Com amplo apoio e embalado por Olimpíada, Paes deve vencer no 1º turno neste domingo (7)

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, no Rio

Candidato à reeleição pelo PMDB, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, deve vencer a eleição deste domingo (7), no primeiro turno, com folga em relação ao seu principal adversário, Marcelo Freixo (PSOL).

Líder em todas as pesquisas de opinião, sempre acima dos 50% de intenções de voto, Paes conseguiu algo raro na política: uma coligação formada por 20 partidos --o que lhe garantiu mais de 16 minutos de propaganda na TV--, e o apoio de todas as esferas de governo, inclusive o da presidente da República, Dilma Rousseff.

Embalado pelos projetos em face da Copa do Mundo 2014 e dos Jogos Olímpicos 2016, o peemedebista manteve durante toda a campanha o foco publicitário nas grandes intervenções anunciadas pela Prefeitura do Rio durante a sua gestão, tais como a construção de quatro linhas do BRT (Bus Rapid Transit), o popular "Ligeirão", a revitalização da zona portuária por meio do projeto Porto Maravilha, a concessão de moradias populares por meio de programas como o Minha Casa, Minha Vida (em parceria com o governo federal), Morar Carioca e Bairro Carioca, entre outras iniciativas.

Segundo a última pesquisa do Datafolha, divulgada na quarta-feira (3), o atual prefeito registra 57% das intenções de voto, o que lhe garantiria a vitória já no primeiro turno. Em comparação com a primeira amostra, feita em julho, Paes conseguiu subir três pontos percentuais.

Jingle

O crescimento diz respeito ao período do horário político e a eficácia da propaganda eleitoral do peemedebista é inegável. Associando-se constantemente ao samba e ao universo do subúrbio, o candidato à reeleição conseguiu criar jingles que fizeram sucesso nas ruas.

O refrão de uma de suas músicas de campanha diz muito sobre a estratégia de campanha do atual prefeito: "Tá no Parque Madureira".

Paes citou o projeto do Parque Madureira, considerada a terceira maior área verde do Rio, em praticamente todas as suas peças publicitárias.

Somado a isso há o fato de o candidato à reeleição ser ligado à Portela, uma das escolas de samba mais tradicionais do Rio e um dos símbolos de Madureira. O bairro histórico do subúrbio do Rio se transformou em uma espécie de ponto de referência da campanha de Paes.

Quanto às áreas que geraram as críticas mais severas da população e dos adversários, a campanha do peemedebista aproveitou a reta final da corrida eleitoral, já com a liderança absoluta nas pesquisas, para exaltar números e estabelecer comparações com a gestão de seu antecessor, o ex-prefeito César Maia (DEM) --que deixou o cargo com péssima avaliação--, além de consolidar promessas sobre temas como saúde e educação.

Saúde pública

Ciente de que os adversários utilizariam o fato de o Rio ter sido classificado pelo Ministério da Saúde como a pior saúde pública  do Brasil entre as capitais, o pleiteante à reeleição fez um grande investimento midiático para mostrar o projeto das Clínicas da Família --ele promete construir mais 70 unidades até 2016.

Além disso, em várias entrevistas, afirma ter conhecimento de que esse é o ponto mais crítico de sua gestão. "Não sou imbecil, não acho que o carioca está sendo bem tratado nas clínicas da família, não. Mas tem avanços”, disse ele durante a sabatina Folha/UOL.

Em relação às críticas sobre a educação, Paes concentrou seus esforços em mencionar de forma constante o fato de "ter sido ele o prefeito que acabou com a aprovação automática", sendo esta uma das primeiras medidas aprovadas no início de sua gestão, em 2009.

O prefeito também mostrou na maioria de suas propagandas eleitorais o projeto das Edis (Escolas de Desenvolvimento Infantil), apelidadas por ele de "supercreches".

Por fim, o candidato utilizou os dados do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Escola Básica), avaliados pelo Ministério da Educação, para afirmar que a rede municipal de ensino no Rio é uma das cinco melhores entre as capitais brasileiras. Ele promete colocar a capital fluminense no primeiro lugar do ranking até 2016.

Embates

Na corrida eleitoral, o favorito Eduardo Paes também teve que lidar com questões relacionadas à sua gestão e ao amplo apoio político costurado pelo PMDB nos últimos quatro anos.

Sempre associado ao crescimento das milícias pelo seu principal adversário, Marcelo Freixo, o candidato à reeleição optou por uma estratégia defensiva, evitando o confronto verbal com o concorrente --durante a sabatina Folha/UOL, Paes classificou as declarações do representante do PSOL como "desespero eleitoral".

Na visão de Freixo, a gestão de Paes supostamente contribuiu para a expansão dos grupos paramilitares por não ter "cortado os braços econômicos" da máfia instalada principalmente na zona oeste da cidade.

O candidato socialista citou em diversas entrevistas, encontros e debates uma foto na qual Paes aparece em uma reunião com milicianos ligados a cooperativas de vans em bairros como Santa Cruz e Campo Grande.

Em um dos debates na TV, Paes afirmou não ter o hábito de "pedir antecedentes criminais" das pessoas que participam de reuniões em seu gabinete, e ironizou o adversário citando um candidato a vereador do PSOL cujo nome foi citado na CPI das Milícias --presidida pelo próprio Freixo, em 2008, na Assembleia Legislativa.

Na réplica, Freixo afirmou que o seu partido determinou "imediatamente" a expulsão do candidato, e desafiou o pleiteante à reeleição pedindo que o eleitor buscasse informações na internet sobre a questão das milícias --em uma entrevista à "TV Globo", em 2006, Paes afirmou que os grupos paramilitares eram uma "autodefesa das comunidades", referindo-se a estes como "polícia mineira".

O peemedebista teve que lidar ainda com a repercussão negativa sobre a suposta compra de apoio político denunciada pela revista "Veja" no último fim de semana --de acordo com o presidente estadual do PTN, Jorge Sanfins Esch, o PMDB teria prometido repasse de cerca de R$ 200 mil em troca do apoio à reeleição de Paes.

O tema fez com que o último debate na TV antes da eleição, na quinta-feira (4), na "TV Globo", fosse marcado por um duelo repleto de acusações e alfinetadas entre Eduardo Paes e Marcelo Freixo.

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