Haddad rebate Serra e cita mensalão do PSDB em Minas

Julianna Granjeia

Do UOL, em São Paulo

O candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, subiu o tom ao rebater a afirmação de seu adversário no segundo turno, José Serra (PSDB), que o PT está usando a disputa na cidade pra "abafar" o julgamento do mensalão.

“Depois da decisão do Supremo [Tribunal Federal] também tem o julgamento do mensalão do PSDB, sobre o qual ele nunca emitiu nenhum juízo. Não sei se ele quer, da maneira de quando ele era ministro, esconder os problemas do PSDB para debaixo do tapete. Nós não queremos isso, queremos debater todos os assuntos livremente e minha biografia está disponível ao eleitor de São Paulo”, afirmou.

O esquema de compra de apoio de parlamentares no Congresso durante o primeiro governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2006), que ficou conhecido como mensalão, é julgado pelo STF.

No mensalão do PSDB, também conhecido como mensalão mineiro, 15 pessoas foram denunciadas no STF (Supremo Tribunal Federal) em 2005, entre elas o tucano Eduardo Azeredo, hoje deputado federal, e Clésio Andrade (PMDB-MG), que tornou-se senador posteriormente.

A denúncia da Procuradoria da República aponta que o esquema mineiro foi montado para abastecer o caixa dois da campanha à reeleição de Azeredo ao governo de Minas, em 1998. O tucano perdeu a eleição. O STF deve julgar o caso ainda neste ano.

A declaração de Haddad foi dada após a saída do petista de uma reunião com sua equipe de campanha. O acirramento das críticas em torno do assunto já era esperado. No domingo (7), após a apuração dos votos, Serra já havia citado o mensalão petista.

“Acho bom esse tipo de debate sobre ética. A administração [do atual prefeito do PSD] Kassab que ele tanto defende tem quatro ou cinco escândalos graves. Isso inviabiliza a administração da cidade. Escândalo da Controlar, escândalo do Aref, escândalo da merenda, dos uniformes.Tudo isso tem de ser rebatido. Nós queremos o bem de São  Paulo, para isso o debate sobre ética é importantíssimo”, afirmou Haddad.

O presidente nacional do PT, Rui Falcão, já havia afirmado mais cedo que o partido não teme o debate sobre o mensalão na disputa pela Prefeitura de São Paulo.

Ele afirmou que o candidato do PSDB, José Serra, não deveria travar um debate sobre ética com o petista Fernando Haddad porque "deve explicações" sobre o tema.

"Para falar em debate ético é preciso explicar a compra dos votos da reeleição, o dossiê Caiman, as privatizações que foram feitas a preço de banana e com suspeita de caixinha. Há várias questões para se debater. Nós não tememos esse debate", afirmou o petista.

"É um campo desfavorável para o nosso adversário travar. O Haddad não tem nenhuma nódoa em seu prontuário. Acho que seria extremamente desfavorável ao nosso adversário fugir [do debate] dos problemas da cidade pelos quais ele é responsável e querer travar debate sobre ética, campo no qual deve explicações", concluiu.

Alianças

Para o segundo turno, o PT quer o apoio dos partidos aliados do governo federal –PMDB, de Gabriel Chalita, PRB, de Celso Russomanno, e PDT, de Paulinho da Força.

Chalita, do mesmo partido do vice-presidente da República, Michel Temer, deve formalizar o apoio na terça-feira (9). O peemebedista deve articular o apoio da Igreja Católica a Haddad.

Falcão já entrou em contato com os dirigentes do PRB e PDT e aguardo o retorno.

O prefeito reeleito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB), e o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), visitaram hoje o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na sede do Instituto Lula, em São Paulo.

Paes foi agradecer pessoalmente o apoio de Lula à sua campanha. Mais cedo, os dois também estiveram em Brasília em visita à presidente Dilma Rousseff.

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