Ratinho Junior (PSC) e Gustavo Fruet (PDT) disputarão o segundo turno em Curitiba

Janaina Garcia, Carlos Kaspchak e Rafael Moro Martins

Do UOL, em Curitiba

  • Arte/UOL

    Ratinho Junior (PSC) e Gustavo Fruet (PDT) vão para o segundo turno em Curitiba

    Ratinho Junior (PSC) e Gustavo Fruet (PDT) vão para o segundo turno em Curitiba

Depois de uma disputa equilibrada entre os três primeiros colocados nas pesquisas de intenção de voto, Curitiba conheceu neste domingo (7) os dois candidatos que vão disputar o segundo turno. Ratinho Junior (PSC), que obteve 34,09% dos votos (332.408 eleitores), vai enfrentar Gustavo Fruet (PDT), que ficou com 27,22% (265.451 votos).

Candidato à reeleição e, até a véspera do pleito, segundo colocado nas pesquisas de intenção de voto, o prefeito Luciano Ducci (PSB) alcançou 26,77% nas urnas (261.049 votos) e foi eliminado da próxima etapa.  

A briga entre os três candidatos, que foi intensa no campo das ações e denúncias à Justiça, sobretudo entre Ducci e Fruet, se viu repetida na vaga para o segundo turno. Sem a chancela do governador Beto Richa (PSDB), que preferiu apoiar Ducci, seu ex-vice-prefeito --ele assumiu em 2011, quando Richa foi empossado no Palácio Iguaçu --, Fruet travou uma disputa bastante equilibrada na apuração. O pedetista, porém, já saiu à frente do candidato à reeleição desde os primeiros percentuais de urnas apuradas e não perdeu a posição.

No fim, a diferença entre o segundo e o terceiro lugares ficou em 4.402 votos.

Ratinho Júnior fala em "mudança sem raiva"

Perto das 18h30, Ratinho Junior apareceu na sede do TRE (Tribunal Regional Eleitoral) acompanhado de membros da campanha. Cumprimentou eleitores, deu entrevistas às emissoras de TV e, em coletiva, disse que vai em busca de apoios nos próximos dias.

Perfil do candidato

Nome: Ratinho Junior
Partido: PSC
Nascimento: 19/04/1981
Município de nascimento: Jandaia do Sul (PR)
Ocupação: Deputado
Vice: Ricardo Mesquita (PSC)
Coligação: Curitiba Criativa (PSC/PR/PC do B/PT do B)

“Propomos uma mudança sem raiva, sem rancor. Curitiba não quer uma aventura ou uma mudança de briga política, apenas, mas uma proposta de governo consistente”, disse.

A declaração faz coro a afirmações recentes do candidato diante da briga entre Ducci e Fruet. Entretanto, ele não disse se a presidente Dilma Rousseff ou o ex-presidente Lula, que oficialmente apoiam a coligação de Fruet, estarão em seu palanque.Lula, por exemplo, pé amigo pessoal do apresentador Ratinho, pai do candidato.

Fruet e Gleisi desconversam sobre Dilma em Curitiba

Já Fruet, que chegou ao TRE mais de uma hora depois de Ratinho Júnior e acompanhado dos ministros Gleisi Hoffmann (Casa Civil) e Paulo Bernardo (Comunicações), não disse se Dilma, do qual seu partido é aliado --assim como PSC de Ratinho Júnior –virá a Curitiba para sua campanha.

“Esta semana vamos definir estratégias, buscar apoios e alianças nacionais junto com a ministra Gleisi –e não só as lideranças nacionais, mas também as do Estado e na cidade. Não se deve desprezar nada, por isso vamos falar também diretamente com os eleitores do [Luciano] Ducci e do [Rafael] Greca”, disse.

Perfil do candidato

Nome: Gustavo Fruet
Partido: PDT
Nascimento: 18/04/1963
Município de nascimento: Curitiba (PR)
Ocupação: Advogado
Vice: Mirian Gonçalves (PT)
Coligação: Curitiba quer Mais (PDT/PT/PV)

Gleisi também não respondeu se a presidente virá à capital paranaense, mas disse que falaria com ela esta semana.

“Eu e a presidente ainda vamos conversar sobre isso, mas não há ainda nenhuma questão firmada sobre isso”, desconversou. A ministra negou, porém, que eventual aliança com Fruet, uma vez vitoriosa, venha a fortalecê-la como nome do PT ao governo do Estado, em 2014. “Não existe essa relação. Fizemos aliança com o Fruet porque acreditamos em um projeto de mudança para Curitiba e confiramos que ela é possível”, definiu.

Eleição de 2012 não mira a de 2014, diz Paulo Bernardo

Já o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, disse que o resultado da eleição para prefeito de Curitiba, que colocou o candidato Gustavo Fruet (PDT) na disputa do segundo turno em Curitiba, não deve ser tirada do contexto de uma disputa eleitoral local e que, no momento, não pode ser levada em conta para as eleições de 2014.

"Não vamos discutir isso agora. Nossa atenção é para a eleição em Curitiba e nas outras cidades nas quais o PT disputa o segundo turno", disse ele durante a passagem de Fruet na sede do TRE. Para o ministro, é um erro vincular as eleições municipais com as estaduais em 2014. "O foco é eleger o Gustavo Fruet." Ele também não quis comentar a derrota do candidato do governador Beto Richa (PSDB), Luciano Ducci (PSB), que ficou em terceiro lugar. "Ele não era candidato. Não tenho que falar nada."

Sobre a participação ou não da presidente na eleição em Curitiba, o ministro disse que a decisão será dela e que esta questão ainda será discutida. "A decisão será dela", comentou. Ele explicou que o PSC do candidato Ratinho Junior também faz parte da base aliada do governo federal. "O Ratinho não mentiu quando disse que era da base aliada da presidente Dilma e não contrabandeou apoio como fez o outro candidato. Por isso, a participação dela deverá ser muito bem discutida", comentou.

Sobre as alianças, o ministro também foi vago. "Vamos conversar com todos os possíveis aliados", informou.

Imagens da corrida eleitoral pela Prefeitura de Curitiba
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Ducci atribui derrota a "ataques"

Procurada pelo UOL, a assessoria da campanha de Luciano Ducci disse que o prefeito não iria conceder entrevista coletiva. Em vez disso, comentou o resultado do primeiro turno via nota oficial, em que lamentou “que os ataques contínuos às conquistas de Curitiba tenham afetado minha candidatura.”

No texto, Ducci também agradeceu os “curitibanos que acreditaram em minha candidatura”, e “a todos que participaram em mais este grande momento da democracia” Por fim, ele parabeniza, sem citar nomes, os candidatos que passaram ao seguindo turno.

No comitê central da campanha de Luciano Ducci, sediado numa casa elegante no coração do Batel, bairro nobre de Curitiba, onde a reportagem chegou logo após o início da apuração, assessores mostravam tensão crescente a cada resultado parcial anunciado pelo TRE/PR. Em todos, Gustavo Fruet aparecia à frente do prefeito e candidato à reeleição, contrariando a expectativa da pesquisa de boca de urna do Ibope.

À medida que os minutos iam passando, a tensão aumentava. Quando o TRE/PR anunciou cerca de 80% dos votos apurados, com Fruet ainda na frente, muitos cabos eleitorais começaram a deixar, cabisbaixos, o comitê. “Tenho até o fim do ano para procurar emprego”, disse uma assessora, detentora de cargo em comissão na prefeitura. “Há 13 anos que estou lá”.

Outro assessor, que também não se identificou, disse à reportagem que Ducci acompanhou a apuração no comitê, mas que o deixou por outra saída, exclusiva para veículos, localizada nos fundos.

O único político visto saindo do comitê quando o pleito já estava decidido a favor de Ratinho Júnior e Fruet foi Marcos Isfer, presidente da Urbs, empresa que administra o transporte coletivo de Curitiba, filiado ao PPS (partido do candidato a vice na chapa de Fruet, o deputado federal Rubens Bueno).

“Quando vamos para uma disputa, fazemos o melhor, e esperamos reconhecimento. Nesse momento, me parece que isso não ocorreu”, disse. “Luciano é preparado, conhece bem a cidade, estava pronto para ser prefeito. Infelizmente o povo não entendeu isso”, lamentou, bastante abatido.

Virada de Fruet

Com o desenrolar da campanha, Gustavo Fruet foi perdendo fôlego e sobrou na disputa, retomando espaço apenas na reta final. Fruet foi filiado ao PSDB até o ano passado e, como deputado federal, foi um dos relatores da CPI que investigou o mensalão. “De forma covarde e sórdida, a única acusação que me tem atribuído nessa campanha é ter me aliado aos mensaleiros e corruptos. Não me aliei. Ajudei a combatê-los”, afirmou.

Apesar de o PT ser oficialmente aliado de Gustavo Fruet, o candidato à reeleição pelo PSB, Luciano Ducci, usou a imagem de Dilma Rousseff nos seus programas de TV. O prefeito de Curitiba destacou as parcerias que a cidade tem feito com o governo federal e foi proibido de usar imagens da presidente durante a propaganda eleitoral. Ainda assim, Ducci valeu-se da voz de Dilma durante o horário eleitoral no rádio.

Pai popular

Ratinho Junior foi beneficiado pela popularidade do pai, o apresentador de TV, Ratinho, para subir nas pesquisas e concorrer com Luciano Ducci, dono da maior coligação, formada por 15 partidos. Ainda assim, o apresentador foi proibido de participar de atos de campanha para o filho e só pode comparecer a comícios desde que não se apresentasse como artista. “Eles [os adversários] estão usando de todos os artifícios para me segurar, mas não conseguem. É lamentável eles impedirem meu pai de estar ao meu lado”, afirmou Ratinho Junior.

Mesmo tendo o menor tempo de TV entre os favoritos, Ratinho Junior conseguiu se manter com altos índices, chegando a terminar o primeiro turno com o maior número de votos na cidade.

Este ano, oito candidatos a prefeito disputaram os votos dos cerca de 1,1 milhão de eleitores curitibanos: além de Ratinho Junior, Gustavo Fruet e Luciano Ducci, participaram da eleição Alzimara Bacellar (PPL), Avanilson Araújo (PSTU), Bruno Meirinho (PSOL), Carlos Moraes (PRTB) e Rafael Greca (PMDB). No fim de setembro, Carlos Moraes teve seu registro de candidatura impugnado pelo TSE, que considerou que o candidato contrariou o estatuto do PRTB e não teve seu nome submetido ao crivo da direção nacional do partido.

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