17/10/2010 - 07h00

Dilma e Serra preparam arsenal para confronto duro em debate

Maurício Savarese
Do UOL Eleições
Em São Paulo

Primeiro debate mudou as estratégias

O primeiro debate entre Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) já indicou tom mais belicoso entre os candidatos à Presidência – que viria a se confirmar nas propagandas no rádio e na TV nesta semana. Para o encontro organizado pela RedeTV! e pela Folha de S.Paulo neste domingo (17), as campanhas acumularam mais munição, que deve reverberar no horário eleitoral obrigatório e na mídia nos próximos dias.

A pequena diferença entre os presidenciáveis nas pesquisas de intenção de voto levou a petista e o tucano a ataques calculados. Dilma, que subiu o tom depois de um primeiro turno sem correr riscos, deve concentrar os ataques na gestão de Serra no governo de São Paulo e no período que ele passou no Ministério do Planejamento, quando Fernando Henrique Cardoso ocupava o Palácio do Planalto.

Serra, que conseguiu passe para o segundo turno após a adversária cair nas pesquisas nas últimas semanas, vai martelar as contradições de Dilma, como na questão da liberação do aborto, e as denúncias de tráfico de influência e corrupção na Casa Civil. O caso, que levou à demissão da ministra Erenice Guerra, é apontado por pesquisa do instituto Datafolha como determinante para a queda da rival até 3 de outubro.

“Nós aceitamos o debate como está sendo colocado. Neste domingo não tem como ser diferente, com o acirramento da campanha”, disse ao UOL Eleições o secretário de Comunicação do PT, André Vargas. “O que nos leva à vitória é a proposta. Mas não aceitamos a desconstrução que eles propõem e, por isso, vamos apontar onde vemos problemas na gestão do Serra em São Paulo e no Planejamento.”

Dias depois do primeiro turno, o próprio presidenciável tucano já dizia qual seria a postura até o fim da campanha. "O que está em questão agora não é se é contra ou a favor ao aborto. É a mentira. De repente, diz que é contra por motivos eleitorais. Isso é o que eu acho que está errado. A questão é dizer a verdade, debater valores. A pauta dos serristas vai seguir com o que chamou de “duas caras” da petista.

Anti-Serra
No arsenal da líder das pesquisas de intenção de votos, estão não apenas o tema das privatizações, usado na primeira semana pós 1º turno. Mas também haverá críticas a pontos-chave do tucano, de acordo com petistas. Na área da segurança, o confronto entre policiais civis e militares na região do Palácio dos Bandeirantes, há exatos dois anos, pode entrar na pauta. Na época, Serra culpou o PT pelo confronto.

A saúde, principal bandeira do presidenciável, pode receber críticas por conta da situação dos convênios do SUS (Sistema Único de Saúde) no Estado. Na mesma área, as enchentes que afetaram a capital paulista no início do ano também podem ganhar atenção, por conta das doenças que vitimaram moradores do Jardim Pantanal, bairro pobre da zona leste da cidade.

Aliados de Dilma prometem martelar a denúncia de que um ex-funcionário da Dersa, empresa de estradas paulistas, teria escapado com R$ 4 milhões supostamente destinados de maneira ilegal à campanha tucana, que nega a denúncia. “Nem tudo é caso para a candidata repetir”, afirmou Marco Aurélio Garcia, um dos coordenadores da campanha de Dilma. “Mas até o Jornal Nacional já tratou disso. Não podemos simplesmente deixar passar."

Anti-Dilma
As armas de Serra para tentar virar a disputa são parecidas com as usadas até agora, mas reforçadas. No debate, Serra deve explorar depoimentos contraditórios de Dilma sobre o aborto e sobre o MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra). O escândalo mais recente na Casa Civil também será explorado, assim como o caso do acupunturista da presidenciável que se tornou funcionário do governo federal.

A ideia de que a petista depende da popularidade de Lula para embasar sua campanha também deve ser uma das armas de Serra. “Essa ideia de candidata que não se coloca vai ser dissipada”, afirmou o presidente do PSDB, Sergio Guerra. “A candidata não é Lula, é Dilma. E Serra foi para o segundo turno respaldado por uma base mais sólida. Lula tinha histórico e liderança comprovados, o que Dilma não tem.”

A pesquisa Datafolha divulgada na sexta-feira, indicando cenário inalterado após uma semana de campanha, não mudou a estratégia do presidenciável, que quer "debater valores" com a rival. Aliados do tucano apostam na possibilidade de ele insistir em referências ao debate da TV Bandeirantes para alegar que Dilma está exaltada porque a disputa ficou mais acirrada.

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