Na espera por decisão de Richa e Dilma, Ratinho e Fruet começam a costurar apoios em Curitiba

Rafael Moro Martins

Do UOL, em Curitiba

As campanhas de Ratinho Junior (PSC) e Gustavo Fruet (PDT) correm para compor alianças para a disputa do segundo turno, em 28 de outubro, que decidirá quem será o novo prefeito de Curitiba.

Nesta segunda-feira (8), dois ex-governadores e ex-prefeitos se colocaram em cantos opostos na disputa. Jaime Lerner (sem partido), que está afastado da política, anunciou, da Europa, apoio a Fruet. “Quem ama Curitiba, vota Gustavo Fruet”, avisou à imprensa local, por meio de assessores.

Atualmente senador, Roberto Requião (PMDB) reuniu o partido, que preside em Curitiba, à noite, para anunciar apoio a Ratinho Junior. Ainda não convenceu, porém, o ex-ministro do Turismo e ex-prefeito Rafael Greca, que disputou o primeiro turno na capital paranaense pela sigla.

O anúncio mais esperado deste segundo turno, porém, ainda está por vir. Após perder com Luciano Ducci (derrota que rendeu críticas do colega de partido Alvaro Dias, líder de bancada no Senado), o governador Beto Richa (PSDB) deverá anunciar, nos próximos dias, a posição de seu grupo político em Curitiba.

Candidato a reeleição em 2014, Richa não deverá apoiar Fruet – que deixou o PSDB dizendo-se sem espaço na legenda para disputar a prefeitura que agora busca com o apoio de Gleisi Hoffmann, provável adversária do governador daqui a dois anos.

Restam, então, duas possibilidades: repetir a neutralidade já anunciada, ontem, por Ducci, ou aderir à candidatura de Ratinho Junior. Neste caso, colocaria em xeque a “coerência” que foi uma das principais bandeiras da campanha do pupilo no primeiro turno.

Ratinho Junior foi crítico da gestão de Ducci (que assumiu a prefeitura, em 2010, após Richa renunciar ao mandato para concorrer ao governo do estado). No domingo, ao votar ao lado do governador, Ducci afirmou que a ascenção de Ratinho – candidato mais votado no primeiro turno – deveria “preocupar a cidade como um todo”.

De sua parte, Ratinho não esconde que gostaria de ter o apoio de Richa. “Não vou colocar a prefeitura em negociação para 2014”, afirmou, ao jornal “Gazeta do Povo”, antes de admitir que irá buscar todo o apoio de “pessoas de bem” – entre as quais listou o governador.

Dois vereadores do PSDB, porém, já anunciaram apoio a Fruet: Fabiano Braga Cortes e Nely Almeida.

Fruet tenta convencer aliado PT a levar Dilma para Curitiba

No primeiro turno, a presidente Dilma Rousseff (PT) só foi vista e ouvida, no horário eleitoral gratuito, elogiando o projeto do metrô do prefeito Luciano Ducci.

Agora, a campanha de Fruet quer trazê-la a Curitiba para o segundo turno – a presidente é vista como essencial para buscar votos na grande região sul da cidade, onde Ratinho venceu por larga margem no primeiro turno. Para isso, conta com o empenho do casal de ministros Paulo Bernardo (Comunicações) e Gleisi Hoffmann (Casa Civil). À imprensa, o ministro desconversou: “A eleição já mostrou que a transferência de votos não é algo garantido.”

Pesa para a cautela de Bernardo a declaração de Ratinho Junior de que prefere ver Dilma e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fora da disputa do segundo turno. “Se eles forem inteligentes, vão deixar a campanha correr normalmente, sem manifestar preferência, até para não desagradar um dos lados”, disse, a jornalistas.

Deputado federal licenciado, Ratinho foi um dos coordenadores da campanha da presidente Dilma Rousseff no Paraná, e faz parte da base de apoio ao governo dela na Câmara. Contrariá-lo poderia, num cenário extremo, custar o apoio do PSC à presidente.

Lerner: fora da política partidária, mas apoiando Fruet

Ex-assessores diretos de Lerner são figuras coroadas da campanha de Fruet. Gerson Guelmann, que foi secretário-chefe de gabinete do ex-governador, hoje coordena a campanha do pedestista. O arquiteto Lubomir Fiscinski, braço direito de Lerner, participou da elaboração do plano de governo de Fruet.

Apesar disso, Lerner esquivou-se de entrevistas sobre sua posição no primeiro turno – o UOL tentou, sem sucesso, ouvi-lo a respeito das eleições e da situação da cidade. Possível explicação: o prefeito Luciano Ducci (PSB), que buscava a reeleição nas terminou o primeiro turno em terceiro lugar, representava a sobrevivência do grupo político que ele colocou no poder em 1989.

“Não vou dar entrevistas sobre a eleição e não vou participar de campanha. Mas como ex-prefeito de Curitiba três vezes e, principalmente como cidadão, digo que quem ama Curitiba vota no Gustavo Fruet”, lê-se na nota distribuída pelo escritório de Lerner.

Fruet agradeceu. “Fico muito grato por esta manifestação de apoio. Sem dúvida, Jaime Lerner foi um dos grandes prefeitos de Curitiba. Sua administração deixou um legado, principalmente de infraestrutura urbana, que até hoje projeta Curitiba mundialmente”, afirmou.

Além do recém-anunciado apoio de Lerner (que foi prefeito biônico, por duas vezes, pela Arena, e governador pelo PFL), Fruet é também o candidato do casal de ministros Gleisi Hoffmann (Casa Civil) e Paulo Bernardo (Comunicações).

Greca ameaça rebelião contra Requião

“Ainda não decidi qual será meu candidato. Minha decisão será a favor de uma Curitiba de volta ao futuro. Vou ouvir meu conselho político e os candidatos. Colocarei em 1.º lugar os interesses do povo curitibano, por quem minha alma pulsa”, avisou Greca, via Twitter.

Ontem, Fruet e Ratinho disseram que vão buscar o apoio do peemedebista – que obteve 100 mil votos no primeiro turno.

A candidatura de Greca (que quando foi prefeito era aliado de Lerner, maior adversário de Requião) foi imposta pelo senador ao partido, desagradando quase toda a bancada de deputados estaduais – que trabalharam, na prática, pela reeeleição de Ducci.

Agora, Requião pode enfrentar a rebelião do candidato que impôs à legenda. A vereadora Noemia Rocha também deverá contrariar a decisão do partido. Ela anunciou que irá pedir licença a Requião para apoiar Fruet.
 

UOL Cursos Online

Todos os cursos