TRE do Rio prende suspeito em operação contra campanha irregular no Complexo da Maré

Felipe Martins

Do UOL, no Rio de Janeiro

Uma pessoa foi presa na manhã desta terça-feira (31) durante uma operação do TRE-RJ (Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro) contra irregularidades na campanha realizadas no Complexo da Maré, no centro da cidade, uma comunidade não pacificada da cidade. O órgão também apreendeu material como cartazes, faixas e placas.

Uma equipe do TRE-RJ ia lacrar o centro social Tecnobox na tarde de hoje. O presidente do local, Francisco Waldetério, foi preso e vai responder por compra de votos. O UOL não conseguiu contato com ele nem com seu advogado.

Segundo o presidente do TRE-RJ, Luiz Zveiter, o centro social é ligado ao candidato a vereador Pedro Edson (PT). "Provavelmente, ele [responsável pelo centro] seria o testa de ferro", disse Zveiter no 22º Batalhão da Polícia Militar (Maré).

O advogado do candidato petista esteve no local para falar com Zveiter, que se negou a recebê-lo: "Só vou atendê-lo no TRE". O advogado não quis falar com a imprensa. Segundo Zveiter, a candidatura de Edson poderá ser impugnada.

De acordo com o presidente do TRE-RJ, esta é a primeira de “muitas ações” que tem como um dos objetivos acabar com as unidades ligadas à politica. Na semana passada, outro centro foi fechado na mesma comunidade.

"Nós vamos acabar com os centros sociais. É importante o eleitor votar com independência. Quem tem ligação com o crime organizado, bandido é e vai ser tratado desta forma pela Justiça Eleitoral", declarou Zveiter.

O material apreendido foi levado o batalhão da PM. Além do candidato petista, as propagandas encontradas tinham os nomes dos candidatos a vereador Paulo Messina (PV), Del (PMDB), Teresa Bergher (PSDB) e Elias Torres (PSC).

Algumas das placas tinham o nome e a imagem dos candidatos a vereador associados ao prefeito e candidato a reeleição Eduardo Paes (PMDB). A multa por propaganda irregular varia de R$ 5 mil a R$ 25 mil.

Pelo Twitter, Paes disse que está tomando as providencias necessárias.  “Acoordenação da minha campanha já solicitou formalmente a Comlurb [Companhia Municipal de Limpeza Urbana do Rio] que quaquer material com minha foto em via pública deva ser retirado”, escreveu o prefeito. “A coordenação de campanha já solicitou aos candidatos da coligação que não coloquem esses materiais em via pública.”

Resposta dos candidatos

O candidato pelo PMDB, Del, disse que todas as placas foram colocadas com a autorização de moradores.  Segundo ele, “se havia placa em local irregular, foi por maldade dos adversários”.

“Eu não fui notificado ainda. A ordem para o pessoal da campanha é para colocar placas apenas onde o morador autoriza. O que pode ter acontecido é que os adversários por maldade tiraram a placa dos locais autorizados e colocaram em locais irregulares”, afirmou Del.

Segundo a assessoria da vereadora candidata à reeleição Teresa Bergher (PSDB), todas as placas foram colocadas com a autorização de moradores por escrito. O mesmo foi informado pela campanha do também vereador e candidato a mais um mandato Paulo Messina (PV).

Ainda de acordo com a candidatura de Messina, nenhuma placa estava colocada em espaço público. O vereador disse que irá consultar o TRE para entender o motivo da apreensão e se adequar a norma eleitoral.

O UOL procurou os diretórios do PT e do PSC para falar com os candidatos Pedro Edson e Elias Torres, respectivamente. Os partidos forneceram telefones de contato, mas os candidatos não atenderam as ligações.

Operação começou às 6h

O TRE, com o apoio das policiais Federal, Civil e Militar, desencadeou na manhã de hoje a primeira força tarefa em uma comunidade não pacificada. O objetivo é verificar denúncias de abuso econômico e político de candidatos com supostas ligações com o crime organizado.

Os agentes do TRE estão na Maré em 18 equipes distribuídas em 11 carros. O Ministério Público Federal também participa da ação.

Além dos centros sociais irregulares, os agentes estão verificando denúncias de compra de voto e a proibição da presença de candidatos que não são ligados ao crime organizado de circularem na comunidade.  "Todo o candidato tem direito a fazer propaganda, e não só  aquele ligado ao crime organizado",  afirmou Zveiter.

A operação conta com a presença de 322 homens. O Bope e os agentes da Polícia Civil foram os primeiros a entrar na Maré, por volta das 6h.

Os policiais tomaram as comunidades Parque União, Nova Holanda e Rubens Vaz para garantir a segurança da entrada do TRE.

Com a área cercada, os agentes da fiscalização eleitoral entraram na região com o apoio da polícia federal e da Polícia Rodoviária Federal.  A polícia contou com o apoio de dois blindados e uma aeronave.

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