FHC defende Serra como "homem carinhoso" em encontro com artistas e intelectuais

Julianna Granjeia

Do UOL, em São Paulo

Em encontro de artistas e intelectuais realizado em um cinema da avenida Paulista (região central) para apoiar a candidatura de José Serra (PSDB) à Prefeitura de São Paulo, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso deu ênfase ao lado humano de Serra e disse que o candidato tucano é a "recuperação da moral" na política.

FHC diz que Serra tem coração e é 'recuperação moral' da política

Durante o evento, realizado no início da tarde desta terça-feira (18), FHC se esforçou para mostrar um outro lado de Serra, geralmente mais identificado com o perfil de um político técnico e sem muito carisma e empatia com os eleitores.

"Dentro dessa carapaça de homem competente, tem um coração bom, que pulsa", disse o ex-presidente durante o encontro. "Um homem carinhoso, que se dá bem com crianças, que ama São Paulo e que pode cuidar dessa cidade."

As críticas que FHC fez aos adversários políticos de Serra e do PSDB, seu partido, foram veladas, mas podem ser entendidas como ataques ao PT, que se vê às voltas com o julgamento do mensalão no STF (Supremo Tribunal Federal), e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

"O Serra é um candidato do bem, candidato das pessoas de bem e de ética", afirmou FHC. "É um candidato decente, que pode melhorar a cidade pelo esforço, pelo estudo, e não pela malandragem".

Serra rejeita caos na cidade

Em seu discurso, Serra falou diretamente da disputa eleitoral pelo comando da capital paulista e criticou o "fisiologismo" e o "aparelhamento" do governo federal pelo PT.

"As pessoas falam de caos no transporte, caos disso, caos daquilo. Isso não existe. O que existe é a possibilidade disso [caos] acontecer caso a cidade caia em mãos erradas", afirmou o candidato tucano.

Serra mais uma vez se defendeu das acusações sobre o abandono da prefeitura em 2006, quando deixou o cargo de prefeito para se candidatar ao governo do Estado de São Paulo.

"Estão alimentando essa história de que se eu for eleito, vou abandonar a prefeitura. Isso não é verdade", disse o candidato tucano. "O grande desafio é levar informações corretas para a população. Tudo lugar que eu vou, as pessoas me perguntam [sobre a possível saída], eu tenho que explicar."

Falando para uma plateia lotada de atores, cineastas, músicos, gestores culturais, médicos e professores universitários, Serra prometeu construir três museus na cidade: do Carro, da Moda e da Canção, e destacou suas realizações como político.

"Eu fico impressionado e com dificuldade de resumir tudo o que nós já fizemos", afirmou Serra.

"Dá gosto de poder continuar e medo do que a cidade pode se tornar se virar sucursal de partido ou loteamento, mas para tudo isso acontecer, precisamos ganhar a eleição, temos que sair do casulo. Essa eleição é um caso complexo, com implicações nacionais", disse Serra, que voltou a criticar o PT.

"Esse julgamento do STF (do mensalão) é o começo do fim, como disse Churchill, da impunidade no Brasil. Estamos vendo virtudes de onde não se esperava, que o Judiciário chegasse a esse ponto. Precisamos voltar a valorizar a ética e a moral na política."

Serra também falou sobre a nomeação da ex-prefeita Marta Suplicy para o ministério da Cultura.

"Essa troca de apoio a campanha é a volta do patrimonialismo. O PT reviveu o que o Brasil tinha de pior do patrimonialismo. É o bolchevismo sem a utopia de igualdade."

O evento foi organizado por simpatizantes do tucano no meio artístico e intelectual, entre os presentes estavam as atrizes Bruna Lombardi, Beatriz Segall e Patrícia de Sabrit, o maestro Julio Medaglia, o cineasta Hector Babenco, o coreógravo Ivaldo Bertazzo, o médico David Uip, o ator Odilon Wagner, o ex-ministro da Justiça José Gregori, o ex-ministro das Relações Exteriores Celso Lafer e o reitor da USP (Universidade de São Paulo), João Grandino Rodas.

Eles redigiram um manifesto, lido por Gregori, de apoio à candidatura de Serra que elenca justificativas de apoio ao tucano.

"Estamos com Serra porque aceitou defender os interesses da cidade quando foi chamado a concorrer ao governo do Estado para que este não caísse em mãos de aloprados, tendo sido o primeiro governador de São Paulo eleito no primeiro turno desde a instituição das duas etapas de votação [...] Estamos com Serra porque combatemos a turma do preconceito, do autoritarismo, do obscurantismo, das falsas promessas e dos que usam o poder para fazer negócios e negociatas, muitos já sendo condenados pela mais alta Corte da Justiça", diz o manifesto de apoio.

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