Serra e Haddad polarizam comentários nas redes sociais; mais da metade dos pré-candidatos é alvo de críticas

Maria Denise Galvani

Do UOL, em São Paulo

Os pré-candidatos à Prefeitura de São Paulo pelo PSDB, José Serra, e pelo PT, Fernando Haddad, polarizam os comentários sobre a corrida eleitoral paulistana em redes sociais, conforme estudo encomendado pela empresa Scup, especializada em monitoramento de internet.

São Paulo: Os pré-candidatos mais comentados nas redes sociais

O levantamento isolou posts sobre os cinco pré-candidatos na corrida eleitoral paulistana mais mencionados no Twitter, Facebook, Google Notícias e em blogs das plataformas Wordpress e Blogger. Foi analisada uma amostra de 12,5 mil postagens de um universo total de mais de 30 mil menções, entre os dias 1º e 15 de abril deste ano.

De acordo com o levantamento, Serra e Haddad são mencionados quase com a mesma frequência nas redes sociais analisadas: em 38% e 37% do total de comentários. Chalita, Netinho e Soninha dividem o restante das menções.

 

O estudo também classificou o teor dos comentários em "positivo", "negativo" ou "neutro" em relação ao pré-candidato mencionado. A conclusão foi que Serra, Netinho de Paula (PCdoB) e Soninha Francine (PPS) receberam mais comentários negativos, enquanto Haddad e Chalita têm mais postagens classificadas como neutras. Veja os resultados abaixo.

A analista de mídia social responsável pelo estudo, Mariana Oliveira, afirma que esse tipo de pesquisa é um bom termômetro da imagem dos candidatos e já foi usado por muitas campanhas para definir estratégias de marketing direto.

“Nas redes sociais, o eleitor dá insights sobre o que precisa ser respondido ou reforçado na campanha. É como uma pesquisa qualitativa – e de graça, ainda por cima, feita pela equipe do candidato”, diz Oliveira.

Arma de campanha

O sociólogo Sérgio Amadeu da Silveira, pesquisador do tema e membro do CGIbr (Comitê Gestor da Internet no Brasil), diz que as redes sociais podem ser “fulminantes” na campanha política porque notícias e denúncias podem tomar proporções muito maiores com a repercussão na Internet.

“Principalmente em cidades grandes ou verticalizadas, onde a campanha não acontece tanto na rua, a opinião pública acaba se formando pela Internet”, afirma Amadeu.

Por esse motivo, segundo ele, são poucos os candidatos que ignoram o espaço das redes sociais. A maioria prefere usar perfis virtuais apenas para distribuir material de campanha, mas alguns já olham para os comentários na Internet com um elemento para definir estratégias de marketing.

“Um candidato não pode falar ‘Twitter não me atinge’, porque afeta a imagem dos políticos, sim. Ataques podem acontecer, vão acontecer, e os candidatos têm que estudar melhor como responder”, diz Amadeu.

Alcance dos comentários sobre os pré-candidatos no Twitter*

  • *Alcance dos 15 perfis que mais mencionam o pré-candidato, em número de seguidores no Twitter

Outro lado

Procurados pelo UOL, os pré-candidatos comentaram os resultados do estudo por meio de suas assessorias.

"A única conclusão que emerge da pesquisa é a alta relevância de Serra nas redes sociais. Ele foi vanguardista em seu uso e é o político brasileiro mais identificado com elas”, diz a nota da assessoria de José Serra, que ainda destacou que o pré-candidato tem “quase um milhão de seguidores no Twitter”

Bater boca com internauta é estratégia errada, diz analista

A assessoria de Fernando Haddad disse que as redes sociais, principalmente Twitter e Facebook, terão atenção especial durante a campanha.

“Com relação ao estudo, ele foi feito num momento de pré-campanha, quando há pouca divulgação sobre a eleição municipal de outubro. Esse quadro sofrerá mudanças na medida em que haja maior conhecimento do público sobre Fernando Haddad e sua trajetória”, diz a nota.

Em nota, a assessoria de imprensa de Netinho afirma que “nem tudo que está nas redes sociais é a verdade”.

“As redes sociais expressam opiniões progressistas como também as opiniões mais conservadoras e preconceituosas, sendo um espaço plural que, ao mesmo tempo em que democratiza as ideias e opiniões, preserva a identidade de indivíduos e grupos dos mais diversos interesses, inclusive escusos como racistas, homofônicos e pedófilos”, informa o texto enviado pela assessoria de Netinho.

Em nota, Soninha Francine disse ter se surpreendido com a repercussão negativa de um comentário irônico sobre Demóstenes Torres e disse que sabe ter mais menções negativas do que positivas nas redes.

"Uma das razões é bastante mensurável: os tuiteiros governistas ou simpatizantes (...) são muito numerosos, muito mais organizados e muito, muito atuantes. Como eu sou de oposição, eles têm uma simpatia toda especial por mim... O mundo das redes sociais é como briga de torcidas organizadas: tem muita visibilidade, faz muito barulho, mas representa um pedaço bem delimitado da população, e não ela toda."

A equipe de Chalita não comentou o estudo, mas informou que durante a campanha uma equipe deve ser destacada para a interação nas redes sociais:

“Antes, falava-se muito da importância do cabo eleitoral em uma campanha. Ele continua importante, mas há outros mecanismos de chegarmos ao cidadão como Facebook, Twitter e blogs. Pretendemos ampliar nossa atuação na internet."

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