31/10/2010 - 19h00

Regulamentação e infraestrutura devem ser focos do novo governo para banda larga

Juliana Carpanez
Editora do UOL Tecnologia

Um estudo divulgado em encontro de telecomunicações e tecnologia Futurecom, em São Paulo, indica que o atual cenário da banda larga móvel no Brasil não conseguiria atender à demanda de um evento como a Copa do Mundo de 2014. Outra pesquisa, esta uma parceria da Cisco com a universidade de Oxford, afirma que a qualidade de conexão da internet brasileira ainda está abaixo da média. Assim, na área de tecnologia, o próximo governo terá como desafio colocar o país no cenário das nações que oferecem serviços de qualidade para seus internautas, além de aumentar a quantidade de pessoas conectadas.

Para especialistas ouvidos pelo UOL Tecnologia, dois caminhos que podem ser tomados para isso são reforçar a atuação da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) e criar condições para que as operadoras possam expandir suas redes. A seguir, você confere o cenário atual da banda larga fixa, da móvel e também sugestões de especialistas sobre como essas áreas podem se desenvolver.

Banda larga fixa

O PNBL (Plano Nacional de Banda Larga) é uma declaração de intenções do governo, que tem como objetivo a expansão do acesso à internet de alta velocidade fixa em todo o país. Só neste ano, a meta é que a internet chegue a cem cidades ainda desconectadas.

Para Eduardo Tude, presidente da consultoria Teleco, um dos principais desafios do governo, por meio desse plano, é o incentivo à construção de infraestrutura. "Deve haver um fortalecimento da Anatel para que a entidade crie condições de investimentos para a iniciativa privada."

Para Eduardo Parajo, da Abranet (Associação Brasileira dos Provedores de Acesso, Serviços e Informações da Rede Internet), é preciso ainda que o compartilhamento de infraestrutura, previsto da Lei de Telecomunicações, seja colocado em prática. Isso faria com que mais operadoras pudessem atuar em certas áreas, gerando maior concorrência e, assim, oferecendo melhores preços para o consumidor.

Outro aspecto da banda larga fixa no Brasil é a (baixa) qualidade do sinal contratado. "Você vai a uma padaria e pede uma dúzia de pães. O atendente só lhe dá seis. No mínimo, o cliente lesado reclamará e terá o restante dos pães. No caso da banda larga, isso não acontece. O consumidor paga por um plano e recebe menos", critica Horácio Belfort, da Abusar (Associação brasileira dos usuários de acesso rápido), quanto ao fato de as empresas garantirem apenas uma porcentagem da banda contratada.

Ele sugere que a Anatel, assim como no caso da internet móvel, crie padrões de qualidade para a internet fixa e fiscalize as determinações já existentes no mercado.

Banda larga móvel

O primeiro passo para o crescimento da rede móvel foi dado neste ano, com a abertura de uma consulta pública para a Anatel estabelecer padrões de qualidade da rede 3G no Brasil. O serviço, comercializado há dois anos no país, tem altas taxas de reclamações.

Além da regulamentação da qualidade da rede móvel, é necessário aumentar o espectro de frequências utilizadas pelas operadoras para fornecer o serviço de 3G –atualmente são utilizadas as faixas de 850MHz e 1900/2100MHz. Outro desafio importante, que deve ser encarado no próximo mandato presidencial, é a implementação da rede 4G no Brasil, capaz de transmitir dados a até 100 Mbps (megabits por segundo). A título de comparação, a rede 3G consegue alcançar 21 Mbps, mas os planos vendidos pelas operadoras chegam, no máximo, a 7 Mbps.

A fiscalização das operadoras também é incumbência da Anatel, que pode estabelecer planos de metas de investimento e expansão da infraestrutura da rede das companhias. A melhoria da rede 3G passa, por exemplo, pela expansão dos backhauls (infraestrutura responsável pelo tráfego da rede central até as redes "secundárias"). Numa comparação mais simples, o backhaul faz o mesmo papel das estradas vicinais que chegam às cidades e, quanto mais vias, melhor o fluxo dos veículos (no caso, dos dados).

A alta carga tributária que recai sobre o serviço de internet móvel, em torno de 40%, também desestimula a expansão do setor. "O governo precisa reduzir impostos para tornar o negócio mais atraente. É preciso desonerar quem presta o serviço e quem paga por ele", afirma Ruy Bottesi, presidente da Associação dos Engenheiros de Telecomunicações (AET).

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