Ex-presidente da Câmara é eleito prefeito para mandato-tampão

Maurício Simionato

Do UOL, em Campinas

O prefeito em exercício de Campinas (93 km de São Paulo) e ex-presidente da Câmara, Pedro Serafim (PDT), foi eleito nesta terça-feira (10), com 22 votos de vereadores, para governar a cidade no “mandato-tampão” que vai até o dia 31 de dezembro deste ano.

Serafim foi escolhido por meio de uma eleição indireta na qual apenas os vereadores votaram. O pedetista toma posse nesta quinta-feira e passará o cargo para o prefeito que for eleito em outubro, pelo voto popular. Ele administrava provisoriamente a cidade desde o final de dezembro do ano passado, depois que o prefeito e o vice foram afastados por acusações de irregularidades.

O principal opositor de Serafim nas eleição indireta, o vereador Arly de Lara Romêo (PSB), teve cinco votos. O candidato Antonio Francisco “o Politizador” dos Santos (PMN), também vereador, teve apenas o próprio voto.

Já o último candidato, o procurador da prefeitura José Ferreira Campos Filho (PRTB), não obteve nenhum voto. Cinco vereadores se abstiveram.

Logo após ser eleito, Serafim disse em entrevista que sua principal tarefa é realizar “um choque de gestão” para colocar “a casa em ordem”. “Fizemos um plano de gestão e estava aguardando o fato de ser eleito ou não”.

“Choque de gestão é administrativo. Vamos nos valer de algumas auditorias”, disse.

Serafim afirmou ainda que havia uma incerteza do resultado e que vai respeitar os vereadores que não votaram nele nas eleições indiretas.

Durante seu discurso, antes da votação, Serafim destacou a crise política que a cidade vive após as denúncias de corrupção feitas pelo Ministério Público e que atingiram o alto escalão do governo de Dr. Hélio, que é do mesmo partido de Serafim e administrava a cidade.

O plenário da Câmara estava lotado durante a votação. Um grupo de pessoas furou a proibição de entrar no local com cartazes e exibiu dizeres como: “Vocês [vereadores] não nos representam”.

Entenda

A escolha do novo prefeito esteve na mão da Câmara Municipal pela primeira vez na história da cidade de 1,1 milhão de habitantes. A eleição indireta aconteceu quase um ano após o início de um dos maiores escândalos políticos municipais, que culminou na cassação do prefeito e do vice de Campinas. 

A eleição foi necessária por causa da chamada “dupla vacância” do cargo de prefeito. O prefeito Hélio de Oliveira Santos, o Dr. Hélio (PDT), teve o mandato cassado em agosto passado pela Câmara. O então vice-prefeito, Demétrio Vilagra (PT), assumiu o cargo, mas foi cassado em dezembro pelos vereadores.

Em maio do ano passado, o Ministério Público deflagrou uma operação que resultou na denúncia de um suposto esquema de fraudes e corrupção que envolveu o alto escalão do governo do então prefeito Hélio de Oliveira Santos, o Dr. Hélio (PDT), que havia sido reeleito em 2008 com 69% dos votos.

Após a cassação de Dr. Hélio, Demétrio Vilagra tomou posse, mas também enfrentou uma Comissão Processante. Acabou afastado, retomou o cargo por quatro meses por meio de uma liminar, mas acabou sofrendo o impeachment da Câmara em dezembro do mesmo ano.

Tanto o petista quanto Dr. Hélio negaram o envolvimento no suposto esquema. Ambos recorreram e ainda aguardam decisões da Justiça que possam reverter as suas cassações.

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