Todos falam em “recado das urnas”. E, se existe isso, o recado foi dado por Marina Silva (PV) e sua votação expressiva que tirou a vitória de Dilma Rousseff (PT) no primeiro turno. Essa foi a análise geral que governadores, senadores e deputados da base aliada do governo passaram para a presidenciável em reunião em Brasília nesta segunda-feira (4).
“O eleitor mostrou que quer a continuidade que a Dilma representa com a mudança que a Marina apresentou. Isso tem que ser mostrado por Dilma agora. Foi a mesma coisa com Lula em 2002, quando ele representou a continuidade do Real com a mudança do PT no poder”, analisou o senador eleito pelo Distrito Federal, Cristovam Buarque (PDT).
Já o governador reeleito da Bahia, Jaques Wagner, falou em reforçar a “bandeira ecológica”. “Houve uma paixão por essa nova figura na política nacional que defende o meio-ambiente, tema que não é exclusividade da Marina. Está nos planos da Dilma, e ela tem que mostrar”, opinou.
Para Wagner, não houve erro na campanha petista. “A Dilma emplacou, mostrou personalidade. O erro foi a criação da expectativa que a vitória viria no primeiro turno. Deus e o povo são sábios: tem que dar um pouco mais de trabalho para ganhar”, disse.
Por seu lado, o senador paulista Eduardo Suplicy disse que Dilma tem que falar em “pensamento estratégico de longo prazo” como Marina fez em sua campanha e se dispôs a servir de interlocutor para Marina apoiar a petista. “Eu e a Marina nos comunicamos até por telepatia. Ela esteve 30 anos no PT. Tem afinidade com a gente”, disse o senador.
Sérgio Cabral, governador que se reelegeu no Rio, acredita que o eleitor quer uma mulher no Planalto. “Mais de 60% dos eleitores votaram em uma mulher para a Presidência. Eles querem uma mulher lá.”
Já Marco Aurélio Garcia, assessor especial da Presidência da República para assuntos internacionais, falou em mobilização para vencer. “Temos de transformar a vitória parlamentar e nos Estados em uma vitória da Dilma. Já temos maioria no Congresso e entre os governadores”, disse.
O governador reeleito em Pernambuco, Eduardo Campos, afirmou que faltou responder rápido quando surgiram, nos meios religiosos, os boatos sobre Dilma ser a favor do aborto. “A estratégia inicial foi não responder. Foi um erro. Temos agora de afinar a orquestra para o segundo turno.”
Marcelo Crivella, senador eleito pelo Rio, comentou que até ele, que é bispo licenciado da igreja evangélica Universal do Reino de Deus, perdeu votos com a boataria dos últimos dias. “Por estar em fotos com Dilma, eu também perdi votos. É muito mais fácil perder que ganhar votos nos meios evangélicos. É só um pastor falar que tal candidato é satanista que já era.”