Com três candidatos empatados, São Paulo deve ter a eleição mais acirrada em 27 anos

Do UOL, em São Paulo

De acordo com as duas últimas pesquisas eleitorais, divulgadas no sábado (6), a eleição para a Prefeitura de São Paulo deste domingo será a mais acirrada dos últimos 27 anos.

Pelo Datafolha há empate técnico entre os candidatos José Serra (PSDB), que tem 28% dos votos válidos, Celso Russomanno (PRB), com 27%, e Fernando Haddad (PT), 24%. O Ibope mostrou um cenário ainda mais disputado. Serra, Russomanno e Haddad tem 26% cada um dos votos válidos.

Nas eleições municipais que ocorrem depois do fim da ditadura militar --a partir de 1985-- a disputa maior sempre foi entre dois candidatos. No primeiro turno de 1992, por exemplo, Paulo Maluf (na época no PDS) teve 37,27% dos votos válidos, enquanto Eduardo Suplicy (PT), ficou com 23,41%. O terceiro colocado, Aloysio Nunes (na época no PMDB) recebeu apenas 9,84% dos votos.

A eleição de 2012 é desafio para os cientistas políticos. Além disso, o resultado das urnas de São Paulo --além de Belo Horizonte e Recife-- terão grande impacto na corrida eleitoral de 2014, quando os governos estaduais e a presidência estarão em jogo.

Caso Russomanno vá ao segundo turno, haverá em São Paulo uma quebra da tradicional polarização entre PT e PSDB.

Também está em jogo em São Paulo o destino de Serra, um dos principais políticos da oposição. Se for derrotado, o tucano pode perder espaço no partido, pelo qual tentou a Presidência duas vezes (2002 e 2010). Se ele ganhar, manterá sua influência no PSDB, embora isso não signifique que voltará a concorrer à Presidência pela sigla.

A eleição paulistana também é importante para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Padrinho político de Haddad, Lula articulou sua candidatura e tem participado ativamente da campanha do pupilo.

Se o petista for derrotado, será uma derrota pessoal do ex-presidente sairá enfraquecido. Por outro lado, uma vitória de Haddad ajudaria a contrabalançar a maré de notícias negativas para o PT desde que o STF (Supremo Tribunal Federal) começou o julgamento do mensalão, há dois meses.

Campanha

A disputa em São Paulo foi marcada, no início, por uma polarização entre PT e PSDB, o que permitiu o crescimento da candidatura de Russomanno. Quando a campanha começou, em julho, o candidato do PRB aparecia em segundo lugar nas pesquisas, atrás de Serra, mas conseguiu ultrapassar o tucano já no mês seguinte.

Acostumado a ouvir que sua campanha iria se desidratar com o tempo, Russomanno se manteve acima do índice de 30% das intenções de voto até duas semanas antes do primeiro turno, quando começou a sofrer ataques de Serra, Haddad e, também, de Gabriel Chalita, candidato do PMDB à prefeitura.

Há oito dias, na pesquisa Datafolha concluída no dia 27, ele aparecia com 34% dos votos válidos.

Na segunda fase da campanha, os adversários criticaram, principalmente, a ausência de um programa de governo consistente e a proposta de tarifa de ônibus proporcional apresentada por Russomanno.

Já o candidato Serra foi obrigado desde o início da campanha a tentar convencer o eleitor que vai permanecer no cargo de prefeito até o fim do mandato --e não deixar o cargo para disputar o governo do Estado ou a Presidência da República, como aconteceu em 2006. Após ser abordado sobre o tema em entrevistas e debates, ele exibiu depoimento no horário eleitoral gratuito afirmando que, caso eleito, vai cumprir o mandato.

O início da campanha do PT foi marcado por momentos de tensão. Indicado por Lula para disputar o cargo de prefeito de São Paulo --contrariando a intenção de Marta Suplicy em concorrer--, o ex-ministro da Educação Fernando Haddad amargou falta de apoio da ex-prefeita até o dia 5 de setembro, quando ela entrou na campanha.

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A presidente Dilma Rousseff também escolheu o palanque de Haddad para fazer sua estreia em comícios nestas eleições. Dilma participou de evento do petista na última segunda-feira e já vinha aparecendo na propaganda eleitoral de Haddad desde o dia 10 de setembro.

O apoio recebido do deputado federal Paulo Maluf (PP-SP), adversário histórico do PT em São Paulo, também acabou se tornando um problema para Haddad. A aliança, que foi selada com a foto de um aperto de mão entre Lula e Maluf, ao lado de Haddad, nos jardins da casa do deputado, provocou a saída da então vice da chapa do petista, deputada federal Luiza Erundina (PSB-SP). A coligação, então, lançou o nome de Nádia Campeão (PC do B).

A aliança com Maluf, bem como a ligação do petista com José Dirceu e Delúbio Soares, réus no processo do mensalão foram usados pela campanha de Serra para atacar Haddad em comerciais na TV e no rádio.

Religião e política

A disputa em São Paulo também foi marcada pela interferência das igrejas. Em setembro, o cardeal dom Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo, orientou padres de cerca de 300 paróquias a ler em missa um texto sobre "voto consciente", com críticas veladas à candidatura de Russomanno.

A cúpula do PRB, partido de Russomanno, é formada por membros da Iurd (Igreja Universal do Reino de Deus). O candidato nunca admitiu sua relação com a Iurd, mas, na última quarta-feira (3), o bispo Edir Macedo, líder da Iurd e dono da Rede Record, publicou em seu blog uma carta em que pedia votos a Russomanno e ataca Haddad. A carta, não assinada, era atribuída a um “amigo”.

Também concorrem à Prefeitura de São Paulo os candidatos Soninha Francine (PPS), Paulinho da Força (PDT), Carlos Giannazi (PSOL), Levy Fidelix (PRTB), Ana Luiza (PSTU), Anaí Caproni (PCO), Eymael (PSDC) e Miguel Manso (PPL).

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