Para evitar desgaste, oposição não reclama de obras em Curitiba

Rafael Moro Martins

Do UOL, em Curitiba

Os dois principais adversários de Luciano Ducci (PSB) na disputa pela Prefeitura de Curitiba criticam o que chamam de “uso da máquina” na pré-campanha eleitoral, mas não pretendem questioná-la na Justiça. O temor é de que a população veja neles um entrave a obras que melhoram a cidade.

“Por enquanto, não pretende tomar atitudes. O que cobro é uma fiscalização do Ministério Público Estadual e Eleitoral, além da Justiça Eleitoral. É [um caso de] interesse público, não apenas uma disputa partidária”, afirma o ex-deputado federal Gustavo Fruet (PDT).

“Quem tem de tomar medidas, caso elas caibam, é a Justiça Eleitoral, o Ministério Público. Do contrário, dá a impressão de que queremos atrapalhar o desenvolvimento da cidade. Obras são sempre bem-vindas, o que se lamenta é a maneira como elas são deixadas para o período pré-eleitoral”, diz o deputado federal Ratinho Junior (PSC).

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Fruet, que até o ano passado era um dos principais nomes do PSDB --partido liderado no estado pelo governador Beto Richa--, mudou para o PDT para concorrer à Prefeitura de Curitiba. Apesar de ter o nome lembrado na maioria das pesquisas realizadas até então, ele via os tucanos inclinados a apoiar Ducci, que foi vice-prefeito e é aliado fiel de Richa.

Sem nunca ter disputado uma eleição majoritária herdou a prefeitura após Richa renunciar ao cargo, em 2010, para concorrer ao Palácio Iguaçu--, Ducci ainda é pouco conhecido da população

“O prefeito trabalha muito para criar identidade, mas acaba por se exceder. O aumento aos servidores, por exemplo, é importante, mas provoca desequilíbrio entre carreiras sem precedentes”, argumenta Fruet.

“Recentemente, a prefeitura deu aumento diferenciado para médicos, mas não para dentistas. Diminuiu a carga horária de enfermeiros, mas não de outras carreiras da saúde. Tudo isso terá que ser reajustado pela próxima gestão”, criticou o pedetista.

Fruet também questiona um site (www.prefeituraemacao.com.br) criado pela prefeitura para anunciar obras. “As cores dele, e das propagandas de tevê, são as do partido do prefeito (vermelho e amarelo)”, disse.

“Todo o planejamento é feito a curto prazo, com vistas às eleições”, disse Ratinho Junior. Filho do apresentador de televisão do SBT, foi reeleito deputado federal em 2010 com a maior votação do Paraná e sexta maior do Brasil. Desde então, é potencial concorrente à prefeitura, e diz que sua candidatura é “irreversível”.

“Isso é fruto da reeleição, que aprofundou o uso da máquina na pré-campanha e na campanha”, afirmou. “Em Curitiba, vemos até a postergação de inaugurações de obras prontas para o período próximo às convenções eleitorais, como o caso de um conjunto do Minha Casa, Minha Vida que já está pronto mas só tem a solenidade de entrega marcada para junho.”

Oposição

Líder da oposição na Câmara Municipal, Jonny Stica (PT) vê o acúmulo de obras como uma “medida populista”. “Deveria se planejar a distribuição ao longo dos quatro anos de gestão, até para se evitar problemas no trânsito, como estamos vendo. Ainda que a prefeitura aposte num eleitor de memória curta, eu acredito que o curitibano hoje está mais crítico”, diz o vereador.

Principal adversário do PSDB no plano nacional, o PT briga internamente sobre uma candidatura para a prefeitura de Curitiba.

O deputado federal Dr. Rosinha e o deputado estadual Tadeu Veneri (ambos de correntes mais à esquerda do PT) pleiteiam a indicação. Mas o corrente majoritária do partido, dos ministros Paulo Bernardo e Gleisi Hoffmann, comanda o partido no Estado e trabalha para que a legenda apoie Gustavo Fruet.

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