Em queda nas pesquisas, Fruet vai para o ataque no segundo debate na TV em Curitiba

Rafael Moro Martins

Do UOL, em Curitiba

Em baixa nas pesquisas, Gustavo Fruet (PDT) partiu para o ataque no segundo debate entre os candidatos a prefeito de Curitiba, realizado na noite da quinta-feira (13) pela CNT. “A violência se manifesta no processo eleitoral. De forma covarde e sórdida, dizem que me aliei a mensaleiros”, disse, no início do encontro, ao ser instado a apresentar propostas sobre segurança pública.

Ao final do encontro, que durou cerca de 1h50, Fruet – que durante boa parte do encontro falou com rapidez, algumas vezes estourou o tempo até para fazer perguntas e até gaguejou – voltou ao tema, com mais ênfase. “Nunca desonrei a história do meu pai (o ex-prefeito Maurício Fruet). Sou vítima de campanha covarde. Sempre estive contra corrupção, aqui e em Brasília”, bradou.

“Lá, participei da CPI que resultou no julgamento do mensalão. Aqui, pedi afastamento do (ex-presidente da Câmara Municipal João Claudio) Derosso (PSDB, ex-aliado do prefeito e candidato a reeleição Luciano Ducci), que teve mandato cassado.”  Depois, concluiu. “Peço oração, pois estou enfrentando máquina de destruição.”

A campanha do prefeito e candidato a reeleição Luciano Ducci (PSB) leva ao ar, há algumas semanas, comerciais de rádio que vinculam o ex-tucano Fruet ao PT (historicamente rejeitado a Curitiba), partido com “políticos condenados por vários crimes de corrupção”, e questionam a coerência do pedetista.

Terceiro colocado na pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira (13) após o TRE-PR (Tribunal Regional Eleitoral do Paraná) derrubar liminar obtida por sua coligação que impedia a publicação dos resultados, Fruet também atacou os institutos de pesquisa logo em sua primeira intervenção.

“Todos erraram”, afirmou, ao lembrar os levantamentos realizados às vésperas das eleições de 2010 – à época concorrendo ao Senado, Fruet aparecia muito atrás de Gleisi Hoffmann (PT) e Roberto Requião (PMDB) a uma semana da votação, mas quase ficou com uma das vagas.

Vacina contra a inexperiência

Ratinho Jr. (PSC), que fez no debate da CNT sua primeira aparição em público após a divulgação da pesquisa que o coloca, pela primeira vez, como líder das intenções de voto em Curitiba, evitou o confronto aberto com os demais candidatos.

Em vez disso, preferiu proteger um de seus prováveis pontos fracos no decorrer da campanha, a falta de experiência – tem apenas 32 anos de idade. Aproveitou intervenção sobre infraestrutura para citar ex-prefeitos notórios de Curitiba. “Ney Braga, com 34 anos, iniciou o planejamento de cidade. Depois veio Jaime Lerner, em 1971, com apenas 34 anos”.

Mais tarde, lançou mão de clichês. “A educação não transforma o mundo, transfoma as pessoas”, falou, antes de lembrar que há “23 mil crianças fora das creches” em Curitiba.  Em suas considerações finais, fez questão de agradecer ao pai, o apresentador Ratinho, do SBT.

“Em todos os momentos da vida, [ele] esteve ao meu lado”. Depois, novamente demonstrando preocupação em apagar a imagem de “inexperiente”, citou cursos de formação que frequentou e argumentou que o prefeito “não tem que ser um tecnocrata, mas um gestor”.

E lembrou: “meu projeto não é para 2014”, em referência às candidaturas de Fruet e Ducci, apoiados, respectivamente, pelo casal de ministros Gleisi Hoffmann e Paulo Bernardo, do PT, e o governador Beto Richa (PSDB), que veem na disputa pela prefeitura de Curitiba uma prévia para a corrida ao Palácio Iguaçu daqui a dois anos.

Ducci, como sempre, usa Richa

Luciano Ducci, como tem sido comum durante a campanha, valorizou o papel de Richa, seu padrinho político. Em sua primeira intervenção, ao replicar Fruet sobre segurança pública, falou em contratação de policiais militares – atribuição do governo do estado. Depois, disse que “juntos, poderão fazer muito mais”, em referência à sua parceria com o governador.

“Curitiba é a capital que mais reduziu pobreza e miséria no Brasil”, garantiu Ducci, citando um dos orgulhos de sua gestão. Mas, do nanico Carlos Moraes (PRTB), teve de ouvir que a cidade é a capital com mais moradores de rua (4 mil pessoas, segundo ele).

Algumas vezes, Ducci resgatou temas de perguntas (e até de blocos) anteriores, o que pode ter causado certa confusão entre os telespectadores. Não foi o único a fazê-lo, porém. O pouco espaço deixado para intervenções dos candidatos fez com que inúmeras vezes a mediadora, a jornalista Salete Lemos, interrompesse os oradores.

Na volta do terceiro bloco, o prefeito aproveitou para responder a críticas sobre o uso de potencial construtivo do município no financiamento de obras da Arena da Baixada, estádio que pertence ao Atlético Paranaense e será usado na Copa do Mundo de 2014. O assunto ainda está em discussão na Câmara Municipal. “Tenho certeza de que Curitiba será a melhor sede da Copa”, afirmou.

Nas considerações finais, deu a si mesmo a oportunidade que o sorteio não lhe conferiu, e apresentou propostas para a área de saúde, um dos calcanhares de aquiles de sua administração. Mas foi genérico. “Vamos avançar ainda mais”.

Pequenos se destacam com risos e citações

Com poucas chances nas pesquisas, Rafael Greca (PMDB), Bruno Meirinho (PSOL) e Carlos Moraes (PRTB) protagonizaram alguns dos melhores momentos do debate.

Greca abusou de citações – do poeta Emílio de Menezes ao ex-primeiro ministro britânico Winston Churchill. Em dado momento, fez uma pergunta generosa ao socialista Meirinho – algo impensável alguns anos atrás para um ex-filiado ao PFL, partido pelo qual foi ministro do Turismo no governo de Fernando Henrique Cardoso.

Moraes, que é radialista, mostrou desconhecer as regras do debate. Por mais de uma vez, interrompeu a mediadora para perguntar o que deveria fazer. Teve, porém, seu grande momento ante Luciano Ducci, quando o prefeito prometia estender a Linha Verde (obra de transformação do trecho urbano da BR-116 em avenida) até Fazenda Rio Grande, na região metropolitana.

“[Para isso] Vamos precisar dar cinco mandatos a ele”, disse. O próprio Ducci, captado pelas câmeras, não conseguiu conter o riso.

Já Meirinho foi mais discreto. Abusou de frases longas e, em seu pronunciamento final, citou o poeta russo Vladimir Maiakovski.

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