"Mais linhas de ônibus só iriam engarrafar a cidade", diz Serra em debate sobre metrópoles

Maria Denise Galvani

Do UOL, em São Paulo

  • Divulgação/Insper

O ex-prefeito e pré-candidato à Prefeitura de São Paulo pelo PSDB José Serra defendeu nesta quinta-feira (28) o transporte sobre trilhos e obras viárias no entorno da cidade como soluções para o trânsito da capital paulista.

Ele e Manuela D´Ávila, deputada federal e pré-candidata do PC do B em Porto Alegre, foram convidados pelo Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa), a debater o livro "O Triunfo das Cidades", do economista americano Edward Glasser. Na mesa redonda, os dois levantaram poucos pontos de discordância ao comentar os potenciais e problemas das grandes metrópoles.

"Discordo de Glasser quando ele fala em investimentos em ônibus. Em São Paulo, mais linhas de ônibus vão engarrafar a cidade", disse Serra. Como alternativas, ele defendeu obras viárias visando a "desafogar" o centro da cidade, como o Rodoanel, em São Paulo, e também a ampliação do metrô e trens urbanos na capital paulista. "O aumento do número de passageiros é natural e não têm outra solução senão continuar investindo", afirmou Serra.

Serra também descartou a implantação de pedágio urbano para reduzir o número de carros particulares em circulação no centro. "Se um prefeito fizer isso em São Paulo, vai ter impeachment", disse.

Creches

Como sua principal meta para um mandato como prefeita, Manuela citou a universalização do Ensino Infantil em Porto Alegre. "O déficit de creches atual é um crime contra o desenvolvimento humano, quando já se conhece a importância da educação infantil para o desenvolvimento das crianças", disse Manuela.

Sobre o déficit do Ensino Infantil em São Paulo, Serra minimizou desentendimentos com a burocracia do governo federal apontado por reportagem da Folha de S. Paulo (fechada para assinantes da Folha ou do UOL) nesta segunda (SP). "Construir prédio é o menor dos problemas. O problema em São Paulo é que a demanda cresceu conforme construímos mais creches: o número de crianças matriculadas aumentou de 60 mil para 200 mil desde 2004", declarou.

Gestão descentralizada e Orçamento Participativo

Manuela defendeu a modernização da gestão da prefeitura em Porto Alegre com instrumentos digitais. "Hoje já se fala no 'fechamento virtual' das cidades, com o controle de todos os serviços e indicadores de cada região. Funcionaria como um 'Four Square' da cidade, onde você pode fazer um 'check in' dizendo onde tem problema de transporte, de coleta de lixo, por exemplo", disse.

Ela e Serra divergiram quanto a modelos de descentralização da gestão -- especialmente sobre o orçamento participativo, implantado e popularizado pelo PT em Porto Alegre. "O orçamento participativo é como pescar num aquário. As grandes discussões do orçamento são feitas na Câmara, em qualquer lugar", disse Serra.

Questões nacionais

Enquanto Manuela se concentrou em assuntos que devem aparecer na campanha em Porto Alegre, Serra falou também de temas nacionais durante o debate -- sobraram críticas ao "modelo de crescimento" brasileiro e até críticas ao Mercosul nas intervenções do ex-prefeito.

Como entraves à gestão de São Paulo, Serra citou também problemas de ordem federal. "São Paulo sai prejudicada pelas distorções do Fundo de Participação dos Municípios e pela subrepresentação no Poder Legislativo. Esses dois fatores enfraquecem muito a gestão das metrópoles", afirmou.

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