Em sua primeira participação em um ato oficial de campanha de rua do candidato à Prefeitura de São Paulo do PT, Fernando Haddad, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva comparou o ex-ministro da Educação à presidente Dilma Rousseff, assumiu a autoria das duas candidaturas e anunciou que irá se dedicar prioritariamente à disputa na capital paulista.

Na tarde desta terça-feira (12), em evento sindical realizado na região central de São Paulo, Lula afirmou que se convenceu da necessidade de indicar Haddad como candidato em São Paulo após tê-lo como ministro, e por buscar "sangue novo e compromissos antigos". A partir daí, disse Lula, passou a tentar convencer o PT e seus aliados políticos a abraçarem a candidatura.

"E não pensem que foi fácil. Me chamaram de louco nas duas vezes", afirmou Lula, ao começar a comparação com a presidente. "A Dilma não sabia falar em público, não sabia nem abraçar o povo, mas ela aprendeu, abraçou e gostou. E o Haddad vai gostar mais ainda".

Em um discurso que durou aproximadamente 25 minutos, Lula fez piada por só poder tomar água durante sua fala --"nos meus tempos de dirigente sindical, eu dava bicadinhas em outras coisas"--, e afirmou que a decisão de priorizar a campanha de Haddad dentre todas disputas eleitorais do PT neste ano vem do fato de ainda estar se recuperando do tratamento contra um câncer na laringe.

"Minha garganta já está melhorando, mas ainda não posso viajar muito. Por isso, vou me dedicar mais à campanha do Haddad", disse o ex-presidente, que anunciou sua participação em dois comícios do candidato do PT no próximo fim de semana, na zona sul de São Paulo.

Haddad chama Serra de "prefeito de meio expediente"

Ao ser chamado ao palco, Haddad criticou o candidato José Serra (PSDB), a quem classificou de "prefeito de meio expediente", e também o atual prefeito Gilberto Kassab (PSD), que assumiu o comando da capital paulista pela primeira vez quando o tucano deixou a prefeitura para se candidatar ao governo do Estado de São Paulo.

"Alguém aqui quer um prefeito de meio mandato, de meio expediente? Não é só o fato de o Serra ter abandonado a prefeitura que incomoda", disse o candidato petista. "É ele ter deixado o Kassab, que não tem condição de administrar São Paulo nem coisa nenhuma".

 Lula, Haddad, ou quaisquer das lideranças do PT e dos partidos aliados que discursaram no ato fizeram menção à nomeção da senadora e ex-prefeita Marta Suplicy como ministra da Cultura.

Antes do início do evento, porém, o candidato petista negou que a ida de Marta para a Cultura tenha relação com o apoio que a senadora e ex-prefeita deu à sua candidatura. "Quem conhece a presidente Dilma sabe que ela não é mulher de 'toma lá, dá cá'"

"Eu mesmo fiquei sabendo desta notícia hoje pelos portais", afirmou Haddad. "Se tivesse a ver a com a minha campanha, isso já teria sido feito muito antes. Entendo que a Marta é um grande quadro para ocupar o ministério".