Contra líder, Humberto Costa e Daniel Coelho atacam governo do Estado em debate no Recife

Carlos Madeiro

Do UOL, no Recife

Num debate de poucas propostas e muitos ataques, os principais candidatos a prefeito do Recife utilizaram o último debate na TV Globo nesta quinta-feira (5) para“estadualizar” o confronto de ideias.

Enquanto o candidato do governador Eduardo Campos (PSB) e líder nas pesquisas, Geraldo Julio (PSB), usou boa parte do tempo para defender o governo, os demais candidatos esqueceram as propostas e atacaram a gestão estadual.

Os principais ataques foram feitos pelo candidato petista Humberto Costa, mostrando que o clima entre os ex-aliados PT e PSB é de guerra.

No segundo bloco, com perguntas com tema livre, Costa questionou o principal concorrente na disputa por uma vaga no segundo turno, Daniel Coelho (PSDB), sobre a PPP (Parceria Público-privada) da Compesa (Companhia Pernambucana de Saneamento), com edital lançado pelo governo do Estado e que prevê administração privada da empresa estatal. O assunto foi o principal tema puxado pelo PT nos últimos dias de campanha.

Questionando o opositor, Costa atacou o governo do Estado --do qual foi secretário das Cidades-- e prometeu lutar contra a PPP.

“Segundo o contrato assinado, a receita do esgotamento sanitário passa de imediato para quem ganhar a PPP. É dinheiro público, dado de mão beijada à empresa. Se eleito, meu primeiro ato será retirar a assinatura da prefeitura, convocar o presidente da Compesa e sugerir um amplo debate dessa PPP. O governo do Estado gastou dinheiro público, por meio da Compesa, para por notas jornais sobre isso. É uso da máquina pública, e Recife é uma cidade libertária, não será curral eleitoral”, atacou.

O candidato Daniel Coelho também criticou a PPP, mas não deixou de alfinetar o candidato do PT. “Evidentemente vamos ter um deficit nas contas da Compesa de 15%. Ou seja, há chance de termos um aumento nas contas é muito grande. E não há nenhuma garantia que as áreas mais pobres e carentes terão saneamento. Não posso concordar com essa parceria. Parece que o candidato Humberto não concorda com ela, mas é bom que o eleitor saiba que tem alas do PT que apoiam, como o deputado [federal] Maurício Rands e o prefeito João da Costa”, afirmou.

Em outro momento do debate, Geraldo Julio aproveitou para, rapidamente, defender a PPP. “Quero dizer que a Compesa não será privatizada, não haverá aumento de tarifa. O que haverá é mais sanamento e mais saúde para a população”, retrucou.

Em outro momento de ataque ao governador Eduardo Campos, o candidato Roberto Numeriano (PCB) acusou governo do Estado de usar a máquina pública para beneficiar o candidato Geraldo Júlio. “O governo do Estado esperou as eleições para colocar os militares da PM [Polícia Militar] na Patrulha do Bairro [programa lançado no início de setembro]. Acho isso um absurdo, e faço essa denuncia aqui”, disse.

Já Geraldo Julio, que era secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado antes de ser candidato a prefeito, fugiu do confronto com os dois principais adversários e usou praticamente todo tempo do debate para perguntar e, ao mesmo tempo, apresentar dados da gestão estadual. “Pernambuco vive um momento especial, com a geração de meio milhão de empregos nos últimos cinco anos. Recife pode aproveitar esse momento, com capacitações”, disse.

Em outro momento, ao responder sobre educação, voltou a louvar números do Estado e falou em “revolução”. “Temos resultados hoje que eram esperados apenas para 2020”, disse, prometendo tablets para todos os alunos e escolas de ensino integral nas escolas”, afirmou, lembrando que o governo do Estado tomou medidas similares.

Já o candidato Mendonça Filho (DEM) aproveitou seu tempo para criticar a gestão municipal, do prefeito João da Costa (PT). "O Recife não tem manutenção em nada que você pode imaginar. A iluminação é precária. Somos a 26ª capital do Brasil na educação e última entre as capitais do Nordeste”, criticou, citando ainda o aumento do IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) acima a inflação para dez mil proprietários de imóveis. “Isso ocorreu indevidamente. Eu vou revogar o aumento da prefeitura PT-PSB”, afirmou, ligando os dois partidos, que foram aliados na prefeitura nos por três anos e meio.

Quem também fez questão de ligar a gestão municipal a PT e PSB foi Daniel Coelho, que também criticou duramente a gestão da prefeitura. “A educação do Recife é uma calamidade. Vamos Resgatar o abandono que o PT e PSB deixaram no Recife”, atacou.

Denúncia

Em outro momento tenso do debate, no quarto bloco, Humberto Costa acusou Geraldo Julio de esconder, em seu guia eleitoral, que foi secretário da Fazenda de Petrolina, no sertão pernambucano.

“Ele omite que foi a pessoa que autorizou o empréstimo contraído no BNDES de R$ 30 milhões que deveria ser usado em saneamento, educação e até hoje ninguém sabe onde foi aplicado. Ele ampliou o endividamento de Petrolina acima da lei e isso já foi tema de decisão do Tribunal Regional da 5ª Região. É esse o 'grande' gestor que governar o Recife”, ironizou.

Em tom calmo, Geraldo Julio negou a denúncia. “Humberto, o empréstimo foi assinado antes da minha chegada. E você sabe que quem tem autorização para assinar o empréstimo é o prefeito. E os recursos foram usados em educação e saneamento. Minha vida é publica, não tenho nada a esconder”, defendeu-se.

O debate do Recife contou com cinco candidatos. Douglas Sampaio (PRTB), que foi convidado, informou à tarde que não poderia participar do encontro.

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