Na disputa pela Prefeitura do Rio, Freixo se assume "romântico" contra "sisudos"

Plínio Fraga

Colunista do UOL

Na sabatina Folha/UOL desta quinta-feira (30), o candidato do PSOL à Prefeitura do Rio, Marcelo Freixo, resumiu sua estratégia de campanha em termos simples: "Temos a rede e a rua".

Com apenas pouco mais de um minuto no horário eleitoral da TV contra 16 minutos do favorito Eduardo Paes (PMDB), campanha orçada em R$ 2,5 milhões (só arrecadou R$ 90 mil até agora) contra R$ 25 milhões do atual prefeito e candidato à reeleição, Freixo assumiu que faz uma campanha "romântica" contra a "política sisuda".

Reclamou que o Rio tem hoje uma "cidadania do aplauso" e citou o escritor Lima Barreto (1881-1922) dizendo que o "Brasil não tem povo, tem público". Adotou a "primavera carioca" e rejeitou a ditadura do marketing: "Não sou um iogurte".

Resumida assim, a participação de Freixo demonstra o eixo eleitoral em que aposta: o mundo das ideias contra o mundo das coisas, materializadas na propaganda de Paes por meio de mais de R$ 20 bilhões em investimentos em corredores de transporte, avenidas,museus, habitações populares. Paes tem 53% das intenções dos votos, Freixo, 13%. A materialidade do discurso de Paes tem sido mais efetiva na atração de votos, como era de se esperar.

"Com a máquina que ele tem na mão se não estivesse na frente nas pesquisas, era para tentar o suicídio", disse Freixo. Aponta que sua rejeição é menor que a de Paes, mas reclama que seu discurso nem sempre pode ser chegar ao eleitor. "É preciso maior democratização dos meios de comunicação."

Antes que a pecha de comunista isolacionista fosse colocada nele, Freixo apresenta como modelo de orçamento participativo o da cidade de Nova York. "Para não assustar ninguém." Quer criar comissões de bairros para definir como gastar o dinheiro. "Subprefeito só serve para virar candidato a vereador depois."


Freixo foi duro ao dizer quer Paes atua em favor de milicianos que comandam o transporte alternativo para beneficiar-se eleitoralmente nas regiões em que dominam. "Bobo não se elege nem suplente."

Reconhece que os artistas que o apoiam não mudarão o rumo das eleições. "Mas é muito bom ter Chico e Caetano juntos. Pela primeira vez eles contaram que apoiam um mesmo candidato desde 1965", disse. Não foi preciso, porque Caetano e Chico apoiaram Lula contra Collor no segundo turno em 1989.

Freixo é articulado, sai bem das armadilhas lançadas a ele --ser por demais midiático, ser natural de Niterói, centrar-se mais em temas estaduais do que municipais, fazer mais campanha na zona sul do que nas zonas norte e oeste--, mas tem dificuldade em convencer que sua candidatura possui chances reais de vitória.

Sempre escapa um certo ar quixotesco, de estar combatendo o bom combate, mas contra um inimigo que não está nem aí para ele. Nesse caso particular de Quixote, é o Moinho de Vento que o define como imaginário.

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