01/11/2010 - 15h00

Relembre a campanha que elegeu Dilma a primeira presidente do Brasil

Do UOL Eleições
Em São Paulo

Após quatro meses de uma campanha em que temas morais e religiosos ofuscaram propostas concretas sobre temas importantes à nação, Dilma Rousseff foi eleita a primeira presidente da história brasileira. A candidata petista derrotou o tucano José Serra em um segundo turno em que a abstenção superou os 20 milhões de eleitores.

Na comparação com o primeiro turno, Serra conseguiu reverter o resultado favorável à petista no Rio Grande do Sul e no Espírito Santo. Na primeira etapa da eleição, Dilma havia vencido em 18 Estados, Serra levou em oito, e Marina Silva (PV) foi a mais votada no Distrito Federal. No segundo turno, as urnas abertas deram a petista como vitoriosa em 15 Estados e no Distrito Federal, com o tucano vencendo em 11 Estados.

Governabilidade

Dilma deverá ter mais facilidade para aprovar projetos do governo do que o seu antecessor, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Diferentemente do que ocorreu nos oito anos de Lula na Presidência da República, os partidos da base governista possuem ampla maioria no Congresso Nacional.

Na Câmara dos Deputados, o maior partido será o PT, com 88 cadeiras, cinco a mais do que na atual legislatura, de acordo com levantamento feito pelo Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar). Na sequência, aparece o PMDB, com 79 parlamentares, contra os 89 atuais. No Senado, a banca governista terá 59 parlamentares.

Mulheres no poder

Com a vitória, Dilma se junta ao modesto rol de mulheres que chegaram aos mais altos cargos políticos no mundo. Ainda hoje a presença de homens no poder é mais do que cinco vezes maior do que a de mulheres.

“As mulheres continuam subrepresentadas em parlamentos nacionais, nos quais apenas 17% das cadeiras, em média, são ocupadas por mulheres. A participação de mulheres nos ministérios também está em 17%, em média”, afirma o relatório da ONU “The World’s Women 2010”, publicado no último mês.

Essa participação é ainda menor quando se consideram os cargos máximos de direção política: chefia de governo e chefia de Estado. De acordo com levantamento do UOL Notícias, há pelo menos 19 mulheres ocupando tais cargos atualmente. Se considerarmos apenas as 191 nações reconhecidas pela ONU, as mulheres ocupam os cargos máximos em cerca 10% dos casos.

A vitória

Em seu primeiro pronunciamento após ser eleita, Dilma disse que, no seu governo, vai continuar "batendo à porta" do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ela, que não costuma expressar publicamente seus sentimentos, falou de alegria e emoção e citou aspectos de sua relação com Lula.

“Convivendo nesses anos todos com ele, me deu a exata dimensão do governo justo e do líder apaixonado por seu país e por sua gente. A alegria que sinto hoje pela vitória se mistura pela emoção de sua despedida”, disse ela, emocionada. “Sei que um líder como Lula nunca estará longe do povo e de cada um de nós.”

A presidente eleita também lembrou a importância da eleição de uma mulher ao mais alto cargo da nação. "Eu gostaria muito que os pais e as mães das meninas pudessem olhar hoje nos olhos delas e dizer: sim, a mulher pode", afirmou. "Recebi, de milhões de brasileiros e brasileiras, talvez a missão mais importante da minha vida, e esse fato, para além da minha pessoa, é uma demonstração do avanço democrático do Brasil, porque pela primeira vez uma mulher presidirá o Brasil", disse.

A derrota

O candidato derrotado à Presidência, José Serra (PSDB) afirmou em seu primeiro discurso após o resultado da eleição que “a luta continua”, recitou o hino nacional e se emocionou ao dizer que sua mensagem de despedida "não é um adeus, mas um até logo".

“Para os que nos imaginam derrotados, nós apenas estamos começando uma luta de verdade. Nós vamos dar nossa contribuição ao país com partidos da nossa frente, como indivíduos, parlamentares e governadores. Minha mensagem de despedida neste momento não é um adeus, mas um até logo. A luta continua. Viva o Brasil", disse o tucano.

A derrota do PSDB deve gerar um movimento de reformulação e uma busca de novos caminhos. Segundo o governador de São Paulo, Alberto Goldman, o partido deve começar a buscar novas alianças e até possíveis fusões.

Sem especificar com quais partidos os tucanos poderiam se aliar ou se fundir, Goldman afirmou que o PSDB precisa se organizar e se reestruturar para ser mais “combativo” durante o futuro governo Dilma do que foi na gestão Lula.

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