Para Haddad, Serra dizer que governa para os pobres é "piada de mau gosto"
Julianna Granjeia
Do UOL, em São Paulo
O candidato do PT à Prefeitura de São Paulo Fernando Haddad afirmou nesta quarta-feira (10) que José Serra, candidato do PSDB na capital paulista, ter dito que governa para os pobres é um grande desrespeito com a população "que está sofrendo".
"Das duas uma: ou foi uma piada de mau gosto e a população vai anotar ou ele não viu o mapa eleitoral da cidade", afirmou Haddad antes do início de carreata em Cidade Tiradentes, zona leste da capital paulista, na manhã desta quarta-feira (10). O candidato tucano pediu na terça-feira (9) aos vereadores eleitos por sua coligação que divulguem aos eleitores a informação de que o PSDB governa para os mais pobres.
Haddad também comentou a declaração do pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo ,que na terça-feira (9) encontrou-se com Serra e disse que "arrebentaria" o candidato petista.
"O Serra instrumentaliza as religiões, ele fez isso para atacar a Dilma [nas eleições de 2010, com a questão sobre o aborto]. Entendo que fará o mesmo para me atacar”, afirmou o petista. “A minha família está indignada, mas eu o perdoo porque acho que meu papel nessa eleição é de trazer luz para o debate."
O petista também afirmou que entrar na questão religiosa “não vai fazer bem para a campanha eleitoral de São Paulo”.
"Instrumentalizar pastores para me atacar na honra é o estilo dele [Serra]. Ele já foi derrotado em 2010 em função desse comportamento. Eu entendia que ele tinha aprendido a lição, mas pelo jeito ele não aprende nunca", disse Haddad.
Outro ponto de embate entre PT e PSDB é o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). A campanha tucana deve abordar as falhas que ocorreram no exame na gestão de Haddad, quando questões da prova vazaram e o exame foi cancelado e adiado ano de 2009.
"Eles [do PSDB] são contra o ProUni, eles são contra o Enem, eles são contra a expansão das universidades federais, enfim, eles sempre se posicionaram de maneira contrária a essas reformas que deram acesso à população de baixa renda à universidade", afirmou Haddad.
Assim como terça-feira (9), quando o petista foi para Parelheiros (zona sul), Haddad escolheu um bairro onde foi bem votado --mas ainda pode aumentar sua votação-- para o início da campanha de rua do segundo turno, em forma de agradecimento, mas também para tentar alcançar o índice de 70% de votação na região.
O petista teve 46,04% dos votos válidos no primeiro turno em Cidade Tiradentes. Na região, Gabriel Chalita (PMDB) obteve 10,55% e Celso Russomanno, 27,27%. Marta Suplicy (PT) obeteve, no primeiro turno de 2008, 64,72% dos votos no bairro.
Alianças
Haddad afirmou que não está participando diretamente das conversas com o PRB de Celso Russomanno. O ex-candidato irá anunciar hoje à tarde seu posicionamento para o segundo turno e deve optar pela neutralidade. Já a sigla deve declarar apoio protocolar a Haddad em razão da aliança com o governo federal.
Sobre o PDT, de Paulinho da Força, que declarou apoio à candidatura de Serra na última terça-feira (9), Haddad diz que não entendeu a postura do ex-candidato.
"Não entendi [o apoio a Serra], porque o PDT está no governo Dilma. Vai entregar o ministério então?”, questionou o candidato petista. “Eu não entendi, eu conheço o Brizola Neto [atual Ministro do Trabalho e um dos líderes da sigla], ele é meu amigo. Certamente me apoiaria se ele fosse de São Paulo".
Há também a expectativa de que o PMDB de Gabriel Chalita e do vice-presidente Michel Temer anuncie na tarde desta quarta-feira (10) o apoio à candidatura petista em São Paulo.