Sobrinho de Collor enfrenta candidato apoiado pelo tio e mira Brasília em 2014

Carlos Madeiro

Do UOL, em Atalaia (AL)

Filho de uma união entre duas das famílias mais tradicionais da política alagoana, Fernando Lyra Affonso Collor de Mello (PSD) leva sobrenomes conhecidos e se tornou uma atração à parte na eleição da pacata Atalaia (a 47 km de Maceió). Aos 28 anos, o filho do casal Thereza e Pedro Collor inicia a carreira política com uma modesta candidatura a vice-prefeito, mas que não o impede de mirar sonhos mais altos já em 2014.

"Poucas pessoas fariam o que meu pai fez"

Com frases de efeito, como a que aponta seu pai como um herói por denunciar um suposto esquema de corrupção envolvendo Fernando Collor, Fernando Lyra terá de encarar o primeiro desafio em família: derrotar o candidato apoiado pelo tio --o senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL). 

Em Atalaia, o PTB terá candidato próprio, o “Professor Mano”, apoiado por Collor e pelo atual prefeito Chico Vigário (PTB). As duas chapas devem polarizar a disputa, que tem ainda outros dois candidatos. O filho de Pedro Collor é vice na chapa encabeçada por Zé do Pedrinho (PSD).

A escolha de Lyra por Atalaia tem explicação econômica. O Grupo João Lyra, de propriedade de seu avô, mantém mais de 6.000 empregados na usina Uruba. A economia gira em torno da empresa. “A Uruba é a mãe de Atalaia. Logo, doutor João é o pai de Atalaia”, diz o candidato Zé do Pedrinho.

O primeiro passo de Fernando Lyra foi riscar o sobrenome Collor para usar apenas aquele que marca sua mãe e seu avô e padrinho, o deputado federal João Lyra (PSD). Segundo ele, a explicação não tem ligação com a rixa entre seu pai e seu tio.

“João Lyra é um pai para mim. Não tenho nada contra meu tio, falo com ele normalmente, mas ele não me procurou. Foi meu avô quem me procurou e disse que tinha um projeto para mim aqui em Atalaia”, conta Lyra, que perdeu o pai em dezembro de 1994, quando Pedro Collor morreu vítima de um câncer no cérebro.

Apesar de manter o tom diplomático quando fala do tio, Lyra deixa não esconde o orgulho que tem do pai, que denunciou um suposto esquema de corrupção que resultou no impeachment .

“Meu pai é um herói, um guerreiro. Poucas pessoas teriam coragem de fazer o que ele fez. Ele era uma pessoa queria mudança, que queria justiça”, diz, citando ainda que pela idade que tinha à época (oito anos de idade) era mantido afastado da disputa familiar.

Apesar da atual distância com o tio Fernando e da inexperiência na área, Lyra já tem na ponta da língua o discurso praxe na política de "não descartar" a possibilidade de, no futuro, se unir numa coligação com o tio.

“Política é muito fascinante. Não descarto nada na frente, uma questão de um apoio, tudo pode mudar. Mas estarei sempre ao lado do meu avô, que é o meu pai nos dias de hoje”, garante.

Começo

Para entrar na política, Lyra largou um futuro promissor, em São Paulo, onde cursava faculdade de rádio e TV, para retornar a Alagoas e ajudar o avô na administração das empresas que mantém e começar a encaminhar os primeiros passos na política.

“Cheguei a cursar administração e rádio e TV, mas não conclui. Quando deixei São Paulo, estava na TV Bandeirantes. Voltei a convite do meu avô. Mas vou voltar a estudar, na área de comunicação. Devo fazer jornalismo”, antecipa, seguindo a profissão do tio.

Para ajudar na eleição em Atalaia, a dupla Zé-Fernando já conta com o apoio de peso Thereza Lyra, que participou de comício no último dia 28. “Ela se animou, desceu, foi para o povo. Ela já me perguntou da agenda porque quer voltar”, diz o filho, orgulhoso da cabo eleitoral.

Lyra afirma que se tornou a aposta do avô para, em breve, ocupar a cadeira dele da Câmara Federal. “No caminho que estou, sigo na linha de sucessão dos Lyra. Todos sabem da idade avançada do avô, então devo ser candidato em 2014 a deputado federal ou a estadual, caso ele queira uma nova disputa. Mas quero seguir carreira na política”, disse.

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