17/10/2010 - 14h21

PV e Marina ficam neutros no 2º turno e não apoiam nem Dilma nem Serra

Diego Salmen
Do UOL Eleições
Em São Paulo

O PV e a candidata derrotada do partido à Presidência da República, Marina Silva, declararam neste domingo (17) sua posição de neutralidade no segundo turno. Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) não receberão apoio do partido nem da ex-ministra do Meio Ambiente, que classificou o posicionamento de "independente".

A decisão foi anunciada em convenção nacional da sigla realizada na manhã de hoje na capital paulista. Marina leu um carta aberta aos candidatos na qual criticou a "dualidade histórica" entre PT e PSDB. Além da senadora, participaram o presidente da sigla, José Luiz Penna, o vice, Alfredo Sirkis, dentre outras inúmeras lideranças verdes que discursaram ao longo do encontro.

Após a leitura do documento, a posição de Marina e da legenda foi respaldada por  88 das 92 pessoas com direito a voto - entre membros da executiva nacional e integrantes de uma comissão composta por pessoas indicadas tanto pela sigla quanto pela presidenciável.

Apesar da decisão, os filiados ao PV estão liberados para declarar apoio ao candidatos de sua preferência inclusive nos Estados. No entanto, o símbolo do partido não pode ser usado em atos de nenhum candidato. Nenhum dirigente poderá falar em nome do partido, apenas como cidadão.

Tucanos e petistas tentaram obter o apoio explícito do partido, mas, na prática, o PV ficou rachado. Estrela do PV, o ex-ministro Gilberto Gil vai votar em Dilma. Outro destaque verde, o deputado federal Fernando Gabeira (PV), candidato derrotado ao governo do Rio, anunciou apoio a Serra. O próprio presidente do PV, José Luiz Penna, havia anunciado antes seu voto no tucano.

"Questões programáticas"

Depois de obter quase 20% dos votos válidos no primeiro turno, a ex-ministra do Meio Ambiente iniciou uma maratona de entrevistas, debates e seminários, defendendo que o apoio fosse concedido com base em "questões programáticas", o que motivou a legenda a apresentar, no último dia 8, um documento para servir de base para conversas com os candidatos.

Intitulado “Agenda por um Brasil Justo e Sustentável”, o programa continha propostas abordando dez temas distintos, da transparência nos gastos públicos à reforma política e ao aumento do investimento na educação, sem esquecer do meio ambiente. A resposta veio menos de uma semana depois.

Na quinta (14), Dilma enviou diretamente a Marina uma carta em que diz que o diálogo com a senadora "tem um significado futuro. Envolve as condições de governabilidade do país". Coordenador nacional da campanha de Serra, Sérgio Guerra enviou na noite de sexta (15) uma carta para o presidente nacional do PV constatando a "grande convergência entre entre o programa de governo do partido e as propostas do PV".

“Não existe uma garantia a priori do que vai ser feito por alguém que chegar ao governo”, afirmou Marina na semana passada, ao comentar sobre a possibilidade de aplicação do programa por quem suceder o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ela é crítica da troca de cargos por apoio político, à qual chama de "velha política".

Ainda assim, o vice-presidente do PV, Alfredo Sirkis, reconheceu as dificuldades em abandonar a prática. “Não que todo mundo do PV tenha essa visão [programática]. Mas hoje ela é, sem dúvida, hegemônica”, afirmou o dirigente na ocasião em que o documento foi lançado.

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