Segundo colocado na última pesquisa Datafolha, com 24% das intenções de voto, o pré-candidato do PRB à Prefeitura de São Paulo, Celso Russomanno, não terá mais, a partir desta sexta-feira (29) --quando vai ao ar na rede Record o último quadro ‘Patrulha do Consumidor’ com sua participação--, um palanque eletrônico de 36 minutos semanais.

No quadro, que é veiculado dentro do programa 'Balanço Geral', o ex-deputado já criticou a administração do prefeito Gilberto Kassab (PSD), que pretende suceder. Na edição veiculada na segunda-feira (25), Russomanno apontou problemas na conservação do estádio Paulo Machado de Carvalho, o Pacaembu, e disse que “é um estádio do governo, e a prefeitura deveria cuidar”.

Em março, o jornalista criticou o Metrô --administrado pelo governo estadual, de Geraldo Alckmin (PSDB), que apoia o pré-candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo, José Serra-- por estar com o elevador que garantia o acesso de cadeirantes à estação Ana Rosa quebrado. Russomanno acionou a PM (Polícia Militar). O ex-deputado classificou o problema como "crime".

A partir de agora, Russomanno ficará quase 50 dias longe das telas, até o início da propaganda eleitoral na TV, dia 21 de agosto.

O pré-candidato disse ao UOL que esta ausência não fará diferença em sua campanha. “Imagem se constrói ao longo dos anos. São 22 anos de defesa do consumidor. Não é o programa que me dá a preferencia da população ou você acha que quando eu sair do ‘Patrulha’ o eleitorado vai me esquecer?”, indaga.

Para o cientista político Bolívar Lamounier, do instituto Augurium, é “provável que a candidatura de Russomanno desinfle". "Não se sabe se ele [Russomanno] terá estrutura partidária para sustentar esse crescimento continuado. Além disso, quando sair do seu palanque na Record, terá bem menos tempo de campanha na TV do que o PT ou o PSDB.”

Quando a propaganda eleitoral na TV começar, Russomanno vai ter cerca de 2min20s, já contados os 50 segundos que vieram da aliança firmada nesta quinta-feira (28) com o PTB, que  terá o advogado Luiz Flávio Borges D'Urso (PTB-SP) como candidato a vice-prefeito na chapa de Russomanno.

O tempo do ex-deputado, no entanto, é inferior ao do petista Fernando Haddad (7min40s), do tucano José Serra (7min50s, já contando com o tempo integral do PSD concedido pelo STF) e do peemedebista Gabriel Chalita (4min30s).

“Uma campanha publicitária de sucesso não precisa de mais do que 30 segundos. É nessa linha que vou usar meu tempo de TV”, afirmou o pré-candidato.

Francisco Fonseca, professor de ciência política da FGV-SP (Fundação Getúlio Vargas de São Paulo), afirma que o ex-deputado "está se projetando como uma terceira via em São Paulo, numa eleição onde a tendência é que haja uma polarização entre o PT e o PSDB". "Aparentemente ele foi o beneficiário do embate de José Serra contra Fernando Haddad.”

A Record optou por deixar Russomanno no ar até o prazo limite permitido pela Justiça Eleitoral, que vence junto com a data para as convenções partidárias, no sábado (30).

Horário eleitoral gratuito

Russomanno diz que o pouco tempo na propaganda eleitoral gratuita não será problema. O ex-deputado afirma que "Fernando Collor ganhou a eleição com um minuto e pouco de propaganda eleitoral".

"O Enéas com meio minuto foi o [deputado federal] mais votado do país.”

“Acharam que o quadro político iria mudar com a entrada do ex-presidente Lula na campanha e na verdade o que houve foi um crescimento meu. Agora novamente apostam que vou cair nas pesquisas. Mas continuarei trabalhando”, diz Russomanno.

Tempo no ar

Apenas no mês de junho, o pré-candidato do PRB ficou aproximadamente 120 minutos no ar, levando em conta também participações em outros programas da Record, que é controlada pela Igreja Universal do Reino de Deus, da qual o PRB é espécie de braço político.

Seu crescimento nas pesquisas coincidiu com a estreia na emissora, em dezembro de 2011.

Segundo dados do Datafolha e do Portal R7, Russomanno foi citado ou apareceu na Record 51 vezes entre 1º de maio e 27 de junho, sendo que oito foram na condição de pré-candidato. Fernando Haddad foi citado 13 vezes, e José Serra apenas cinco.

O "Balanço Geral" costuma marcar dez pontos de média no Ibope, por vezes liderando a faixa de horário na qual é exibido. Cada ponto do Ibope representa cerca de 60 mil domicílios na capital paulista.

 

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