31/10/2010 - 19h00

Infraestrutura de aeroportos e taxa de câmbio são gargalos na economia

Anne Dias
Especial para o UOL Eleições

O próximo governo terá um grande nó para desatar. É o gargalo em torno dos aeroportos brasileiros. Além disso, há as questões da guerra cambial e dos gastos públicos.

Para o especialista em aviação, Gilson de Lima, professor da Faculdade de Economia e Admininstração da USP (FEA/USP), o problema no transporte aéreo é grave.

"São Paulo, por exemplo, precisa de um terceiro aeroporto. Congonhas já está saturado. E Guarulhos também não é suficiente", diz Lima. O problema, segundo ele não para por aí.

"O tráfego aéreo deve crescer 20% neste ano. A saturação acontece no segmento de passageiro e de cargas. Essa situação de São Paulo, se repete em Recife, Fortaleza, Salvador", afirma o professor.

No caso de São Paulo, o melhor caminho para ele seria a construção de um terceiro aeroporto. "Estudos mostraram que o local ideal seria em Caucaia do Alto", diz Lima. O aeroporto ficaria numa região situada na altura do km 39 da Rodovia Raposo Tavares.

O problema precisa de uma solução urgente. Lima aponta três eventos internacionais que demandam grande organização do transporte aéreo: Copa do Mundo, Olimpíadas e Expo Mundial.

Para Lima, quanto mais a economia melhora, pior fica a situação dos aeroportos. "As pessoas podem pagar uma passagem aérea em até 12 vezes. E tem até grandes redes de varejo vendendo passagens."

A Azul já vende seus bilhetes em supermercados, que podem ser parcelados em 48 ou 60 vezes. A TAM passou a vender nas lojas da Casas Bahia. O parcelamento é feito em até 12 vezes. Ambas de olho nas classes C e D.

Seria o caso, então, de se pensar na privatização da Infraero? "A privatização de alguns aeroportos poderia acontecer, como ocorreu com alguns terminais rodoviários, como o Tietê, a Barra Funda e o Jabaquara. As próprias empresas interessadas em ampliar os aeroportos poderiam administrá-los", diz Lima.
 
Hoje, a Infraero administra 67 aeroportos e cuida de 97% da movimentação do transporte aéreo de passageiros e carga do Brasil.

Dólar

Executivos do mercado financeiro também levantam uma série de dificuldades para o próximo governo. A queda do dólar é um ponto que preocupa. Para o economista Alexandre Espírito Santo, do escritório de aconselhamento financeiro Way Investimentos e professor de macroeconomia da ESPM/RJ, o que mudaria a trajetória do câmbio seria um ajuste fiscal. "O próximo governo vai ter de fazer ajuste nos gastos", afirma.

O aumento da dívida pública também foi apontado por Mauro Calil, administrador de empresas e educador financeiro, como um gargalo.

"O endividamento da maquina só sobe. Se o governo reduzisse os impostos, ele geraria empregos na iniciativa privada, que iria pagar mais impostos sobre os salários", afirma Calil.

Espírito Santo avalia que a questão fiscal é preponderante para que o governo tenha a confiança do mercado financeiro.

"O governo só consegue resgatar a credibilidade no mercado com o ajuste das finanças públicas. É ponto nevrálgico. Hoje o mercado olha para este assunto com maus olhos".

Outra via para aumentar a credibilidade do governo federal no mercado financeiro é a governança corporativa, ou seja, o nível de transparência das empresas de capital aberto.

"Principalmente da governança das estatais. A transparência delas ajuda a melhorar a imagem do governo federal", afirma Espírito Santo.

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