02/11/2010 - 23h59

PT e PMDB negociam revezamento na presidência da Câmara

Maurício Savarese
Do UOL Eleições
Enviado a Brasília

Em um sinal público para acalmar peemedebistas incomodados pelo distanciamento com a presidente eleita Dilma Rousseff, os presidentes do PT, José Eduardo Dutra, e do PMDB, Michel Temer, acenaram na noite desta terça-feira (2) com um rodízio dos partidos na presidência da Câmara entre 2011 e 2015. Os dois levarão a proposta a seus aliados, mas “apenas em um segundo momento”, como disseram, será decidido quem ficará com o cargo no biênio que inicia em 2011 e quem virá em 2013.

O anúncio do compromisso foi feito após convite de Temer para receber o petista na casa da presidência da Câmara, ocupada pelo vice-presidente eleito. “O protocolo de intenções é para que haja um biênio para o PT e outro para o PMDB”, afirmou o peemedebista. “Mas não sabemos ainda as bases em que esse protocolo se estabelece.” Dutra referendou o acerto: “A decisão sobre quem ocupará qual biênio não é para este momento, é para um segundo momento. Mas a ideia é essa”, disse.

Os principais pré-candidatos ao cargo são os deputados Eduardo Henrique Alves (PMDB-RN) e Cândido Vaccarezza (PT-SP). Dutra indicou que as “conversas iniciais” também servem para evitar uma disputa entre os donos das duas maiores bancadas na Câmara –são 88 petistas e 79 peemedebistas. “Vamos trabalhar para que cheguemos a uma solução”, disse o presidente do partido de Dilma, que, mais cedo, não descartou que o PMDB mantenha as presidências da Câmara e a do Senado.

 Entre 2007 e 2009, o PT teve o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (SP), apesar de não ter a maior bancada da Casa. Hoje, a função é de Temer, que tem outro colega na presidência do Senado, José Sarney (AP). A tradição no Congresso até esta legislatura impedia o mesmo partido de ocupar os dois principais cargos ao mesmo tempo.

Os presidentes dos partidos disseram ainda que na segunda-feira (8) deve iniciar o trabalho da equipe de transição, composta por eles dois e pelo secretário-geral do PT, José Eduardo Cardozo, o deputado federal Antonio Palocci (PT-SP) e técnicos indicados pelos partidos. Os representantes do governo que trabalharão com os aliados de Dilma ainda não foram indicados, mas um dos nomes mais fortes para participar da empreitada é o do ministro do Planejamento, Paulo Bernardo.

 “Sem intrigas”

 No primeiro dia de Dilma Rousseff como presidente eleita, apenas petistas se reuniram com a sucessora do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Peemedebistas, como o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), insinuaram insatisfação pela ausência de membros do partido nas conversas. Também para diminuir o incômodo da véspera, Dutra visitou Temer, incluído mais cedo na equipe de transição. O vice-presidente eleito minimizou eventuais problemas entre os aliados.

 “Quando há queixa, ela é isolada. Você não vê as lideranças do partido reclamando”, disse. “O PMDB vai colaborar. Ninguém vai criar dificuldades e ninguém vai criar intrigas entre PT e PMDB.” Temer também evitou citar pleitos do partido na futura administração, como ampliar o número de ministérios sob seu comando – hoje são seis pastas.

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