Por exigência das assessorias de Dilma e Serra, o penúltimo debate antes da eleição presidencial, na Rede Record, não contou com questionamentos de jornalistas. Apenas os candidatos fizeram perguntas. Como se viu, é o pior dos mundos. Sem diálogo, nem contraditório, o encontro tornou-se um espaço para monólogos claramente destinados a aparecer na propaganda eleitoral nos próximos dias.
Um candidato pergunta sobre um assunto, o outro responde sobre o que bem quer. O que já havia ocorrido em outros encontros, tornou-se regra neste debate. Quem assiste tem a impressão que está vendo um diálogo de surdos. Na verdade, é uma estratégia.
Sai-se melhor nesta situação o candidato que se expressar de forma mais clara sobre o assunto que escolheu para falar. Na propaganda eleitoral, o espectador não vai perceber que a resposta de Serra sobre Erenice Guerra ocorreu em resposta a uma questão sobre banda larga, nem que Dilma está falando sobre Paulo Preto em resposta a uma pergunta sobre a Petrobras.
Mais nervosa, Dilma saiu-se pior na tarefa de produzir boas tiradas para o seu programa. Serra estava mais tranquilo, aparentemente, e chegou a ser irônico em algumas situações.O tucano não gaguejou nem cometeu deslizes verbais como a petista.
No modelo de debate sem participação de jornalistas, o papel do mediador se limita a informar o tempo que cada candidato dispõe para responder e replicar. Um papel tão pouco importante que Celso Freitas chegou a deixar o seu púlpito enquanto Dilma respondia para tentar resolver um problema técnico e ninguém notou.
Seria interessante que a lição desta série de debates de 2010 servisse de reflexão para as próximas eleições. Debate, propriamente, quase não houve. Ao espectador, pelo menos, tiveram pouca serventia.