente Dilma Rousseff (PT). Chalita diz que Haddad é a melhor escolha para a cidade. O candidato retribui dizendo estar feliz com a aliança PT-PMDB.

Dilma, por sua vez, afirma que o candidato "é, além de jovem, competente para mudar São Paulo".

No rádio

Durante os horários reservados no rádio, às 7h e 12h, Serra atacou o PT e a gestão de Marta Suplicy (2001-2004) na prefeitura. O candidato teve a participação do vice na sua chapa, Alexandre Schneider (PSD), que criticou a gestão de Haddad no Ministério da Educação.

Os ataques giraram em torno de temas que também foram usados no primeiro turno: mensalão, Enem, taxa do lixo e gestão petista.

A Schneider coube a tarefa de criticar Haddad usando o Enem e o MEC. "O problema do Haddad talvez seja a prática. Ele tinha mesmo muito dinheiro nas mãos [quando ministro da Educação], mas fez muito pouco. O Enem 3 vezes com problemas. A gente quando está coordenando alguma coisa, tem que assumir responsabilidades e o Haddad está sempre culpando alguém. Imagina quando for prefeito então? Quando chover, vai culpar São Pedro?", ironizou.

Já Serra ressaltou que o eleitor deve comparar as biografias dos candidatos e reafirmou que, se eleito, se manterá no cargo por quatro anos. "Afinal, o meu adversário já passou aqui na prefeitura com a Marta e foi o autor inclusive da taxa do lixo. Já passou pelo Enem. O eleitor vai poder comparar quem fez o quê na vida pública, quem tem mais experiência", afirmou.

No programa de Haddad no rádio, o petista agradeceu os votos e também ressaltou a importância da comparação entre candidatos. "Apesar do pouco tempo e dos golpes baixos, muitas pessoas ouviram, principalmente entenderam e apoiaram minhas propostas", disse.

Gabriel Chalita (PMDB), que foi candidato no 1º turno e agora apoia Haddad, participou do programa. "Nossa aliança foi feita em cima de propostas reais e concretas", afirmou.

De acordo com pesquisa Ibope, Haddad tem 48% das intenções de voto, ante 37% de Serra na disputa pelo segundo turno. No primeiro turno, o tucano teve 31% dos votos válidos e o petista, 29%.

Kit gay

Outro tema que deve ser debatido durante os dias que precedem o 2º turno é o kit gay, preparado durante a gestão de Haddad no Ministério da Educação, mas que acabou não sendo distribuído nas escolas devido às críticas na época.

Serra pretende usar o tema em sua campanha para mostrar o suposto despreparo do adversário. Para Haddad, o tema servirá de ponte para colar em Serra o "rótulo de intolerância".

Reportagem da jornalista Monica Bergamo publicada pela "Folha.com" nesta segunda-feira (15), mostra que um kit semelhante foi usado na gestão de Serra, quando era governador de São Paulo, em 2009.

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