Haddad critica falta de parceria com o governo federal na gestão Serra-Kassab em São Paulo

Felipe Amorim

Do UOL, em São Paulo

O candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, criticou a gestão Serra-Kassab ao comentar a recente polêmica com o ex-secretário de Educação e vice de José Serra (PSDB), Alexandre Schneider (PSD, sobre o não envio de verbas do governo federal para a construção de creches na cidade de São Paulo.

“Estamos falando de uma administração que não foi atrás de recursos e não foi só no MEC. Foi em todo o governo Lula e agora no governo Dilma. É uma visão administrativa de que quem ganha a eleição transforma aquilo em propriedade privada [do partido], e a cidade não é propriedade privada”, afirmou Haddad.

Schneider tem afirmado que fez o pedido de verbas ao Ministério da Educação (MEC), pasta comandada por Haddad no governo da presidente Dilma Rousseff e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e diz que se reuniu ao menos uma vez com Haddad, quando este era ministro.

Haddad afirma que o encontro com o secretário municipal foi o único em seis anos à frente do MEC, e que o pedido de verbas deveria ser feito por meio do formulário eletrônico disponível no sistema do MEC.

“Culpar um formulário que mais de 5.000 prefeitos conseguiram preencher é a mesma coisa que culpar a Receita Federal por não ter entregue a declaração [de imposto] de renda porque o formulário é eletrônico”, disse Haddad, em entrevista após a caminhada nas ruas do centro de São Paulo que abriu o primeiro dia oficial de campanha eleitoral.

O tema das verbas federais para as creches em São Paulo repercutiu mais cedo também na campanha de José Serra, que começou a corrida eleitoral com um evento na sede do partido, no centro da cidade.

Ao ser questionado sobre se a prefeitura havia feito formalmente um pedido de verba ao MEC para a construção de creches, Alexandre Schneider respondeu que “a prefeitura já pediu e, mais que isso, a prefeitura recebeu recursos do MEC. Então acho que essa é uma questão menor”. Segundo Schneider, a “questão relevante” sobre o assunto seria comparar quem fez mais creches, numa alusão ao discurso de sua campanha de comparar os números da administração Serra-Kassab e as das gestões anteriores na prefeitura de São Paulo se Marta Suplicy (PT), Paulo Maluf (PP) e Luiza Erundina, hoje no PSB mas que foi prefeita eleita pelo PT.

Gritos de "Maluf envergonha o PT" na caminhada

O primeiro dia de campanha de Fernando Haddad (PT) começou com uma caminhada na tarde desta sexta-feira (6) nas ruas do centro de São Paulo. Acompanhado por uma comitiva que reuniu a militância e lideranças dos partidos que forma a coligação à prefeitura – PT, PSB, PC do B e PP – Haddad foi da Praça do Patriarca à Praça da Sé, onde encerrou com um discurso sobre um trio elétrico.

No início da caminhada, militantes do PT reagiram às críticas sobre a aliança do partido com Paulo Maluf (PP), feitas por um homem que se disse “indignado” pela parceria eleitoral e houve bate-boca. “O Paulo Maluf envergonha o PT. O Maluf é pior que o Serra”, gritava o funcionário público, Fernando Araújo, 32, que se disse um eleitor do PT mas não filiado a nenhum partido político.

Haddad caminhou acompanhado de sua vice, Nádia Campeão (PC do B), sua mulher, Ana Estela, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP), e o vereador Netinho de Paula (PC do B), que retirou sua candidatura para que seu partido indicasse a vice de Haddad.

O candidato do PT ressaltou sua proximidade com o ex-presidente Lula e a presidente Dilma como um dos pontos positivos de sua candidatura, e reforçou a ideia do “novo”, que permeia sua campanha e foi traduzida no slogan: “Um homem novo, para um tempo novo”.

“O candidato da situação já disse o que pretende: dar continuidade à atual administração. A nossa proposta vai ser de mudança, sobre tudo de parceria com o governo federal, de trazer para São Paulo a inovação dos governos Lula e Dilma”, disse o candidato.

Sem Marta e Erundina no início

A deputada federal Luiza Erundina (PSB), que desistiu de ser a vice de Haddad após o PT selar o apoio do PP do deputado federal Paulo Maluf (SP), não participou da caminhada, assim como a senadora Marta Suplicy (PT-SP), preterida de ser a candidata petista em São Paulo pela preferência do presidente Lula, presidente de honra do partido, sobre Haddad.

Haddad, que homenageou em seu discurso tanto Marta quanto Erundina, afirmou que a deputada do PSB não compareceu ao evento pis estava em Brasília, e disse que iria se reunir em breve com ela para receber propostas para seu plano de governo e ter reforçado o apoio da deputada à sua candidatura.

Sobre a ausência de Marta e uma eventual participação da senadora na campanha, Haddad afirmou que respeita “muito a postura da prefeita [Marta]” e que possui “muito orgulho de ter participado de sua administração”, disse o candidato petista.

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