01/09/2010 - 11h58

Em sabatina, Marina diz que governo Lula viveu oito anos "sob ameaça de apagão"

Do UOL Eleições
Em São Paulo

Em sabatina do jornal “Estado de S.Paulo”, a candidata à Presidência pelo PV, Marina Silva, criticou nesta quarta-feira (1º) o que classificou de falta de planejamento do governo Luiz Inácio Lula da Silva, do qual chegou a fazer parte como ministra do Meio Ambiente. “Estivemos sob ameaça de apagão nos oito anos de governo Lula. Será que é planejamento mesmo ficar com a espada no pescoço?”, questionou.

A crítica foi feita pela candidata ao comentar que acredita ter “indícios políticos” de que não houve a avaliação necessária da atual gestão dos danos sociais da usina de Belo Monte, no rio Xingu, Pará.

“Nós temos um potencial enorme de geração de energia Brasil, solar, eólica, hidroeletricidade, sem falar na biomassa. Mas não dá para continuar fazendo como sempre fizemos, deixando que as questões ambientais e sociais como externalidades ao empreendimento. O projeto tem que ter viabilidade técnica, econômica, social e ambiental. O questionamento a Belo Monte é porque falta a viabilidade social e ambiental”, declarou. “Estivemos sob ameaça de apagão nos oito anos de governo Lula. Será que é planejamento mesmo ficar com a espada no pescoço?”

Outro ponto criticado do governo foi o do anúncio da construção do trem-bala ligando Rio a São Paulo. “O trem-bala daria para dobrar os recursos do Ministério da Educação. É uma questão de prioridade, tem que ver se tem os recursos”, afirmou Marina. ”Entre o trem-bala e a educação de qualidade, eu vou ficar com a educação de qualidade.”

Vazamento na Receita

A candidata do PV também pediu a investigação rigorosa para apuração de suspeitas de vazamento de dados sigilosos de contribuintes pela Receita Federal. "É lamentável a situação a que chegamos. Defendo que seja feita uma investigação rigorosa para que os responsáveis sejam punidos", disse Marina. Segundo ela, a situação é "profundamente lamentável"

Marina disse ainda ser contrária à política externa de Lula nas relações com o Irã. “Acho que a aproximação com o Irã não pode ser criticada, porque é preciso o diálogo, mas acho que foi dada uma audiência desnecessária para um governo que não respeita as liberdades políticas, que não reconhece o Holocausto, que defende a bomba atômica. Essa aproximação é inconveniente porque favoreceu um ditador”, criticou, referindo-se à posição do presidente.

A pevista também afirmou que não se pode fazer um discurso populista sobre o pré-sal, já que o mundo hoje precisa de petróleo. “Os ambientalistas não são um problema para os investimentos, eles são uma solução. O Brasil precisa buscar as melhores tecnologias para a exploração”, disse.

Apesar das críticas, a candidata do PV disse não guardar mágoas em relação ao presidente Lula. “As pessoas tendem a colocar o foco como se fosse uma coisa Dilma versus Marina”, afirmou. Sobre sua saída, disse que teve a ver com a pouca flexibilidade do governo para integrar questões de sustentabilidade nos projetos dos outros ministérios. “A gota d’água foi quando tentaram revogar as medidas de combate ao desmatamento.”

A candidata ainda reforçou a vontade de unir as duas correntes adversárias a ela caso seja eleita. “Eu faço a brincadeira de que para o mundo cor-de-rosa, é só votar na ministra Dilma. E para o mundo ficar azul, basta votar no Serra. Eu diria que o mundo tem muitas matizes”, disse a candidata. “É possível trabalhar pela ideia de um alinhamento político no Brasil. Existe muita gente boa no PT e no PSDB.”

Ainda na questão da segurança, voltou a alfinetar o atual governo. “Se não fizermos uma reforma da segurança, não é fazer um puxadinho, criar mais um ministério. E temos problema de estrutura, também. Os policiais são mal pagos. É um absurdo o que estão ganhando.”

Questionada sobre se a mensagem de seu partido sobre o meio ambiente iria na contramão do desenvolvimento, Marina disse que a economia de energia não compromete o avanço da economia do país. “A mensagem é certa e chega na hora certa”, disse.

Sobre o aborto, Marina afirmou ser contra, mas defendeu um plebiscito para que a população opine sobre o tema. Já sobre a união de pessoas do mesmo sexo, Marina voltou a afirmar que não defende o casamento, em razão da religião, mas que à união civil é favorável. “É o Estado laico que vai se posicionar”, disse.

Marina compareceu acompanhada de seu vice, o empresário Guilherme Leal, do candidato a senador Ricardo Young e do candidato a deputado federal Ale Youssef. Ela afirmou que, com pouco tempo de exposição, agradece sua porcentagem nas intenções de voto, segundo ela, “motivo de comemoração”.

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