12/09/2010 - 23h11

Análise: "Stand up comedy" de Plínio monopoliza debate

Mauricio Stycer
Crítico do UOL
Em São Paulo

Como um humorista que dispara suas piadas de pé para a plateia, Plínio de Arrruda Sampaio, candidato do PSOL, roubou a cena no debate “Folha/RedeTV!”, realizado na noite de domingo. Com tática semelhante, o candidato socialista já havia sido o protagonista do debate realizado pela Band, no início de agosto.

Irônico, Plínio riu da troca de farpas entre Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB): "Essa sujeirada não me interessa", disse, sentando-se em protesto. Também provocou Dilma mais de uma vez. “Não sei em que país você vive, Dilma”, observou, numa réplica. “Você não respondeu, Dilma”, cobrou em outro momento.

Já Serra, foi chamado de “Zé” por Plínio – uma forma que o candidato tucano utilizou no início da propaganda eleitoral, mas abandonou, depois das críticas recebidas.

Em outro momento que provocou gargalhadas, Plínio não soube responder a uma pergunta de Dilma sobre a Petrobras. “Compra de navios pela Petrobras... Pegadinha... Não sei”, disse o candidato. “Vamos levar a sério este debate”, pediu, antes de fazer outra piada. “Não sou trombudo”.

Até Dilma riu: “Plínio, pensei que estava levantando a sua bola”. Ao que o candidato socialista respondeu: “Presidente não é obrigado a saber tudo. É só chamar o ministro ou o assessor”.

Engessado por regras rígidas, o debate “Folha/RedeTV” só escapou da monotonia nos momentos em que Plínio tripudiou da situação. Os candidatos tinham apenas 30 segundos para formular perguntas e 90 segundos para responder. Seus microfones eram cortados abruptamente quando estouravam o tempo, deixando assuntos no ar.

Na defensiva em vários momentos, Dilma gaguejou e demonstrou nervosismo. Mais agressivo, Serra acabou provocando a única situação em que os organizadores julgaram ter ocorrido ofensa ou calúnia contra outro candidato – uma decisão favorável à candidata petista, que também foi penalizada em sua resposta.

Como ocorreu antes, as limitações impostas pelas regras, sugeridas pelos próprios candidatos, acabam transformando a troca de ideias em discursos de palanque, sem debate, de fato.

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