Serra adere à moda laranja na campanha

Plínio Fraga

Colunista do UOL

A campanha de José Serra (PSDB), 70, à Prefeitura de São Paulo neste ano tem uma discreta novidade em relação às disputas que participou no passado: tons de laranja substituem o amarelo que acompanhava o azul em grande parte da comunicação visual do candidato.

A cor laranja, nos manuais publicitários, é associada à vitalidade, mudança relevante quando se tem um dos opositores 21 anos mais jovem e discurso calcado no que chama de novo, como faz Fernando Haddad (PT), 49.

Na política brasileira, Cesar Maia foi o primeiro a utitilizar massivamente a cor laranja como marca de sua gestão à frente da prefeitura do Rio entre 2001 e 2008. Mandou pintar prédios de escolas, hospitais e faixas de trânsito. Até a Linha Vermelha, principal via de acesso ao Rio, quando municipalizada, ganhou uma campanha publicitária em que dizia que passara a ser Linha Laranja.

Na atual campanha a vereador do Rio pelo DEM, todo o material de Maia é laranja, mantendo ligacão com seus anos à frente da prefeitura.

Sabe como está o desempenho do seu candidato até agora?

No Rio, a cor laranja foi adotada em 1976 pelos garis (lixeiros) da Comlurb, o departamento municipal de limpeza urbana. A escolha foi feita pelo designer visual Aloísio Magalhães, numa tentativa, bem-sucedida, de reduzir o número de atropelamentos de garis _ o francês Aleixo Gari ganhou em 1876 a concessão do serviço de limpeza do Império, tendo os cariocas batizado com seu sobrenome todos os demais trabalhadores de sua empresa indistintamente.

Ucrânia

Na Ucrânia, um candidato de oposição mobilizou milhões de pessoas e fez centenas de comícios no que ficou conhecido como a Revolução Laranja, cor que virou símbolo dos partidários da então oposição. Viktor Yushchenko venceu a eleição e enfrentou muitos problemas dois anos depois no governo, frustrando os sonhos de mudança da Revolução Laranja, provando que não basta uma cor para revolucionar.

Na publicidade comercial, grandes empresas como Gol, Itaú e Nextel, concentram suas mensagens tendo a cor laranja como padrão da comunicação visual.

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Como base em quê? Há diversos estudos sobre a reação das pessoas às cores. Alguns medem, por exemplo, o tempo de percepção a elas: 0,06s para notar a cor azul; 0,02s para a vermelha; e 0,01s para a laranja. Provando aqui que faz sentido colocar um gari de uniforme laranja para evitar um atropelamento. Mas e para ganhar um voto?

Conforme teorias do psicoterapeuta suíco Max Lüscher (autor do muito consultado "The Lüscher Color Test") , sintetizadas por Modesto Farina, um dos pioneiros no estudo de publicidade no Brasil, o laranja é uma cor expansiva, afirmativa e construtiva. Reflete entusiasmo, vivacidade. Traz boa saúde, criatividade, alegria, confiança, coragem, animação, espontaneidade e atitude positiva frente à vida. Comunicação, movimento e iniciativa geralmente são elementos dessa cor.

Mas o laranja também tem sua contrapartida negativa. Pode significar uma atitude autoritária ou esmagadora, traços exibicionistas ou de ostentação. São identificadas vibrações negativas ligadas ao descontentamento, à melancolia e à tristeza.

O vermelho petista, por sua vez, sugere motivação, atividade,  vontade, persistência, força física, estímulo e poder. É uma cor muito próxima do laranja.

Seus aspectos desfavoráveis são que podem sugerir indecência, grosseria, falta de polidez, obstinação, física, brutalidade, raiva e perigo.

Em suma, cor, sozinha, não ganha eleição. Ou, como diria Neném Prancha (1906-1976), roupeiro famoso por suas tiradas sobre futebol, se macumba ganhasse jogo, campeonato baiano terminaria empatado. E eleição também.

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