Em Osasco, PT lança novo candidato, não cita João Paulo Cunha e incita militância para 'guerra'

Vinícius Segalla

Do UOL, em São Paulo

Em um ato que reuniu quase 2.000 militantes e dezenas de lideranças partidárias, o PT lançou, na noite da última segunda-feira, a candidatura do engenheiro Jorge Lapas à prefeitura de Osasco, na Região Metropolitana São Paulo. Lapas, ex-secretário de governo do atual prefeito, Emídio de Souza (PT), substitui João Paulo Cunha (PT), que retirou sua candidatura no último dia 31 de agosto, após o STF (Supremo Tribunal Federal) condenar o petista por corrupção passiva e peculato (desvios de dinheiro usando cargo público) no mensalão. 

Os militantes presentes no ato foram exortados por mais de uma dezena de políticos que discursaram no ato a empenhar o máximo esforço possível na campanha. Alguns afirmaram que o PT "perdeu um soldado, mas a batalha continua". O presidente nacional do partido, deputado estadual Rui Falcão (PT-SP), chegou a afirmar que o PT sofreu um grande golpe, que faria parte de uma orquestração contra o partido movida por "forças conservadoras que foram derrotadas nas urnas".  Ninguém, porém, citou o nome de João Paulo Cunha.

No ato político em Osasco, em que estiveram presentes os líderes municipais e regionais do PT e dos outros 19 partidos que agora apoiam Jorge Lapas, além do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, o prefeito Emídio de Souza aproveitou para anunciar que irá se licenciar, na próxima segunda-feira, de seu cargo na prefeitura para dedicar-se exclusivamente à campanha de Jorge Lapas, que foi definido pelo ministro Padilha como "a Dilma do Emídio".

Já para o deputado estadual Enio Tatto (PT-SP), a eleição de Lapas tornou-se "questão de honra para o PT". Em uma alusão tácita à condenação de João Paulo Cunha no STF, o parlamentar afirmou que os últimos acontecimentos em Brasília são um "motivo a mais" para que a militância trabalhe com empenho nesta eleição. "Eles nos feriram, a gente se sente ferido, e agora é a hora de mostrar que o petista vai à guerra!", discursou Tatto.

O presidente nacional do PT, Rui Falcão, também fez menção indireta ao julgamento do mensalão, dando a entender que a condenação de Cunha teve motivação política. "A elite conservadora, que perdeu nas urnas, agora quer nos derrotar por outros meios. Para isso, lançam mão da mídia conservadora e do (Poder) Judiciário. Mas não vencerão! Eles vão ver o que acontece quando mexem com o PT".

O julgamento do mensalão no STF
O julgamento do mensalão no STF

O ato foi encerrado com um discurso do candidato Jorge Lapas. Ele lembrou as realizações do governo Emídio, de que fez parte durante oito anos. A condenação de João Paulo Cunha foi chamada de "famigerado problema", já ultrapassado. "Agora, o momento é de união. Quero pedir a vocês (militantes) que saiam às ruas em campanha, e nós iremos dar material para vocês trabalharem".

Após o fim do evento, Emídio de Souza falou aos jornalistas. Perguntado sobre o fato de nenhum político ter citado o nome de João Paulo Cunha, o prefeito disse que o assunto não vinha ao caso. "A história ninguém apaga. O João Paulo Cunha foi julgado, nós respeitamos a sua dor, mas agora vamos continuar".

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