Em discurso, Serra cita mensalão; emocionado, Haddad agradece votos

Do UOL, em São Paulo

O candidato à Prefeitura de São Paulo José Serra (PSDB) fez referência ao mensalão durante discurso após a confirmação de que iria para o segundo turno da disputa, neste domingo (7). Seu adversário, Fernando Haddad (PT), com voz embargada, agradeceu os votos e contou ter recebido dois telefonemas que o deixaram emocionado: da presidente Dilma Rousseff e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

"Eu quero reiterar aqui que para mim a ação politica é revestida de valores. Quero reiterar que é muito importante que no Brasil é uma coisa que ameaçou sair de moda no Brasil. Mas felizmente com o nosso STF [Supremo Tribunal Federal] está voltando a moda os valores", disse Serra neste domingo, após a confirmação de que disputará o segundo turno. Com 99,94% das urnas apuradas, o candidato tinha 30,76% (1.883.662 votos).

O Supremo julga desde agosto o processo do mensalão --esquema de compra de apoio de parlamentares no Congresso que surgiu no primeiro governo do ex-presidente Lula (2003-2006).

"Quero sublinhar os valores da minha vida pública: trabalho incessante, esforço, do mérito, da valorização do mérito e do domínio da verdade. Do que se diz, no que faz, verdade no que conta, no que explica e no que se compromete", afirmou.

Serra também usou seu discurso para reiterar promessas feitas durante a campanha do primeiro turno, como levar o monotrilho até Cidade Tiradentes (zona leste). A ideia é que o "expresso" saia do parque Dom Pedro e passe pela Vila Prudente, por São Mateus e por Sapopemba.

“Vai ser rápido, vai ser pontual. Reitero aqui esse compromisso, porque isso é fundamental para a cidade de São Paulo e para os nossos trabalhadores, para não consumirem seu tempo e suas energias com o estresse no transporte”, disse Serra.

O tucano também relembrou suas propostas de promover a urbanização de favelas, de construir novas creches e de ampliar a oferta de cursos técnicos profissionalizantes.

“Quero dizer também que outro norte fundamental do nosso trabalho, da nossa dedicação, será tirar ideias e projetos do papel e fazer acontecer, porque é muito fácil expor ideias, muito fácil anunciar projetos muito difíceis de realizar”, disse Serra em uma crítica velada às propostas de Bilhete Único Mensal e “Arco do Futuro”, apresentadas por Haddad e já criticadas pelo tucano durante a campanha.

O bordão “vamos falar sobre São Paulo”, tão repetido por Russomanno durante a campanha  --e que por muito tempo ajudou o candidato do PRB a se manter na liderança isolada da disputa-- foi, de certa forma, incorporado por Serra, que repetiu diversas vezes em seus dois discursos deste domingo (no momento da votação e após o resultado) que fará uma campanha de segundo turno “em favor da cidade de São Paulo”.

“A partir de agora, campanha do segundo turno, campanha do bem, campanha a favor da cidade, campanha, quando der, bem humorada, campanha de dia, de noite e de madrugada”, disse Serra ao encerrar seu discurso.

Haddad fala em "vontade de mudança"

Haddad -que com 99,94% das urnas apuradas tinha 1.775.248-- afirmou que as urnas mostraram "a vontade de mudança" que sua proposta de governo propõe foi percebida pelo eleitor. "Esse desejo de mudança está em um documento e trará melhora de qualidade de vida ao morador [de São Paulo]", disse. "Senti que há um sentimento comum em muitas candidaturas de que há a necessidade da mudança."

Ele criticou Serra. "O candidato Serra tem uma maneira própria de fazer política que eu não concordo. Eu gostaria de fazer um segundo turno de discussão de debate de idéias, de propostas, e é isso que eu vou propor desde o começo."

Haddad afirmou que conversará com líderes de outros partidos nos próximos dias em busca de apoio para disputar o segundo turno contra José Serra (PSDB).

Russomanno não define apoio

Celso Rusomanno (PRB) disse, em entrevista coletiva na noite deste domingo (7), que não tem "problema nenhum" em apoiar um dos candidatos que foram ao segundo turno ao ser questionado pelos repórteres.

Segundo ele, a condição do apoio é o alinhamento dos projetos: "Quem a gente for apoiar tem que estar [alinhado conosco], ter projetos alinhados aos nossos", afirmou.

Corrida eleitoral

A disputa em São Paulo foi marcada, no início, por uma polarização entre PT e PSDB, o que permitiu o crescimento da candidatura de Russomanno. Quando a campanha começou, em julho, o candidato do PRB aparecia em segundo lugar nas pesquisas, atrás de Serra, mas conseguiu ultrapassar o tucano já no mês seguinte.

Acostumado a ouvir que sua campanha iria se desidratar com o tempo, Russomanno se manteve acima do índice de 30% das intenções de voto até duas semanas antes do primeiro turno, quando começou a sofrer ataques de Serra, Haddad e, também, de Gabriel Chalita, candidato do PMDB à prefeitura.

No entanto, Rusomanno começou a cair nas últimas pesquisas. E, de acordo com as duas últimas pesquisas eleitorais, divulgadas no sábado (6), a corrida eleitoral ganhou três postulantes ao segundo turno. Os eleitores foram às urnas neste domingo com empate técnico entre os três candidatos com melhor desempenho.

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